POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
PRAYAG SHUKLA
Poeta, escritor de arte e crítica, Prayag Shukla nasceu em Kolkata em 1940. Ele publicou nove livros de poesia, cinco coleções de histórias curtas, três novelas, um livro sobre apreciação de arte, Dekhna e um livro sobre Satyajit Roy, Ek Filmkaar kee Oonchai . Ele editou Drawing-93, Drawing-94, Rang Tendulkar (no dramaturgo Marathi Vijay Tendulkar), Kavita Nadee (um livro de poesia nos rios) e a questão especial Kashi da revista Hindi Kalpana . Ele também escreve para crianças.
Ele traduziu os poetas de Bangla, Jibananda Das e Shankh Ghosh, além do Geetanjali de Rabindranath Thakur em Hindi.
Começando sua carreira em Kalpana , ele também trabalhou nos departamentos de notícias Dinman e Nav Bharat Times . Atualmente ele é o editor do jornal Hindi da National School of Drama, Rang Prasang .
Representante hindi no Iowa Writing Program em 1984, também visitou França, Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia e China.
Seus prêmios incluem o prêmio de tradução da Sahitya Akademi, o Prêmio Kruti da Dilli Akademi e Dwijdev Samman.
POESIA SEMPRE – Ano 17 – Número 34. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional – Ministério da Cultura, 2010. 228 p. 18x26 cm. ilus. Editor Marco Lucchesi. Destaque para a Poesia Híndi contemporânea. Ex. bibl. Antonio Miranda
Sonho
Fez-se noite no meu sonho. Noite de um sono
embargado.
Uma casa já esquecida se avistava.
Depois, uma viela da aldeia.
Passavam ônibus lotados.
E nos degraus rachados de um edifício qualquer,
vi você sentada e melancólica.
0 dia submergindo nas águas.
De súbito, a cena se alterna.
Havia relva seca nos dois lados
da calçada.
0 ferro de passar parou de funcionar.
0 sabonete do comercial de tevê
descorava as roupas.
Os lamentos ressoavam
como nunca dantes haviam.
Chamei, alvoroçado, meus amigos
que entravam alvoroçados no ônibus.
0 ônibus andava entre a neblina.
E eu também, seu passageiro:
a vida a brotar da própria vida.
Na terra
Contemplo, em cada evento,
as gotas de orvalho
caídas sobre a relva, ora viçosa ora murcha,
os pingos da chuva,
o sol e a sombra,
o luar, a escuridão,
as folhas incrustadas na terra,
as árvores circundadas pelos muros de taipa
e os dias e noites incontáveis, assim confinados.
Contemplo, muitas vezes,
as multicoloridas paredes das casas,
o matiz enegrecido das paredes,
e a relva que cresce nos peitoris.
Contemplo, à sombra do crepúsculo.
Caminho, às vezes,
bem rente à terra,
auscultando os objetos.
De outras, da janela de um trem em movimento,
contemplo a chácara, a árvore, a casa, a montanha, o povo
a si mesmo se auscultando.
Aqui
De vez em quando alguém aparece por aqui.
Aqui não há floresta, nem deserto.
Tampouco há frutas ou madeira
para estocagem.
Este lugar fica
entre a serra e o povoado.
Os esquilos pulam de galho em galho o dia inteiro.
Há todo o tipo de formigas e tocandiras.
E montes de folhas secas caídas sobre a terra.
Há folhas viçosas e outras esmaecidas.
Há seixos dispersos por toda a parte.
0 solo é de duas formas:
ressecado em certos lugares; úmido em outros.
0 sol brilha de repente.
E que azul do céu!
Ao passar da nuvem, as coisas mudam de cor.
De novo, o sol ressurge.
As aves cantam e depois se calam.
Algumas produzem sons descontínuos
como quem desperta aos poucos.
Um corvo solta a voz por longo tempo.
E o vento sopra, levando consigo as folhas secas.
Depois, se acalma. E sopra novamente.
Há, também, uma vereda.
Depois de horas e horas, eis que surge alguém.
Reclina-se sobre um tronco e permanece em silêncio.
E logo desperta do recostado
com os sons que o vento traz em sua direção.
Desperta contemplando o azul do céu.
Dormir à noite no telhado
Nas noites de verão, dormimos no telhado
entre miríades de estrelas.
E como cresceram as meninas este ano!
Quantas perguntas!
De volta ao telhado da infância
queremos ver algo.
O tamarindo cresceu imenso e negro.
E a tempestade!
Nossa pequena almofada caiu sobre a escada.
Descemos de volta para casa e caímos no sono.
Os afazeres e as conversas de um dia inteiro
preparam-se para o repouso.
Por longo tempo, não conseguimos dormir.
Minha mulher coloca um unguento
nos seus calcanhares ásperos e sulcados.
Em pouco tempo, todos estaremos dormindo.
Estamos bem distante da rua e dos veículos.
Mas não dos ruídos da noite.
Em pouco tempo, todos estaremos dormindo.
Entre miríades de estrelas.
Página publicada em fevereiro de 2018
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