POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
PIERRE DE RONSARD
Pierre de Ronsard (11 de dezembro de 1524 — 27 de dezembro de 1585) foi um poeta renascentista francês nascido no castelo de La Possonnière, condado de Vendôme, é o principal representante da La Pléiade, grupo de poetas cujos principais modelos foram os líricos greco-romanos e italianos, de grande importância na renovação da literatura francesa. Biografia completa em https://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_de_Ronsard.
TRADUÇÃO
por JOSÉ JERONYMO RIVERA
REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 2,
Número 4, jul./dez., 2020. Brasília. DF: Editora Cajuína,
2020. 139 p. ISSN 2674-8495
SEGUNDO LIVRO DOS AMORES
SONETO
Simples buquê vos mando: minha mão
Nele dispôs estas jóias floridas
Que, se não fossem hoje recolhidas,
Logo estariam caídas no chão.
Seguro aviso estas flores vos dão:
Que vossas graças, ora assim floridas,
Em muito pouco tempo esmaecidas,
Como flore, depressa murcharão.
O tempo foge, o tempo foge, e entanto,
Ai! não o tempo, somos nós, Senhora,
Nós que já vamos para o campo santo...
E da paixão que nos abrasa agora,
Mortos nós dois, quem vai lembrar dela?
Por isso amai-me, enquanto ainda sois bela.
*
Página ampliada e republicada em agosto de 2023.
Extraído de
FRÓES, Heitor F. Meus poemas dos Outros. Traduções e versões. Bahia, 1952. 312 p. "Deste livro foram impresso 1.000 exemplares em papel de qualidade superior e 500 exemplares em papel Westerpost, exclusivamente para subscritores, numerados e rubricados pelo autor." Ex. bibl. Antonio Miranda.
LA VIEILLESSE
(Sonnets à Hélène, XLII)
Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant:
Ronsard me célébrait du temps que fêtais belle.
Lors vous n'aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur a demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s'aille réveillant,
Bénissant votre nom de louange immortelle.
]e serai sous la terre, et fantôme sans os
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,
Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m'en croyez, n'attendez à demain:
Cueillez dès aujourd'hui les roses de la vie.
A VELHICE
(Sonetos para Helena, XLII)
Tradução de Heitor P. Froes
Quando já bem velhinha, à noite, à luz da vela,
Sentada ante a lareira estiveres fiando,
Dirás, ao recordar-me, o coração pulsando:
Ronsard cantou-me em verso, ao tempo em que fui bela'
Já não terás, então, como serva a donzela
Que, ao peso do cansaço às vezes ressonando,
Ouvindo-me invocar despertava, abençoando
O teu nome imortal que meu verso revela.
O corpo sepultado, a alma livre e sem pouso,
À sombra dos mirtais encontrarei repouso;
Tu — do tempo curvada à fatal inclemência —
Chorarás meu amor e teu frio desdém...
Não fiques a esperar pelo dia que vem:
Colhe enquanto inda é tempo as rosas da existência!
ALMEIDA, Guilherme de. Poetas de França. 5ª ed. São Paulo: Babel [211] 223 p. capa dura e sobrecapa. Ex. biibl. Antonio Miranda
Sonnet pour Hélène
Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, deuidant & filant,
Direz chantant mes vers, en vous esmerueillant: Ronsard me celebroit du temps que i'estois belle.
Lors vous n'aurez semante oyant telle nouuelle,
Desia sous le labeur à demy sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s'aille resueillant,
Bénissant vostre nom de louange immortelle.
le seray sous la terre, & fantôme sans os
Par les ombres myrteux ie prendray mon repos:
Vous serez au fouayer une vieille accroupie,
Regrettant mon amour & vostre fier desdain.
Viuez, si m'en croyez, n'attendez à demain:
Cueillez dès auiourdhuy les roses de la vie.
Soneto a Helena
Quando fores bem velha, à noite, à luz da vela,
Junto ao fogo do lar, dobando ofioe fiando,
Dirás, ao recitar meos versos e pasmando:
Ronsard me celebrou no tempo em q fui bella.
E entre as servas então não ha de haver aquela
Que, já sob o labor do dia dormitando, S
e o meo nome escutar não vá logo acordando
E abençoando o esplendor q o teu nome revela.
Sob a terra eu irei, phantasma silencioso,
Entre as sombras sem fim procurando repouso:
E em tua casa irás, velhinha combalida,
Chorando o meo amor e o teu cruel desdém.
Vive sem esperar pelo dia que vem;
Colhe hoje, desde já, colhe as rosas da vida.
REVISTA DE POESIA E CRÍTICA. Ano VI No. 8. Setembro 1982. Diretor responsável: José Jezer de Oliveira. Brasília: 1982.
Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos:
ENVIO-VOS UM RAMO...
Envio-vos um ramo, que esta mão
separou dentre flores expandidas;
não fossem nesta véspera colhidas,
amanhã rolariam pelo chão.
O exemplo, que vos dou, não seja em vão:
vossas galas, embora florescidas,
em breve cairão emurchecidas,
e logo, como flores, findarão.
Senhor, vai-se o tempo, vai fugindo,
ai! não o tempo, nós é que nos vamos,
para tombarmos logo mais dormindo;
destes amores, sobre os quais falamos,
notícia alguma se dará depois:
enquanto sois formosa, amai-me pois.
*
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html
Página publicada em maio de 2021
Página publicada em dezembro de 2017 - ampliada em maio de 2020
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