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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

PAUL ÉLUARD

 

Paul Éluard, pseudônimo de Eugène Emile Paul Grindel (Saint-Denis, 14 de dezembro de 1895 - Charenton-le-Pont, 18 de novembro de 1952), foi um poeta francês, autor de poemas contra o nazismo que circularam clandestinamente durante a Segunda Guerra Mundial.

Participou no movimento dadaísta, foi um dos pilares do surrealismo, abrindo caminho para uma ação artística mais engajada, até filiar-se ao partido comunista francês. Tornou-se mundialmente conhecido como O Poeta da Liberdade.

É o mais lírico e considerado o mais bem dotado dos poetas surrealistas franceses.

Fonte: ver a biografia completa do autor na Wikipedia.

 

POEMAS DE PAUL ÉLUARD

Traduzidos por MANUEL BANDEIRA


PALMEIRAS

As árvores a copa orvalhada de sol
Rotas.  Dou ao meu sol a seiva evaporada.

O sol repousa sobre o mármore das folhas
Como a água do mar no fundo adormecido.
O céu é de um só bloco a terra é vertical
E as sombras das árvores continuam as árvores.

 

EM SEU LUGAR

Raio de sol entre dois límpidos diamantes   
E a lua a se fundir nos trigais obstinados

Uma imóvel mulher tomou lugar na terra
No calor ela se ilumina lentamente
Profundamente como um broto e como um fruto]

Nele a noite floresce o dia amadurece.

 

 

ÉLUARD, Paul  Premièrement.  Primeiramente. Tradução de Márcio Simões.  Natal, RN:Sol Negro,  2014.  69 p.  12x17,5 cm.   Tiragem: 30 exs  confeccionados artesanalmente.   Ex. n. 03 na bibl. Antonio Miranda

O livro pode ser adquirido pela Internet, inclusive diretamente na

http://solnegroeditora.blogspot.com/           

I  

A haute voix
L'amour agile se leva
Avec de si brillants éclats
Que dans son grenier le cerveau
Eut peur de tout avouer.

 A haute voix
Tous les corbeaux du sang couvrirent
La mémoire d'autres naissances
Puis renversés dans la lumiére
L'avenir roué de baisers.
 

Injustice impossible un seul être est au monde
L'amour choisit l'amour sans changer de visage.

  

I

Em alta voz
O amor veloz se elevou
Em tão brilhantes clarões
Que em seu sótão o cérebro
Temeu tudo confessar. 

Em alta voz
Todos os corvos do sangue cobriram
A recordação de outros nascimentos
Depois revertidos à luz
Do porvir arruinado de beijos. 

Injustiça impossível um ser está só no mundo
O amor escolhe o amor sem mudar de rosto.

 

       VII

La terre est bleue comme une orange
Jamais une erreur les mots ne mentent
Ils ne vous donnent plus à chanter
Au tour des baisers de s'entendre
Les fous et les amours
Elle sa bouche d'alliance
Tous les secrets tous les sourires
Et quels vêtements d'indulgence
A la croire toute nue.

Les guêpes fleurissent vert
L'aube se passe autour du cou
Un collier de fenêtres
Des ailes couvrent les feuilles
Tu as toutes les joies solaires
Tout le soleil sur la terre
Sur les chemins de ta beauté.

 

VII

A terra é azul como uma laranja
Jamais um erro as palavras nâo mentem
Nâo lhe dâo mais o que cantar
Em volta dos beijos para ouvir
Os loucos e os amores
Ela seus lâbios de aliança
Todos os segredos todos os sorrisos
E como vestes de perdão
A crerem-na toda nua.

As vespas florescem verde
A aurora se enrosca no pescoço
Um colar de janelas
As asas recobrem as folhas
Tu possuis todas as alegrias solares
Todo o sol sobre a terra
Nas alamedas de tua beleza.

 

VIII

 

Mon amour pour avoir figuré mes désirs

Mis tes lèvres au ciel de tes mots comme un astre

Tes baisers dans la nuit vivante

Et le sillage de tes bras autour de moi

Comme une flamme en signe de conquête

Mes rêves sont au monde

Clairs et perpétuels.

 

Et quand tu n'es pas là

Je rêve que je dors je rêve que je rêve. 

 

        VIII 

Meu amor por ter imaginado meus desejos

Posto teus lábios no céu de tuas palavras feito um astro

Teus beijos na noite viva

E a esteira de teus braços ao redor de mim

Como uma chama em sinal de conquista

Meus sonhos estão no mundo

Claros e perpetuados.

 

E quando não estás

        Sonho que durmo sonho que sonho.

 

Veja também Poema visual de Paul Éluard>>

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/paull_eluard.html 

 

DUAS PALAVRAS:  Uma publicação da Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa. Belo
Horizonte, MG; 1983-   
v. 1- No. 0-Out. 1983-  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

D´une seule caresse
Je te fais briller de tout ton éclat.

 

Com uma só carícia
Te faço brilhar com todo esplendor.

 

  • Tradução de José Américo




 

 

PRIMEIRAMENTE

 

PAUL ÉLUARD

 

PREMIÈREMENT

 

Tradução de Márcio Simões

 

Coedição: Sol Negro Edições / Edições Nephelibata solnegroeditora.blogspot.com / edicoesnephelibata.blogspot.com Natal – RN / Desterro – SC Brasil 2020

 

Uma seleção de poemas.

Ver o restante no livro das editoras acima...

 

 

 

I

 

A haute voix

L’amour agile se leva

Avec de si brillants éclats

Que dans son grenier le cerveau

Eut peur de tout avouer.

A haute voix

Tous les corbeaux du sang couvrirent

La mémoire d’autres naissances

Puis renversés dans la lumière

L’avenir roué de baisers.

Injustice impossible un seul être est au monde

L’amour choisit l’amour sans changer de visage.

 

 

I

 

Em alta voz

O amor veloz se elevou

Em tão cintilantes clarões

Que em seu sótão o cérebro

Temeu tudo confessar.

Em alta voz

Todos os corvos do sangue cobriram

A recordação de outros nascimentos

Depois invertidos na luz

Do porvir corroído de beijos.

Injustiça impossível um ser está só no mundo

O amor escolhe o amor sem mudar seu rosto.

 

 

II

Ses yeux sont des tours de lumière

Sous le front de sa nudité.

A fleur de transparence

Les retours de pensées

Annulent les mots qui sont sourds.

Elle efface toutes les images

Elle éblouit l’amour et ses ombres rétives

Elle aime — elle aime à s’oublier.

 

 

II

 

Seus olhos são torres de luz

Sob a fronte de sua nudez.

Numa flor de transparência

Redemoinhos de pensamentos

Anulam palavras surdas.

Ela esfacela todas as imagens

Ofusca o amor e suas sombras recorrentes

Ela ama – ela ama esquecer-se.

 

 

III

 

Les représentants tout-puissants du désir

Des yeux graves nouveau-nés

Pour supprimer la lumière

L’arc de tes seins tendu par un aveugle

Qui se souvient de tes mains

Ta faible chevelure

Est dans le fleuve ignorant de ta tête

Caresses au fil de la peau

Et ta bouche qui se tait

Peut prouver l’impossible.

 

 

III

 

Os representantes todo-poderosos do desejo

Os olhos graves recém-nascidos

Para extinguir a luz

O arco de teus seios estendido por um cego

Que se recorda de tuas mãos

Tua débil cabeleira

É no rio embasbacado de tua cabeça
Carícias ao longo da pele
E tua boca que se cala
Pode provar o impossível.

 

 

IV

 

Je te l’ai dit pour les nuages

Je te l’ai dit pour l’arbre de la mer

Pour chaque vague pour les oiseaux dans les feuilles

Pour les cailloux du bruit

Pour les mains familières

Pour l’œil qui devient visage ou paysage

Et le sommeil lui rend le ciel de sa couleur

Pour toute la nuit bue

Pour la grille des routes

Pour la fenêtre ouverte pour un front découvert

Je te l’ai dit pour tes pensées pour tes paroles

Toute caresse toute confiance se survivent.

 

 

IV

 

Falei de ti às nuvens

Falei de ti à árvore marinha

A cada onda aos pássaros nas folhas

Às pedras do gemido

Às mãos amigas

Ao olho que se torna rosto ou paisagem

E ao sono que lhe concede o céu de sua cor

A toda a noite bebida

À cancelados caminhos

À janela aberta por uma face descoberta

Falei de ti aos teus pensamentos às tuas palavras

A toda carícia toda confiança que perduram

 

DUAS PALAVRAS:  Uma publicação da Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa. Belo          Horizonte, MG; 1983-           v. 1- No. 0-Out. 1983- N. 09 838; V.1 –No. 1 - Dezembro 1984

            Ex. bibl. Antonio Miranda

 

L´AMOUREUSE

Elle est debout surmes paupières
Et ses cheveux sons dands les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s´engloutit dans mon ombre
Comme une pierra sur le ciel,

Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s´évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parer sans avoir rien à dire.

 

 

ELA

Está de pé nas minhas pálpebras
E seus cabelos estão nos meus.
Tem a forma de minhas mãos,
Tem a coar dos meus olhos
E se lança em minha sombra
Como uma pedra pelo céu.

Tem sempre os olhos abertos
E não me deixa dormir.
Seus sonhos em plena luz
Fazem evaporar-se os sóis,
Me fazem rir, chorar e rir,
Falar sem ter nada a dizer.


Tradução: Cláudio Nunes de Morais



TEXTO EN FRANÇAIS  -  TEXTO EM PORTUGUÊS

 

ALMEIDA, Guilherme de. POETAS DE FRANÇA. São Paulo: 1936.

                                                                  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

        UNE SEULE PENSÉE

Sur mes cahiers d´écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J´écris ton nom

Sur toutes le pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J´écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J´écris ton nom

Sur la jungle et le desert
Sur les nids sur les genêts
Sur l´echo de mon enfance
J´écris ton nom

Sur les merveilles des nits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J´écris ton nom

Sur tous mes chiffons d´azur
Sur l´étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J´écris ton nom

Sur les champs surl´horizon
Sur chaque bouffée d´aurore
Sur la montagne démente
J´écris ton nom

Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l´orage
Sur la pluie épaisse et fade
J´écris ton nom

Sur les formes schntillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J´écris ton nom

Sur les routes éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places que débordent
J´écris ton nom

Sur la lampe qui s´allume
Sur la lampe que s´éteint
Sur mes maison réunies
J´écris ton nom

Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur nom lit coquille vide
J´écris ton nom

Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J´écris ton nom

Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J´écris ton nom

Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J´écris ton nom

Sur la vitre de surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J´écris ton nom

Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J´écris ton nom

Sur l´absence sans désir
Sur la solitude nues
Sur les marches de la mort
J´écris ton nom

Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l´espoir dons souvenir
J´écris ton nomms

Et par le pouvoir d´un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté.
  

 

TEXTO EM PORTUGUÊS

Tradução de Guilherme de Almeida.

 

UM SÓ PENSAMENTO

Nos meus cadernos de escola
Minha carteira e nas árvores
Nas areias e na neve
Gravo o teu nome

Em cada página lida
Em cada página em branco
Papel pedra sangue ou cinza
Gravo o teu nome

E nas imagens douradas
E nas armas dos guerreiros
Ou na coroa dos reis
Gravo o teu nome

Na floresta e no deserto
E nos ninhos e nas giestas
Nos ecos da minha infância
Gravo o teu nome

Nas maravilhas da noite
Ou no pão branco dos dias
Nas estações em noivado
Gravo o teu nome

Nos meus farrapos de azul
No charco que é sol mofado
No lago que é lua viva
Gravo o teu nome

Nos campos e no horizonte
Nas asas dos passarinhos
E no moinho das sombras
Gravo teu nome

Em cada sopro de aurora
No mar em cada navio
Na montanha desvairada
Gravo o teu nome

No fofo musgo das nuvens
Nos suores da tempestade
Na chuva grossa e enfadonha
Gravo teu nome

Nas formas resplandecentes
Ou no carrilhão das cores
Na simples verdade física
Gravo teu nome

Nos atalhos acordados
Nas estradas desdobradas
Ou nas praças transbordantes
Gravo teu nome


Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
No casario apinhado
Gravo teu nome

Nos meus refúgios destruídos
Nos meus faróis destroçados
Nas paredes do meu tédio
Gravo o teu nome

Na ausência sem mais desejos
Na solidão toda nua
Em cada degrau da morte
Gravo o teu nome

Na saúde que voltou
No perigo que passou
Na esperança sem saudade
Gravo o teu nome

Graças a uma só palavra
Recomeço a minha vida
Nasci para conhecer-te
E chamar-te

Liberdade.

      

*
VEJA e LEIA outros poetas da FRANÇA em nosso Portal de Poesia:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html
Página publicada em junho de 2024

 

Página publicada em março de 2021

 

Página publicada em setembro de 2018; Ampliada em outubro de 2018; ampliada e republicada em junho de 2019; página ampliada em junho de 2020


        


 

 

 
 
 
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