Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

PAUL CELAN

 

Paul Celan (Cernăuţi, 23 de novembro de 1920 — Paris, 20 de abril de 1970), pseudônimo de Paul Pessakh Antschel (em alemão) ou Paul Pessakh Ancel (em romeno[nota 1]) foi um poeta, tradutor e ensaísta romeno radicado na França.

Paul Pessakh Antschel nasceu em Cernăuţi (à época chamada Czernowitz), que fora a capital da província da Bucovina. Até o fim da Primeira Guerra Mundial, a região pertencera ao Império Austro-Húngaro, e, por isso, o alemão, ao lado do romeno, era a principal língua de comunicação da aristocracia cultural de origem judaica, à qual o poeta pertencia e que constituía quase a metade da população da cidade. Entre 1918 a 1939, Czernowitz foi predominantemente uma cidade judia de língua alemã, com uma produção literária expressiva, que se encerrou no fim da Segunda Guerra. Todavia, mesmo algum tempo depois de 1945, ainda predominava ainda a língua alemã. [1] Delan traduziu mais de quarenta poetas, de diferentes línguas, inclusive o português de Fernando Pessoa.

Sobrevivente do Holocausto, Celan é considerado um dos mais importantes poetas modernos de língua alemã.

Nos últimos anos de sua vida, apresentava tendências autodestrutivas, delírio persecutório e episódios de amnésia.

Suicidou-se por afogamento, no rio Sena, em abril de 1970, aos 49 anos.
Fonte da biografia e foto: wikipedia.

 

Extraído de  

POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia – Ano 2  Número 4 – Rio de Janeiro  - Agosto 1994 - Fundação Biblioteca Nacional. ISSN 0104-0626  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Todesfuge

 

 

Schwarze Milch der Frühe wir trinken sie abends
wir trinken sie mittags und morgens wir trinken sie nachts
wir trinken und trinken

wir schaufeln ein Grab in den Lüften da liegt man nicht eng

Ein Mann wohnt im Haus der spielt mit den Schlangen der schreibt

der schreibt wenn es dunkelt nach Deutschland dein goldenes
                                                                            Haar Margarete

er schreibt es und tritt vor das Haus und es blitzen die Sterne
                                                         er pfeift seine Rüden herbei

er pfeift seine Juden hervor läßt schaufeln ein Grab in der Erde

er befiehlt uns spielt auf nun zun Tanz.

 

Schwarze Milch der Frühe wir trinken dich nachts

wir trinken dich morgens und mittags wir trinken dich abends

wir trinken und trinken

Ein Mann wohnt im Haus der spielt mit den Schlangen der schreibt

der schreibt wenn es dunkelt nach Deutschland dein goldenes
                                                                            Haar Margarete

Dein aschenes Haar Sulamith wir schaufeln ein Grab in den Lüften
                                                         da liegt man nicht eng

 

Er ruft stecht tiefer ins Erdreich ihr einen ihr andern singet und spielt er greift nach dem Eisen im Gurt er schwingts seine Augen sind blau stecht tiefer die Spaten ihr einen ihr andern spielt weiter zum
                                                                                     Tanz auf

 

Schwarze Milch der Frühe wir trinken dich nachts

wir trinken dich mittags und morgens wir trinken dich abends

wir trinken und trinken

ein Mann wohnt im Haus dein goldenes Haar Margarete
dein aschenes Haar Sulamith er spielt mit den Schlangen

 

Er ruft spielt süßer den Tod der Tod ist ein Meister aus Deutschland
er ruft streicht dunkler die Geigen dann steigt ihr als Rauch in die Luft dann habt ihr ein Grab in den Wolken da liegt man nicht eng

 

Schwarze Milch der Frühe wir trinken dich nachts

wir trinken dich mittags der Tod ist ein Meister aus Deutschland

wir trinken dich abends und morgens wir trinken und trinken

der Tod ist ein Meister aus Deutschland sein Aug ist blau

er trifft dich mit bleierner Kugel er trifft dich genau

ein Mann wohnt im Haus dein goldenes Haar Margarete

er hetzt seine Rüden auf uns er schenkt uns ein Grab in der Luft

er spielt mit den Schlangen und träumet der Tod ist ein Meister
                                                aus Deutschland

 

dein goldenes Haar Margarete
dein aschenes Haar Sulamith

 

 

 

 

A fuga da morte

 

Leite negro da manhã nós o bebemos à tarde
nós o bebemos ao meio-dia e pela manhã nós o bebemos à noite
nós bebemos e bebemos

nós removemos um túmulo nos ares aí não se deita no estreito

Na casa mora um homem que toca a serpente que escreve

que escreve quando escurece para a Alemanha teu cabelo
                                                                  dourado Margarete

ele o escreve e aparece diante da casa e raiam as estrelas ele
                                                         aproxima seu fila num silvo

ele expulsa seus judeus num silvo deixa remover um túmulo na terra

elé nos obriga a tocar a dança

 

Leite negro da manhã nós te bebemos à noite

nós te bebemos pela manhã e ao meio-dia nós te bebemos à tarde

nós bebemos e bebemos

Na casa mora um homem que toca a serpente que escreve
que escreve quando escurece para a Alemanha teu cabelo
                                                                  dourado Margarete
Teu cabelo cinzento Sulamita nós removemos um túmulo nos ares
                                                aí não se deita no estreito

Ele chama degola fundo na terra um e outro de vós ao canto e toque ele segura a sucata no cinto ele a ciranda seus olhos são azulados degola fundo as pás um e outro de vós segue tocando a dança

 

Leite negro da manhã nós te bebemos à noite

nós te bebemos ao meio-dia e pela manhã nós te bebemos à tarde

nós bebemos e bebemos

na casa mora um homem teu cabelo dourado Margarete
teu cabelo cinzento Sulamita ele toca a serpente

 

Ele chama toca a morte com doçura a morte é um mestre
                                                                            da Alemanha
ele chama alisa mais escuro e os violinos vos elevam como
                                                                             fumaça no ar
e tendes um túmulo nas nuvens aí não se deita no estreito

 

Leite negro da manhã nós te bebemos à noite

nós te bebemos ao meio-dia a morte é um mestre da Alemanha

nós te bebemos à tarde e pela manhã nós bebemos e bebemos

a morte é um mestre da Alemanha seu olho é azulado

ele te acerta com esfera de chumbo ele nunca te acerta errado

na casa mora um homem teu cabelo dourado Margarete

ele açula sobre nós os seus filas ele nos oferece um túmulo no ar

ele toca a serpente e sonha a morte é um mestre da Alemanha

 

teu cabelo dourado Margarete
teu cabelo cinzento Sulamita

 

 

         Tradução Mareia C. de Sá Cavalcante

 

 

 

 

KOTHE, Flávio R.   A poesia hermética de Paul Celan.    Apresentação e tradução de Flávio R. Kothe.  Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2016.  515 p.  16x22 cm.  ISBN 978-85-230-1178-9   N. 09 539  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

         O tradutor Flávio R. Kothe, professor titular da Universidade de Brasília — UnB, é um dos intelectuais mais respeitados e admirados do Brasil. Autor de mais 30 livros, destacando-se a trilogia extraordinária e atual sobre o cânone literário brasileiro — O cânone colonial, O cânone imperial, O cânone republicado I e II, publicados pela editora da UnB.

 Escolhemos 4 (quatro) poemas desta obra que está à venda nas livrarias.  ANTONIO MIRANDA

  

GERMAN   -    PORTUGUÊS

 

        

         BRANDMAL  

Wir schliefen nicht mehr, denn wir lagen im Uhrwerk der Schwermut und bogen die Zeiger wie Ruten,
und sie schnellten zurück und peitschten die Zeit bis aufs Blut,

und du redetest wachsenden Dämmer,

und zwölfmal sagte ich du zur Nacht deiner Worte,

und sie tat sich auf und blieb offen,

und ich legt ihr ein Aug in den Schoß und flocht dir das andre ins Haar und schlang zwischen beide die Zündschnur, die offene Ader -und ein junger Blitz schwamm heran.

 

 

         UND DAS SCHÖNE

 

Und das schöne, das du rauftest, und das Haar,
das du raufst:
welcher Kamm

kämmt es wieder glatt, das schöne Haar?
Welcher Kamm
in wessen Hand?

 

Und die Steine, die du häuftest,
die du häufst:

wohin werfen sie die Schatten,
und wie weit?

 

Und der Wind, der drüber hinstreicht,
und der Wind:
rafft er dieser Schatten einen,
mißt er ihn dir zu?

 

 

 

CELLO-EINSATZ

 

von hinter dem Schmerz:

 

die Gewalten, nach Gegen-
himmeln gestaffelt,
wälzen Undeutbares vor
Einflugschneise und Einfahrt,

 

der

erklommene Abend
steht voller Lungengeäst,

 

zwei

Brandwolken Atem

graben im Buch,

das der Schläfenlarm aufschlug,

 

etwas wird wahr,

 

zwölfmal erglüht

das von Pfeilen getroffene Drüben,

 

die Schwarz-
blütige trinkt

des Schwarzblütigen Samen,

 

alles ist weniger,
als es ist,

alles ist mehr.

 

 

 

DAS FREMDE

 

hat uns im Netz,

die Vergänglichkeit greift

ratlos durch uns hindurch,

 

zähl meinen Puls, auch ihn,
in dich hinein,

 

dann kommen wir auf,
gegen dich, gegen mich,

 

etwas kleidet uns ein,
in Taghaut, in Nachthaut,
fürs Spiel mit dem obersten, fall-
süchtigen Ernst.

 

 

 

 

PORTUGUÊS
Tradução de FLÁVIO R. KOTHE

  

E A BELEZA

 

E a beleza que arrepelaste, e o cabelo
que tu arrepelas:

qual é o pente

que de novo o alisa, o belo cabelo?

Qual pente,

na mão de quem?

 

E as pedras que empilhaste,

que tu empilhas:

para onde projetam elas as sombras,

e a que distância?

 

E o vento, que vai alisando por cima,

e o vento:

apanha essa sombra para alguém,

tira nela as medidas para ti?

 

 

 

            ESTIGMA

 

 

Nós não dormíamos mais, ficamos presos nas engrenagens
                                                                            da melancolia
e curvamos os mostradores feito varas,

e eles se distenderam de volta e chicotearam o tempo até
                                                                             tirar sangue,

e tu falavas diques crescentes,

e doze vezes eu disse tu à noite das tuas palavras,

e ela se abriu e ficou aberta,

e eu lhe deitei no colo um olho e te trancei o outro no cabelo,
e estendi entre os dois a mecha, a veia aberta —
e a nado um jovem raio se achegou.
 

 

 

 

SOLO DE CELLO
         vindo detrás da dor:

 

os poderes, em contra-
céus escalonados,

põem a rolar o indecifrável diante
de rotas de pouso e acesso,

 

a

noite escalada

está repleta de ramagem pulmonar,

 

duas

nuvens do fogo da respiração
escavam no livro

que o rumor das têmporas batendo abriu

 

algo se torna verdadeiro,

 

doze vezes resplandece
o Além atingido por setas,

 

a de sangue
negro bebe

o sémen do sangue negro,

 

tudo é menos do que

é,

tudo é mais.

  

 

 

O ESTRANHO

 

nos tem na rede,
o efêmero agarra
a esmo por dentro de nós,

 

conta o meu pulso, também ele,
para dentro de ti,

 

nós então nos erguemos,
contra ti, contra mim,

 

algo nos veste e investe,
na pele do dia, na pele da noite,
para o jogo com a mais elevada, mais
epilética seriedade.

 

Página publicada em dezembro de 2017; ampliada em janeiro de 2018


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar