| POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS 
 
 OSSIP MANDELSTAM (1891-1938)   Osip  Mandelstam ou Ossip Mandelstam (Varsóvia, 15 de Janeiro de 1891 — 27 de  Dezembro de 1938) foi um poeta russo, um dos principais nomes do Acmeísmo. Osip,  após um período de afastamento dos agrupamentos literários de então, acabou por  falecer num campo de prisioneiros stalinista, em 1938, na Sibéria. Após  escrever um poema anti-stalinista chamado Epigrama de Stalin, essa obra causou  sua prisão, em 1934. Poucos meses depois porém foi solto. Isto provou ser um  alívio temporário. Nos próximos anos, Mandelstam escreveu uma coleção de poemas  conhecida como a Voronezh Notebooks, que incluiu o ciclo Versos sobre a Soldado  Desconhecido. Ele também escreveu vários poemas que pareciam glorificar Stalin  (incluindo "Ode a Stalin"). Em  1937, no início do Grande Expurgo, foi acusado novamente de abrigar visões  anti-soviéticas e em 5 de maio de 1938 foi preso acusado de "atividades  contra-revolucionárias" e quatro meses mais tarde, em 02 de agosto de  1938, Mandelstam foi condenado a cinco anos em campos de trabalhos forçados.  Ele chegou à Vtoraya Rechka próximo a Vladivostok no Extremo Oriente da Rússia  de onde conseguiu enviar uma nota para sua esposa pedindo roupas quentes, ele  nunca as recebeu. A causa oficial de sua morte é uma doença não especificada. Em  1956 Ossip Mandelstam foi reabilitado e declarado exonerado das acusações  feitas contra ele em 1938. Em 28 de outubro de 1987 durante o governo de  Mikhail Gorbachev, Mandelstam foi inocentado das acusações de 1934 e portanto,  totalmente reabilitado. Em 1977, um planeta menor 3461 Mandelshtam , descoberto  pelo astrônomo soviético Nikolai Stepanovich Chernykh, foi nomeado após ele. Fonte:  wikipedia   POESIA  SEMPRE. Ano 7  Número 10 abril 1999  – Rio de Janeiro:  Fundação Biblioteca Nacional, 1999.   Editor Geral: Antonio Carlos Secchin. A edição inclui uma seção especial  de Poesia Russa, organizada por Marco Lucchesi.   Ex. bibl. Antonio Miranda            Nos bosques, ouropêndulas. Vogaissão  a medida única dos versos.
 Por  ano, uma só vez, e nada mais,
 se  mede a natureza com Homero.
          A  longa dilação já se preparadesde  manhã: o dia abre em cesura.
 Pascem  os bois. E o langor de ouro para.
 O  meio junco, a nota que amadura.
                      Tradução  de Haroldo  de Campos
 
                     POESIA RUSSA MODERNA. Nova  antologia.  3ª. edição.  Traduções de Augusto e  Haroldo de Campos. Prefácio, resumos biográficos e notas; Boris  Schnaiderman.  São Paulo, Editora Brasiliense  S.A, 1985.   292 p.         Ex. bibl. Antonio Miranda           ***
 Insônia.  Homero.   Velas rijas.  Naves.
 Contei  a longa fila até metade.
 Barcos  em bando, revoada de aves
 Que  se elevou outrora sobre a Hélade.
 
 Uma  cunha de grous cortando os céus —
 Sobre  a fronte dos reis cai a espuma divina —
 Para  onde seguis?  Não fosse por Helena,
 O  que seria de Tróia pra vós, Aqueus?
 
 O  mar e Homero — a tudo move o amor.
 A  quem ouvir?  Mas Homero está quieto
 E o mar escuro, declamando, com  clamor,
 Ruge  a estertora à beira do meu leito.
 
 1915   ( Tradução de Augusto de Campos)
                      A Era
 Minha  era, minha fera, quem ousa,
 Olhando  nos teus olhos, com sangue,
 Colar  a coluna de tuas vértebras?
 Com  cimento de sangue — dois séculos —
 Que  jorra da garganta das coisas?
 Treme  o parasita, espinha langue,
 Filipenso  ao umbral de horas novas.
 
 Pode  ser enquanto a vida avança
 Deve  suportar essa cadeia
 Oculta  de vértebras.  Em torno
 Jubila  uma onda.  E a vida como
 Frágil  cartilagem de criança
 Parte  seu ápex: morte da ovelha,
 A  idade da terra em sua infância.
 
 Junta  as parte nodosas dos dias:
 Soa  a flauta, e o mundo está liberto,
 Soa  a flauta, e a vida se recria.
 Angústia!  A onda do tempo oscila
 Batida  pelo vento do século.
 E  a víbora na relva respira
 O  ouro da idade, áurea medida.
 
 Vergônteas  de nova primavera!
 Mas  a espinha partiu-se da fera,
 Bela  era lastimável.  Era,
 Ex-pantera  flexível, que volve
 Para  trás, riso absurdo, e descobre
 Dura  e dócil, na meada dos rastros,
 As  pegada de seus próprio passos,
 
 1923  (Tradução de Haroldo de  Campos.
 
 
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             Página  publicada em abril de 2018 
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