POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
NEZÃMÍ
Nizami ou Nezami Ganjavi (نظامی گنجوی em persa, Nizami Gəncəvi em azeri) (1141 – 1209), cujo nome completo é Nezame aldim Abu Maomé Elias ibne Iúçufe ibne Zaqui ibne Moaíde Nezami Ganjavi (Nezam al-Din Abu Mohammad Elyas Ibn Yosouf Ibn Zaki Ibn Mo’ayyed Nezami Ganjavi), foi um poeta e escritor persa. É considerado, por excelência, o maior poeta épico de toda a literatura persa, trazendo para a epopéia um novo estilo coloquial e realista. Sua herança é amplamente apreciada por todo o mundo árabe.
Nizami nasceu e permaneceu a vida toda na cidade de Ganja, uma das principais de Atabekan-e-Azerbeidjã, parte do Império Seljúcida. Logo cedo ficou órfão, ficando sob os cuidados de Khwaja Umar, tio materno que lhe proporcionou uma excelente educação.
Obras: Makhzan al-Asrar (O armazém de mistérios) (1165)
Khosrow o Shirin (A história de Khosrow e Shirin) (1175)
Leily o Majnoun (A história de Laila e Majnun) (1188)
Eskandar-Nameh (O livro de Alexandre, o Grande) (1191)
Haft Paykar (As sete belezas) (1198)
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Extraído de
POESIA SEMPRE. Revista semestral de poesia. ANO 9 – NÚMERO 14. AGOSTO 2001. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 2001. 222 p. ilus. col. Editor geral Marco Lucchesi. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda.
O ponto da circunferência do compasso primordial, o selo do fim da criação, o fruto novo do jardim dos sete antigos céus, a pérola real do intelecto, a coroa da palavra: quem é o Senhor da intenção divinamente confirmada senão Ahmad, o Enviado, o apóstolo de Deus? Rei dos profetas, pela espada e pela coroa, sua espada é a Lei, e sua coroa, a Ascensão. Humilde, e ademais valor essencial dos elementos, luz para o Divino Tapete, sombra para o Trono, aquele que ressoa as cinco fanfarras reais da Santa Lei, aquele que estabelece os quatro fundamentos do reino da Terra. Todos os seres são lama, mas ele é a razão do ser, ele é o Louvado, e sua profecia é louvável. Do barro primeiro, de que Adão foi moldado, ele foi a parte pura, e o resto dos homens, borra, e do último ciclo que moveu o firmamento ele representou a invocação final e foi assinalado. Em verdade, dele dependem a ordem e a proibição: o que ele proíbe é mal, o que ele ordena é bem. Para aquele que da pobreza fez honra, e não tormento, que importam pobreza e tesouros? E para aquele, por meio do qual se extinguiu o clarão do dia, que valor terá a sombra e o Sol? Ele foi o Vigário Divino do reino, o destruidor das realezas humanas: os soberbos que se ergueram foram abatidos, e aos que caíram estendeu-lhes a mão; os bons tratou sempre bem, os maus dominou e derrubou, e se trouxe a violência do sangue da espada, trouxe também o bálsamo da misericórdia. Seu bálsamo é alívio para os que sofrem, seu punho, golpe destruidor nos corações de pedra. Muitos selaram seus cavalos e amarraram à cintura o couro do ódio, desejosos de combatê-lo, mas eis que, após tantos anos, todos batem o couro de seu tambor. O Senhor escolheu-o entre todas as criaturas, e porque o amava criou todavia o Céu em seus olhos, que são o selo de divinas visões, onde repontam vergéis que estão além deste jardim material. Os que sustentam os anéis do firmamento coberto de negro são escravos com anéis às orelhas, dispostos a seu serviço. Ele escolhe os Quatro Amigos eleitos pela origem e pela descendência, que são as quatro muralhas da arca da Lei. Bendita é a luz que emana de seus olhos: bênçãos recaiam sobre a natureza! Quando com seu hálito perfumou de almíscar o ar, deixou cair as tâmaras frescas da palmeira seca. Com uma alma cujo sopro é alento, o Céu e a Terra, num só grande corpo, extraem dessa alma a vida: se são todos um Trono, ele é Salomão. Tem o poder milagroso de ser tâmara fresca e espinho seco, e sua tâmara é espinho para o inimigo. Com seus dedos cortantes partiu, no próprio punho, a maçã da Lua; fez um sulco na maçã, mas extraiu uma cascata de estrelas. O criador louva-o porque ele é o Escolhido, e aquele o Que Escolhe: que se digam preces por toda a esfera azul para honrar quem elege e quem é eleito!
Trad. Carolina Giampietro
Página publicada em junho de 2018
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