POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Foto e biografia: Wikipedia
LOUIS ARAGON
(1897-1982)
Louis Aragon (Paris, 3 de outubro de 1897 — Paris, 24 de dezembro de 1982) foi um poeta e escritor francês.
Em 1957 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.
Louis Aragon (nascido Louis Andrieux), poeta e romancista francês, nasceu em 3 de outubro de 1897. A família era proprietária de uma pensão num bairro abastado da capital francesa. Após concluir os estudos no Liceu Carnot, em 1916, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Paris. Convocado para o serviço militar, serviu como médico auxiliar durante a I Guerra Mundial. Após o conflito, retomou os estudos e conheceu André Breton, que o apresentou ao surrealismo. Nos anos seguintes, dirigiu, juntamente com Philippe Soupault e Breton, a revista Littérature.
Aragon estreou-se como poeta em 1920, com o livro Feu de joie, ao qual seguiram outras publicações, como o romance Anicet ou Le Panorama (1921), a compilação de contos Le libertinage (1924) e a narrativa satírica Le paysan de Paris (1926), entre outras obras.
Em 1928 conheceu Elsa Triolet, escritora russa, cunhada de Maiakovski, que foi o seu grande amor e com quem se casou. Filiou-se ao Partido Comunista Francês (PCF) e realizou, em 1930, uma visita à União Soviética.
De volta a Paris, distanciou-se dos surrealistas e publicou Le front rouge (1930), poema de temática revolucionária, escrito sob a influência de Maiakovski. Nos anos seguintes, Aragon publica poemas, artigos de jornal, ensaios e romances de nítida influência marxista.
Durante a Guerra Civil Espanhola, alistou-se como voluntário e combateu ao lado dos republicanos. Quando a França foi ocupada pelas tropas nazistas, em 1940, participou da Resistência, assim como Paul Éluard, também militante do PCF. Entre seus livros publicados nesse período destacam-se Le crève cour (1941) e Les yeux d’Elsa (1942), sua obra mais conhecida, em que celebra o amor absoluto.
Após a II Guerra Mundial, colabora em jornais e revistas como Ce soir e Les lettres françaises e publica outros livros importantes, como Elsa (1958) e Le Fou d'Elsa (1963). Entre seus últimos títulos publicados destacam-se os romances La mise à mort (1965) e Blancheou l’oubli (1967). Louis Aragon, um dos maiores poetas franceses do século XX e um dos fundadores do surrealismo, faleceu em Paris em 1982.
A ROSA E O RESEDÁ
Este que cria no céu
Este que dele descria
Os dois amavam a bela
Prisioneira dos soldados
Um pele escada subia
O outro de baixo espiava
Este que cria no céu
Este que dele descria
Que importa o nome que dava
À claridade que havia
Um da Igreja se esquivava
O outro à Igreja pertencia
Este que cria no céu
Este que dele descria
Fiel à bela que amava
Qualquer dos dois se diria
E que ela como afirmava
Vive e que viva veria
Este que cria no céu
Este que dele descria
Se o trigo a geada atingia
Doido é quem quieto ficava
Ou quem disputa queria
Onde em comum se lutava
Este que cria no céu
Este que dele descria
Que a sentinela atirava
Da cidadela se via
Um somente cambaleava
Para a morte o outro caía
Este cria no céu
Este que dele descria
Um deles preso se achava
Numa cela muito fria
O outro no catre gelava
Que ele os ratos preferia
Este que cria no céu
Este que dele descria
Rebeldia é rebeldia
O sino já badalava
Como pranto e à luz do dia
Da vida à morte passava
Este que cria no céu
Este que dele descria
Nenhum dos dois se enganava
Se o nome dela dizia
E o sangue que ali manava
A mesma cor possuía
Este que cria no céu
Este que dele descria
Corria e se misturava
À terra que o recebia
E na estação que chegava
A vinha amadurecia
Este que cria no céu
Este que dele descria
Um que corre e outro tem asas
Da Bretanha e de Jura
Entre ameixas e framboesas
O grilo recantará
Em frautas e violoncelos
O amor que nos dois havia
E que tanto queimará
A andorinha e a cotovia
Como a rosa e o resedá.
(Tradução de Edmundo Moniz (1911-1997)
Página publicada em julho de 2020
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