POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
LIONEL RAY
Lionel Ray , nascido Robert Lorho em 19 de janeiro de 1935 em Mantes-la-Ville , é poeta e ensaísta francês.
Robert Lorho nasceu em 1935 de um pai de origem bretão, decorado com a cruz de guerra da estrela de prata em 1918 e uma mãe valão. Ele passou sua infância na cidade de Mantes-la-Jolie .
Depois de ter publicado algumas coleções sob seu nome real, Robert Lorho, associado da língua francesa e da literatura, professor de khâgne no Lycée Chaptal, tomou o pseudônimo de Lionel Ray em 1970. Louis Aragon apresenta seus novos poemas nas Letras francesas (1970, 1971, 1972), ele publica a maior parte do trabalho publicado por Gallimard . Vencedor de prêmios como o Prêmio Goncourt de Poesia (1995), o Grande Prêmio de Poesia da SGDL , o Grande Prêmio de Poesia da Cidade de Lyon, Prêmio Roger-Kowalski , Prêmio de Poesia Pierrette-Micheloud (2010) e muitos outros, Lionel Ray - depois de ter presidido por dez anos - agora é vice-presidente da Academia Mallarmé , também é membro dos comitês da revista Europa , o jornal mensal Aujourd Ele poema e vários prêmios de jurados de poesia (Mallarmé, Max Jacob, Alain Bosquet). Ele dirige oficinas de redação na Universidade de Paris-Sorbonne e em outras cidades. Convidados para a Europa, África, América do Sul, Estados Unidos e Índia, Lionel Ray "realiza artesanato de pássaros que não demora". 1 Sua penúltima coleção A Invenção das Bibliotecas foi publicada sob o nome de Laurent Barthélemy, um jovem poeta que Lionel Ray descobriria . Seu último livro de poemas Entre a Noite e o Sol (2010) aprofunda essa questão de identidade, que é um dos principais temas do seu trabalho. Lionel Ray vive em Saint-Germain-en-Laye.
Fonte (texto traduzido): wikipedia
TEXTES EN FRANÇAIS – TEXTOS EM PORTUGUÊS
Extraído de
POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia. ANO 3 – NÚMERO 5 – FEVEREIRO 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1995. Ex. bibl. Antonio Miranda
(de la présence)
Il n'y a pas d'ombre en toi.
même le souvenir: tu es tu regardes
tu me donnes tes mains ton souffle ta chaleur
on ne cherche pas au-delà
puisqu'il n'y a pas de distance.
seulement le poids des gestes
tes jambes ouvertes
le présent précis infiniment réel
sans après sans ailleurs.
c'est comme un vide sans perte.
nombreux, sans dérive, un vide
enveloppant qui serait le dessous le noeud des corps.
une fin de monde où le doute est détruit,
où rien ne manque, où tout est rien.
ta main dans ma main, mon coeur dans top coeur.
sans oubli sans trace sans lumière sans nuit.
toi si longtemps cherchée.
je n'ai plus besoin des sons sans épaisseur
du vent irrésolu des fils croisés des ressemblances.
tu es là, heureuse, fixe, froide.
n'étant pas.
n'étant plus.
(da presença)
Não há sombra em você,
nem mesmo a lembrança: você é e você olha
você me dá suas mãos seu sopro seu calor
não procuramos do lado de lá
pois não há distância,
somente o peso dos gestos
as pernas abertas
o presente preciso infinitamente real
sem depois sem além.
é como um vazio sem perda.
numeroso, sem derivativo, um vazio
envolvendo o que seria o avesso o nó dos corpos.
um fim de mundo onde a dúvida é destruída,
onde nada falta, onde tudo é nada.
sua mão na minha, meu coração no seu,
sem esquecimento sem traço sem luz sem noite.
você tão longamente procurada.
não preciso mais dos sons sem espessura
do vento irresoluto dos fios cruzados das semelhanças.
onde está você, feliz, fixa, fria.
sem estar.
sem estar mais.
Tradução de Roseana Murray
(de la mer)
qu'elle parle
étant ce qui arrive
tu pourras la reconnaître.
qu'elle parle
à voix déferlante
jusqu'à la rive
la mer, qui te ressemble.
tu reconnaîtras dans chaque vague
dans chaque mouvement de lèvres
dans l'imminence de la joie
mon désir qui est comme une terre palpitante.
et nous écouterons
l'ouverture du monde
la vérité qui est dans l'écume
et le gémissement.
qu'elle parle
étant ce qui s'en va
avec le temps des hommes.
(do mar)
que fale o mar
aquele que chega
poderás reconhecer sua voz
que fale o mar
com uma voz assombrada
até a margem
o mar, que se parece contigo.
reconhecerás em cada onda
em cada movimento de lábios
na iminência do júbilo
meu desejo que é como uma terra palpitante
que fale o mar
aquele que se vai
com o tempo dos homens.
Tradução de Roseana Murray
(de la mort)
j´écris tes yeux, j'écris tes genoux
comme on écrit une ville,
j'écris ton front tes cheveux ta bouche
comme on marche vers la mer.
j'écris tes seins qui sont un buisson d'oiseaux chanteurs,
j'écris ta peau qui est une rose blanche.
ainsi va le récit de mon amour,
une terre qui n'a pas de bords,
un nuage intérieur,
un corps qui est une parole.
j'écris ton sexe
comme on cueille une plante,
le monde s'ouvre.
il n'y a plus ni mesure ni compacité,
les temps sont accomplis.
reste, ne t'éloigne pas.
dans la distance
passe l'oiseau de la mort,
c'est encore toi, mon amour.
(da morte)
Escrevo teus olhos, escrevo teus joelhos
como se escreve uma cidade,
escrevo tua fronte teus cabelos tua boca
como se anda para o mar.
escrevo teus seios que são um bosque de pássaros cantores,
escrevo tua pele que é uma rosa branca.
assim caminha a narrativa do meu amor.
uma terra que não tem margens,
uma nuvem interior,
um corpo que é uma palavra.
escrevo teu sexo
como se colhe uma planta.
o mundo se abre.
não há mais medida nem densidade,
os tempos se cumpriram.
fica, não te afastes,
na distância
passa o pássaro da morte,
é ainda você, meu amor.
Tradução de Roseana Murray
Página publicada em janeiro de 2018
|