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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

Fonte: www.poets.org

 

LAWRENCE FERLINGHETTI 

 

(Yonquers, Nova Iorque, 24 de março de 1919) é um poeta, editor e pintor americano da Geração Beat, mais conhecido pela sua obra poética e por ter sido o responsável pela divulgação em livro de todos os maiores expoentes daquele movimento e suas maiores obras. (...)

 

Sendo Ferlinghetti considerado, por vezes um anarquista, por vezes um social-democrata, é comum à sua poesia os temas sociais e políticos, embora retratados de forma muito profunda e artística, explorando a função poética da linguagem. Seu livro mais conhecido é “A Coney Island of the mind”. Emprestando a plasticidade da pintura, seus poemas, apesar de forte influência surrealista, permitem a visualização de cenas delicadas, via de regra cheias de jogos de luz e cor. A delicadeza de seus poemas lembra um pouco os versos de Apollinaire, inclusive pelo ritmo normalmente melodioso, mas alternando versos longos e curtos, lembrando as modulações de ritmo do be bop. Estes, na maioria, são distribuídos de forma não-linear, não se colocando um imediatamente abaixo do outro. Em outros poemas do livro, a cadência dos versos muitos longos ou apenas mais regulares em termos de extensão e alinhamento (comuns em outras obras do autor) lembra a de Walt Whitman, ou a de um RAP. Apesar de sua feição essencialmente moderna, pode-se dizer que, via de regra, todos os seus poemas contém dois elementos que são constitutivos de um poema tradicional: ritmo e imagem.   (fragmentos de Wikipedia)

 

REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL. Ano 3, jan./jun. No. 5 – jan./jun. 2021. Editor: Flavio R. Kothe. Brasília, DF: Editora Cajuína, Opção editora, 2023. 168 p. ISSN 2674-8495

 

 

                 TRADUÇÃO DE  MARCOS FREITAS

 

TRADUÇÃO DO INGLÊS

  Nos bosques onde correm muitos rios

Nos bosques onde correm muitos rios
entre as não curvadas colinas
e campos da nossa infância
onde pilhas de feno e arco-íris se misturam na memória

   embora nossos “campos” fossem ruas

   Eu vejo novamente aquela miríade de manhãs surgirem
onde cada coisa viva
lança sua sombra na eternidade
e durante todo o dia a luz
como o início da manhã
com suas secas sombras sombreando

   um paraíso
que eu mal tinha sonhado
nem mal sabia pensar
deste dia de barba por fazer
com suas gralhas zombeteiras
que se erguem acima das árvores secas
e grasna e grita
e questiona cada
primavera e coisa



Extraído de

alguma poesia. jornal.  Ano I – agosto/setembro de 1983. No. 1. Rio de Janeiro, RJ. Direção de Carlos Lima -  Moacyr Félix.

 

Tradução de Maria Moreira.

 

Ele

Ele é um dos profetas que retorna
Ele é um dos profetas de longos cabelos que retorna
Ele tinha uma barba no Velho Testamento
mas raspou-a em Paterson
Ele tem um microfone em torno do pescoço
numa leitura de poemas
e ele é mais que um poeta
e ele é um velho homem perpetuamente escrevendo um poema
sobre um velho homem
do qual cada terceiro pensamento é Morte
e que está escrevendo um poema
sobre um velho homem
do qual cada terceiro pensamento é Morte
e que está escrevendo um poema
Como o desenho numa caixa de aveia Quaker
que mostra uma figura segurando uma caixa
sobre a qual está o retrato de uma figura
segurando uma caixa
e a figura cada vez menor
e cada vez mais distante
um retrato da própria realidade fugidia
Ele é um dos profetas que retorna
para ver para ouvir para colher novos dados
sobre o presente estado
do mundo fugidio
Ele tem ganchos em seus olhos
com os quais ele se lança
a cada metro da existência
e sobre cada mínimo ranger
da natureza do real
E seu olho se crava
sobre cada pessoa ou coisa eventual
e espera que se mova
como um gato com um rato branco morto
suspeitando que a coisa esconde
alguma pequena chave para a existência
e ele espera gentilmente
que a coisa revele sua essência
ou dela ou dele
e ele é manso como o cordeiro de Deus
loucamente cortado em postas
E ele colhe cada objeto suspeito
e ele colhe cada pessoa ou coisa
a examina e sacode
como um rato branco com um pedaço de linha
que pensa que a coisa está viva
e sacode para que fale
e sacode para que viva
e sacode para que fale
Ele é um gato que se arrasta na noite
e adormece seu ar de Buda na hora violeta
e está atento par ao som de três mãos prestes a aplaudir
e lê o roteiro no alto de seu crânio
seu hieróglifo da existência
Ele é um cu falante numa vara
ele é um walkie-talkie com duas pernas
e ele leva o fone ao ouvido
e ele leva o fone à boca
e ele fala com uma língua animal s
e o homem imaginou uma linguagem
que nenhum outro animal compreende
e sua língua vê e sua língua fala
e seu próprio ouvido ouve o que é dito
e cola em sua cabeça
e ouve morte morte
e ele tem uma língua para dizer isto
que nenhum outro animal compreende
Ele é uma raiz dupla que caminha
com um olho de madeira vazado no meio da sua cabeça
e seu olho gira para fora e para dentro
e vê e delira
delira e vê
E ele é o olho delirante da quarta pessoa do singular
da qual ninguém fala
e ele é a voz da quarta pessoa do singular
na qual ninguém fala
e a qual no entanto existe
com uma cabeça comprida e uma cara de papel
e o longo louco cabelo da morte
do qual ninguém fala
E ele fala de si mesmo e ele fala da morte
de sua mãe morta e sua Tia Rosa
com seus longos cabelos e suas longas unhas
que crescem e crescem
e elas retornam em sua fala com unhas sem polir
E ele retornou com seu cabelo negro
e seu olhos negro e seus sapatos negros
e o grande livro de suas anotações
E ele é um grande pássaro negro com pé erguido
para volver o som da vida revelando sua essência
na concha de seus sentidos
e ele fala para cantar para sair de sua pele
e ele arranha com sua língua esta concha
e ele bate com seus olhos na concha
e vê luz luz e ouve morte morte
da qual ninguém fala
Pois ele é uma cabeça com visões de cabeça
e seu é o olhar do lagarto
e sua visão sem trancas é a porta
na qual ele se detém e espera e ouve
a mão que bate e aplaude e aplaude e bate
sua Morte Morte
Pois ele é sua própria revelação e êxtase
e ele é a sua própria alucinação
e ele é sua própria fuga
e seu olho gira na fugidia cabeça do mundo
e escuta seu órgão falar Morte Morte
uma música de surdos
Pois ele chegou ao fim do mundo
e ele é a carne fremente feita palavra
e ele fala a palavra que escutou em sua carne
e a palavra é Morte

                                               Morte  Morte        

         Morte  Morte

                                                                  Morte  Morte

                                               Morte

                       Morte  Morte

                                                           Morte  Morte

         Morte  Morte

                                      Morte  Morte

                                                             Morte  Morte

                                                                                     Morte

 

 

Página publicada em junho de 2018

 

 


 

 

 
 
 
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