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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

 

Foto: /www.theparisreview.org

 

LAWRENCE DURRELL

 

 

Lawrence George Durrell (Jalandhar, 27 de Fevereiro de 1912 — Sommières, 7 de Novembro de 1990) foi um romancista, poeta e dramaturgo britânico nascido na Índia.

 

A sua obra mais famosa é Quarteto de Alexandria, uma tetralogia composta pelos livros Justine (1957), Balthazar (1958), Mountolive (1958) e Clea (1960).

Biografia: wikipedia

 

 

POESIA SEMPRE  - Ano 6 – Número 9  - Rio de Janeiro - Março 1998. Fundação BIBLIOTECA NACIONAL – Departamento Nacional do Livro -  Ministério da Cultura.  Volume 9 sob a direção de Antonio Carlos Secchin. Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Alexandria

 

To the hicky now who have lovers or friends,
Who move to their sweet undiscovered ends.

Or whom the great conspiracy deceives.

I wish these whirling autumn leaves:
Promontories splashed by the salty sea.

Groaned on in darkness by the tram
To horizons of love or good luck or more love —
As for me I now move
Through many negatives to what I am.

 

Here at the last cold Pharos between Greece
And all I love, the lights confide
A deeper darkness to the rubbing tide;

Doors shut, and we the living are locked inside

Between the shadows and the thoughts of peace:

An so in furnished rooms revise

The index of our lovers and our friends

From gestures possible forgotten, but the ends

Of longings like unconnected nerves.

And in this quiet rehearsal of their acts
We dream of them and cherish them as Facts.

 

Now when the sea grows restless as a conscript.
Excited by fresh wind, climbs the sea-wall,

I walk by it and think about you all:

B. with his respect for the Object, and D.
Searching in sex like a great pantrv for jars
Marked 'Plum and apple': and the small, fell
Figure of Dorian ringing like a muffin-bell —

All indeed whom war or time threw up
On this littoral and tides could not move
Were objects for my study and my love.

 

And then turning where the last pale
Lighthouse, like a Samson blinded, stands
And turns its huge charred orbit on the sands
I think of you — indeed mostly of you,

In whom a writer would only name and lose
The dented boy's lip and the close
Archer's shoulders; but here to rediscover
By tides and faults of weather, by the rain
Which washes everything, the critic and the lover.

 

At the doors of Africa so many towns founded
Upon a parting could become Alexandria, like
The wife of Lot — a metaphor for tears;

And the queer student in his poky hot
Tenth floor room above the harbour hears
The sirens shaking the tree of his heart.

And shuts his books, while the most
Inexpressible longings like wounds unstitched
Stir in him some girl's unquiet ghost.

 

So we, learning to suffer and not condemn
Can only wish you this great pure wind
Condemned by Greece, and turning like a helm
Inland where it smokes the fires of men,

Spins weathercocks on farms or catches
The lovers at their quarrel in the sheets;

Or like a walker in the darkness might,

Knocks and disturbs the artist at his papers
Up there alone, upon the alps of night.

 

1946

 

 

 

Alexandria

 

Ao que possui amigos ou amantes,

E anda em seus doces confins mais distantes.
Ou anula a grande conspiração.

Essas folhas de outono em turbilhão:
Promontórios que beija o mar salgado.

Gemendo, que o trem da noite o alcançou
Rumo aos horizontes do amor, da sorte
— E como eu me reconforte
(Estou nas negativas do que sou).

 

Aqui, no frio Pharos. entre a Grécia

E o que eu mais amo, as luzes nos confiam

Sombra maior ao mar que se arrepia:

A nós, os vivos, portas trancafiam.

Entre sombras de paz que se oferecem:

E entre os móveis da sala revisar
A lista dos amores, dos amigos.

De gestos esquecidos — mas consigo
Saudades como em nervos desligados,
li neste calmo ensaio de seus atos.

Sonhar com eles, vê-los como Fatos.

 

Agora, quando o mar, recruta inquieto.
Assoma ao vento fresco e se ergue e dança.
Caminho nele e nas vossas lembranças:
B. que tanto respeita o Objeto e D.

Buscando ao sexo como numa copa
A jarra marcada: "Ameixa". "Maça",
E Dorian a soar como uma campa.

Os que a guerra, os que o tempo desprezaram
Nessas praias findaram por compor
Meu objeto de estudo e meu amor.

 

Voltando então, do pálido farol.

Cego Sansão, que último, volteia
As órbitas queimadas sobre a areia.

Penso em vocês, penso em vocês, também.

Os que nomeia e esquece um escritor,

O lábio do menino, o ombro do Arqueiro.

Mas para aqui redescobrir instantes
Nas marés, no mau tempo — pela chuva,

Que leva ao crítico e leva ao amante.

 

Tantas cidades fundadas na porta da África
Sobre um ponto de partida. Alexandria — como
A mulher de Lot — metáfora do pranto;

E o estudante esquisito lá no décimo
Andar por sobre o ponto ouvindo o canto
Das sereias, que toca o coração
E fecha os livros quando a mais final
Melancolia, uma ferida aberta.

Se alonga nele, moça fantasmal.

 

Aprendendo a sofrer sem condenar.

Nós te auguramos este puro vento
Condenado pela Grécia, este leme
Voltado à terra onde já fuma o fogo
Dos homens, faz girar os cataventos.

Surpreende amantes — a luta em lençóis —

Ou, caminhante noturno e furtivo,

Vai perturbar o artista entre papéis

Pelos alpes da noite, pensativo.

 

 

Tradução de Jorge Wanderley

 

 

 

Cavafy

I like to see so much the old man's loves.
         Egregious if you like and often shabby
         Protruding from the ass's skin of verse.
         For better or for worse.

The bones of poems cultured by a thirst —
         Dilapidated taverns, dark eyes washed
         Now in the very and loving brilliance
         Of such barbaric memories
         As held then when the dyes of passion ran.
         No cant about the sottishness of man!

 

The forest of dark eyes he mused upon.

Out of ikons, walking beside his own
         In stuffy brothels, on stained mattresses.
         Watched by the melting vision of the flesh:
         Eros the tutor of our callowness
         Deployed like ants across his ageing flesh;
         The crises of great art, the riders
         Of love, their blodly lariats whistling.

The cries locked in the quickened breath.

The love-feast of a sort of love-in-death.

 

And here I find him great. Never
         To attempt a masterpiece of size —

You must leave life for that. No
         But always to preserve the adventive
         Minute, never to destroy the truth.

Admit the coarse manipulations of the lie.

 

If only the brown lingers franking his love
         Could once be fixed in art,  the immortal
         Episode be recorded — there he would awake

 

On a fine day to shed his acts like scabs.
         The trespasses on life and living slake

 

In the taste, not of his death but of his dying:
         And like the rest of us he died still trying.

 

 

 

Cavafy

 

Gosto tanto de ver os amores do velho.

Egrégio, se quiserem, freqüentemente surrado.

Saliente na pele do traseiro do verso.

Para o que der e vier.

Os ossos dos poemas cultivados por uma sede —

Tavernas dilapidadas, negros olhos lavados

No tortuoso e amável brilho

De memórias tão bárbaras

Quando rolavam as tintas da paixão, as que consomem...

Nada a dizer quanto à brutalidade do homem!

 

A floresta de olhos negros sobre a qual pensava.

Floresta de ícones, próxima dos seus próprios.

Em bordéis apinhados, em colchões manchados.

Observado pela visão (que se diluía) da carne.

Eros, o tutor de nosso entorpecimento

Distendido como formigas sobre sua carne que envelhece.

As crises da grande arte, os que cavalgam

No amor, seus sangrentos cabrestos silvando.

Os gritos atados no fôlego de rápido recorte.

A festa amorosa do tipo amor-em-morte.

 

E aqui o encontro grandioso. Nunca

Tentando alguma obra-prima de grandes medidas —

Há que viver a vida para tanto. Nada menos

Que preservar continuamente o minuto

Passageiro, jamais destruir a verdade.

Ou permitir a rude manipulação da mentira.

 

Se os dedos escuros que lhe franqueiam o amor !

Pudessem um dia ser cristalizados em alguma arte,

Cravado o grande episódio, ali em amanhã bela,

 

Acordaria para aspergir seus atos como sarna.

Os trespasses da vida e a avidez por ela.

 

No gosto de morrer — e não da morte —

Que como nós ele morreu tentando.

 

1960

 

         Tradução de Jorge Wanderley

 

 

        

 Seferis

 

Time quietly compiling us like sheaves

Turns round on day, beckons the special few,

With one bird singing somewhere in the leaves.

Someone like K. or somebody like you.

Free-falling target for the envious thrust.

So tilting into darkness go we must.

 

Thus the fading writer signing off

Sees in the vast perspectives of dispersal

His words float off like tiny seeds.

Wind-borne or bird-distributed notes.

To the very end of loves without rehearsal.

The stinging image riper than his deeds.

 

Yours must have set out like ancient

Colonists, from Delos or from Rhodes.

To dare the sun-gods, found great entrepôts.

Naples or Rio. far from man's known abodes,

To confer the quaint Grecian script on other men:

A new Greek fire ignited by your pen.

 

How marvellous to have done it and then left

It in the lost property office of the loving mind.

The secret whisper those who listen find.

You show us all the way the great ones went.

In silences becalmed, so well they knew

That even to die is somehow to invent.

 

 

 

Seferis

 

O tempo nos coleta como a feixes.

Ronda um dia, acena aos raros que vê

(Com um pássaro que em folhas se deixe).

Alguém como K.. ou como você.

Alvo em queda livre para a estocada.

— Que à sombra segue nossa caminhada.

 

Assim o escritor que sai do ar

Vê nos horizontes da dispersão

Suas palavras, um pólen perfeito.

Notas que o vento e o pássaro carregam.

Chegando a amores sem preparação.

Imagem mais madura que seus feitos.

 

As tuas certamente já partiram

De Delos ou de Rhodes dominantes.

Contra os deuses do sol fundando bases,

Em Nápoles, no Rio, ou nunca dantes

Sonhadas terras, difundindo Grécia:

O novo fogo grego que ofereces.

 

Maravilhoso é ter leito e deixado

A "achados e perdidos" dos amantes

Este sussurro ouvido por instantes.

O caminho dos grandes vens mostrar.

Que vão silentes, calmos, pois souberam:

Mesmo o morrer confina com criar.

 

         Tradução de Jorge Wanderley.

 

 

                  

Página publicada em fevereiro de 2018

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
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