POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Em presença de
JÜRI TALVET
Organizado por
Alice Spíndola
Jüri Talvet (Pärnu, Estônia, 1945). Poeta, ensaísta, crítica literária, tradutor, professor universitário. Desde 1992 é professor de Literatura Universal na Universidade de Tartu. Paralelamente, funda em sua universidade o Programa de Estudos Hispânicos que coordenou há vinte anos. Entre os inúmeros livros de ensaio publicados, seus links com a Espanha e a América podem ser encontrados em: Teekond Hispaaniasse (Uma viagem a Espanha, 1985), Hispaaniast Ameerikasse (De Espanha a América, 1992), Hispaania vaim ((O espírito espanhol, 1995).
Como poeta, estreia com o livro Äratused (Despertares (1981) e no seu nono livro de poesia Eesti eleegia ja teisi luuletusi 1981–2012 (Tartu: 2014, 375 pp.). Reúne partes substanciais de seu trabalho poético até essa data. As seleções de sua poesia traduzida apareceram em espanhol, inglês, francês, romeno, italiano e catalão.
A primeira seleção poética em italiano, 2012, tradução de Pietro U. Dini, em colaboração com Albert Lázaro-Tinaut: Primavera y polvere. Novi Ligure: Edizioni Joker.
Entre seus prêmios e distinções, destacam o Prêmio Anual Juhan Smuul of Essay (1986), o Prêmio Juhan Liiv de Poesia (1997), o Prêmio Memorial Ivar Ivask de Ensaio e Poesia (2002) ou a Ordem de Isabel Católica do Reino de Espanha (para sua atividade como hispânico, 1992). Como poeta, participa de festivais internacionais na Europa, América e Ásia.
Os anos de 2016 e 2017 foram de viagens e conferências em mundos vários.
Em italiano 2012, tradução de Pietro U. Dini, em colaboração com Albert Lázaro-Tinaut.
TALVET, Jüri. Élègie estonienne et autres poèmes. Traduit par Française Roy et Athanase Vantchev de Thracy, avec Laura Talvet. Préface d’Albeto Lázaro-Rinaut. (Accent tonique – Poésie).
Traduzido para o Português por Alice Spíndola
Revisão: Patrícia Méndez Ulhôa
Da um qualsiasi autunno, 2018
– DA UN QUALSIASI AUTUNNO – Dum cualquier outono – nova seleção poética, editada na Itália, traduzida por Pietro U. Dini, prefacio por Albert Lázaro-Tinaut: Primavera y polvere. Novi Ligure: Edizioni Joker, 2018.
– O título da seleção de poemas do estônio para o russo é (em transcrição em letras latinas): Puteshéstvuiem, byvàiem – traduzindo: Viajamos, existimos. Kasan (1): Editorial Logos, 2018. Seleção e tradução por Elena Vedernikova (linguista de nacionalidade mari, pós-doutora por universidade da Estônia. Aprendeu o estônio). Tradução revisada por Almira Ahmedzianova (filóloga da Universidade de Yoshkar Ola – República de Mari, Federação Russa).
(1) Kasan - a capital da Republika Tarstan - Rússia - Europa.
São nove os livros publicados em estônio. Outros livros editados e traduzidos em diferentes línguas.
Em seus livros, o poder transformador da literatura.
Alfredo Perez Alencar e Jüri Talvet, Salamanca, 2016
Distintos convidados de Salamanca, os hispânicos Jüri Talvet e Abdul Had
Élégie estonienne
Et autres poèmes
Traduit par Française Roy et Athanase Vantchev de Thracy,
avec Laura Talvet
Préface d’Albert Lázaro-Tinaut
Accent tonique – Poésie
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Traduzido para o Português por
Alice Spíndola
Revisão:
Patrícia Méndez Ulhôa
Olha para mim
Olha, olha, olha
até que tu te tornes transparente
e que tu possas deixar os pássaros
alojados no teu peito
Toca meus dedos minúsculos
Para que aprendas a ficar em pé no ar
e acima das sombras
a fim de aprender
a andar de olhos fechados
pés nus ao longo das fibras de uma corda
Sob as palmas de tuas mãos
e acima da noite.
meus sussurros vão ao encontro
Eu mesmo não dormirei mais nunca
Tu não irás jamais à África
Jüri [Regard-moi] p. 31
Ao tocar-me,
tua mão me acordou
Eu estou de novo em minha casa
mas eu nunca soube
meu endereço
Só uma mesa esculpida sob a luz
diante de mim
verde
que te quiero verde
Então tu chegas
como se tu vieras de uma outra vida
tal uma outra pessoa
mas sempre a mesma
Eu me encontrava saciado de um rio
que apaga o mal
da memória
E eu tinha esquecido
teu nome justo Agora
que te chamo
Linda
Bela mulher
tu que chegas
atravessando todas
as línguas.
Ta main m’a réveillé em me touchanti p. 74
Jüri Talvet com a filha Laura em Paris, 2017
No café < A Brasileira >
No café < A Brasileira>
tu não serás atraído duas vezes
para esta garçonete mulata e brasileira
nem pelos lustres art nouveau
Deixa que aqueles que se creiam vivos
fotografar tua estatua.
Eles morrerão, e as fotos com eles,
Mas tu restarás aqui um certo tempo,
os sentidos dispersos,
naquilo que foi criado
ou o será, um certo tempo,
aqui e lá.
Au café < A Brasileira> p. 81
A China escorre lá de cima
Tomo minha ducha num box
perto da janela do 11º andar
do Hotel Anne Black
A água canta
caindo ao longo da minha pele
minha pele, ela também, canta
caindo para baixo
Durante um breve momento de minha vida
eu sou Lao-tseu,
uma gotejada de rio humano
que cai para baixo
na rua
certa de seu caminho
através das águas
cantantes
do Tempo
La Chine coule là-dessus p.75
22 de fevereiro de 2018 ,
dia em que se comemora
o 100º ano da República da Estônia
T R A D U C C I Ó N
Traducción para el Español
Alice Spíndola
Rina de Castro Miranda
M I R E M E
Vea, vea, vea
hasta que tú te vuelvas transparente
que tú puedas dejar los pájaros
alojados en tu pecho
Toca mis dedos minúsculos
para que aprendas a quedar parado
en el aire
y arriba de las sombras
al fin de aprender a caminar
de ojos cerrados
pies desnudos a lo largo de las fibras
de una soga
Bajo las palmas de tus manos
y arriba de la noche,
mis susuros van al encuentro
Yo mismo no dormiré nunca mas
Tú no irás jamas a África
TOCANDOME TU MANO
ME HA DESPERTADO
Yo estoy outra vez en mi casa
pero yo nunca supe
mi dirección
Solo una mesa labrada bajo la luz
delante de mi
verde
que te quiero verde
Entonces tu llegas
como se tuvieras de otra vida
tal como otra persona
pero siempre la misma
Yo me encontraba saciado de un río
que apaga el mal
de la memoria
Y yo había olvidado
tu nombre justo Ahora
que te llamo
Linda
Bella mujer
tú que llegas
cruzando todas
las lenguas
LA CHINA ESCURRE
ALLÁ DE ARRIBA
Me ducho en una mampara de cristal
cerca de la ventana del 11º piso
del Hotel Anne Black
El agua canta
cayendo a lo largo de mi piel,
mi piel, ella también, canta
cayendo para bajo
Durante un rato de mi vida
Yo soy Lao-tseu,
un goterón de río humano
que cae para bajo
en la calle
cierto de su camino
a través de las aguas
cantantes
del Tiempo
En el café <A Brasileira>
tú no serás atraído dos veces
por esta camarera mulata y brasileña
ni por las lamparas art nouveau
Deja que aquellos que se creían vivos
fotografar tu estatua.
Ellos morirán, y las fotos con ellos,
pero tú restarás aquí un cierto tiempo,
os sentidos dispersos,
en aquello que fue creado
o lo será, un cierto tiempo,
aquí y allá.
Para Jüri y família,
Con amitad y admiración,
Alice Spíndola
Página publicada em maio de 2018,
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