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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

 

Foto extraída da Wikipedia

 

JULES SUPERVIELLE

 

Jules Supervielle nasceu no Uruguai, em Montevidéu, em 1884. Seus pais morreram no mesmo ano durante uma estadia na França, após a absorção acidental de água envenenada. Supervielle é criado por seu tio no Uruguai. Em 1894, ele retornou à França, onde se estabeleceu, retornando regularmente para ficar em seu país natal. Ele começou a publicar poemas em 1901. Ele ficou longe de movimentos de vanguarda, e seu trabalho, como apontado por Jean-Michel Maulpoix em seu artigo "Jules Supervielle, o reconciliador", está em meados do século. -Andar entre classicismo e modernidade. Sua era é famosa: venceu o Prix des Critiques em 1949, recebeu o Grand Prix de littérature da Académie Française em 1955 e foi eleito "Prince of Poets" em 1960, um mês antes de sua morte. 

 

Extraído de

 

BANDEIRA, Manuel.  Poemas traduzidos.  4ª edição.  Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.  119 p.  15x221,5 cm.    Capa: Eugenio Hirsch.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

                  O APELO

         Um apelo, um grito
Longínquo, abafado,
Quase imperceptível,
Erra no infinito
Coração da noite.
Do fundo da guerra,
Do fundo da França,
Expirando avança,
Desmaia, persiste,
Procura ganhar
Força e consistência.
No espaço, procura
Com perseverança
Um apoio à beira
Do silêncio enorme.
Súbito me encolhe
E cala-se em mim.
Sirvo-lhe de abrigo,
Sirvo-lhe de leito,
Ajudo-o a acabar.
Como conseguiste,
Persistente apelo,
Passar o oceano,
Entrar no meu tempo,
Nele demorar?
De que lábio humano,
De que fundas trevas
Vens como expressão
De última vontade?
De que subterrâneo
Ou de que retiro
De lenta agonia
Até mim te elevas,
Lânguido suspiro,
Último suspiro?
Pequenino apelo
Quase a perecer,
Acabou-se a guerra,
A França renasce:
Poderá já agora
Ceder ao silêncio,
Deixar-te morrer.

 

Página publicada em setembro de 2018

 

 

 
 
 
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