POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
JEAN-PIERRE LEMAIRE
Jean-Pierre Lemaire , nascido em 18 de agosto de 1948 em Sallanches , Haute-Savoie , é poeta francês. ( ...)
A maioria de suas coleções apareceu em Gallimard.
Jean-Michel Maulpoix o considera "um daqueles poetas - promontórios em que vem o som de um duplo pertencente ao leigo e ao sagrado"
Fonte: wikipedia
TEXTES EN FRANÇAIS – TEXTOS EM PORTUGUÊS
Extraído de
POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia. ANO 3 – NÚMERO 5 – FEVEREIRO 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1995. Ex. bibl. Antonio Miranda
Tu as longtemps rôdé autour du monde
comme un aube timide ou un crépuscule
qui ne se résout pas encore à s'en aller
Tu as erré de colline en colline
en face des remparts de la cité sainte
et la terre muait, changeait de couleur
tandis qu'adossé au même arbre sans âge
tu te demandais quelle apparence prendre
afin de franchir les portes de la ville
Tu n'avais ni le mot pour entrer dans la place
ni l'habit, ni la taille, ayant voulu jadis
être éternel sans passer par le temps.
Você há muito tempo girou em volta do mundo
como uma aurora tímida ou um crepúsculo
que não se decidiu ainda a ir embora
Você divagou de colina em colina
frente às muralhas da cidade santa
e a terra entrava na muda, trocava de cor
enquanto encostada à mesma árvore sem idade
você se perguntava que aparência assumir
a fim de atravessar as portas da cidade
Você não tinha nem a senha para entrar na praça
nem a roupa, nem o porte, tendo querido outrora
ser eterno sem passar pelo tempo
Tradução de Birgitta Lagerblad e Moacyr Félix
Joseph DArimathie
Ce tombeau était presque trop blanc pour lui
trop nouveau pour sa propre mort
Peut-être sans le savoir
l'avait-il préparé pour un autre
celui-là même
qu'on venait de dépendre
sur la colline à la fin de la journée?
Ainsi, dit-il
le mort lui aussi sera vraiment neuf
José de Arimatéa
Esta tumba era quase branca demais para ele
nova demais para a sua própria morte
Talvez sem saber
ele a havia preparado para outro
aquele mesmo
que acabaram de pendurar
sobre a colina no final da tarde?
Assim, disse ele
verdadeiramente novo será também o morto
Tradução de Birgitta Lagerblad e Moacyr Félix
Ité missa est
Sous le porche à la sortie
les gens clignent des yeux
Ils partent comme des oiseaux
chacun vers son dimanche
en passant chez le fleuriste ou le boulanger
À la maison, ils referment la porte
déposent leurs clefs
accrochent leur imperméable
Quand on demande d'où ils viennent
ils s'aperçoivent soudain
qu'ils ont ensemble traversé la mer
Leurs souliers sont mouillés
Ce ne sont pas les mêmes
Ite missa est
Sob o átrio na saída
as pessoas piscam os olhos
Partem como pássaros
cada um para o seu domingo
passando pelo florista ou pelo padeiro
Em casa, fecham a porta
depositam suas chaves
penduram seu impermeável
Quando perguntam de onde estão vindo
eles de repente se dão conta
de que atravessaram juntos o mar
os seus sapatos ficaram molhados
Não são os mesmos
Tradução de Birgitta Lagerblad e Moacyr Félix
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