POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Imagem e biografia: wikipedia
HENRY VAUGHAN
Henry Vaughan (Newton St. Bridget, País de Gales, 17 de abril de 1621 − Llansantffraed, 23 de abril de 1695) foi um poeta metafísico galês.
POESIA METAFÍSICA - UMA ANTOLOGIA. Seleção, tradução , introdução e notas de Aíla de Oliveira Gomes. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1991. 195 p. Edição bilingue Inglês - Português. sobrecapa.
Ex. bibl. Antonio Miranda
QUICKNESS
—False life! a foil and no more, when
Wilt thou be gone?
Thou, foul deception of all men
That would not have the true come on.
Thou art a Moon-like toil; a blinde
Self-posing state;
A dark contest of waves and winde;
A mere tempestuous debate.
—Life is a fix'd, discerning light,
A knowing foy;
No chance or fit: but ever bright,
And calm and full, yet doth not cloy.
'Tis such a blissful thing, that still
Doth vivify,
And shine and smile, and hath the skill
To please without Eternity.
—Thou art a toilsome Mole, or less
A moving mist,
—But life is, what none can express,
A quickness, which my God hath kisst.
INSTANTE
—Falsa vida! ouropéis e nada mais,
Quando enfim tu findarás?
Tu aos homens só fazes enganar,
E à verdade os impedes de chegar.
Ages como as marés — ocupação
Cega, auto-suficiente,
Vagas e vento em turva altercação.
Mero debate de clima inclemente.
A vida é uma luz fixa, penetrante,
Uma consciente alegria:
Não acaso, espasmo; sempre brilhante
E calma e plena; nem nunca enfastia.
É coisa tão bendita, que incessante
A mais viver nos persuade;
Brilha, sorri, e tem dom insinuante
De agradar-nos sem a Eternidade.
És cansativa toupeira; neblina
Que logo se evaporou...
Mas a vida, não há quem a defina:
Um instante que o meu Deus beijou.
THE MORNING-WATCH
O joyes! Infinite sweetness! with what flowres,
And shoots of glory, my soul breakes, and buds!
All the long houres
Of night, and Rest
Through the still shrouds
Of sleep, and Clouds,
This Dew fell on my Breast;
O how it Blouds,
And Spirits all my Earth! heark! In what Rings,
And Hymning Circulations the quick world
Awakes, and sings;
And rising winds,
And falling springs,
Birds, beasts, all things
Adore him in their kinds.
Thus all is hurl'd
In sacred Hymnes, and Order, The great Chime
And Symphony of nature. Prayer is
The world in tune,
A spirit-voyce,
And vocall joyes
Whose Eccho is heav'ns blisse.
O let me climbe
When I lye down! The Pious soul by night
Is like a clouded starre, whose beames though said
To shed their light
Under some Cloud
Yet are above,
And shine, and move
Beyond that mistie shroud.
So in my Bed
That Curtain'd grave, though sleep, like ashes, hide
My lamp, and life, both shall in thee abide.
VIGÍLIA DA MADRUGADA
Oh! alegria, doçura infinda, com flores
E brotos de glória minha alma rompe e aflora!
Naquelas longas horas
De noite e de repouso,
Nas mortalhas nevosas
Das nuvens e do sono,
Caiu-me este orvalho no peito exangue,
E ele nutre de Sangue
E vivifica o meu barro. Ouve! Em que anéis
De Círculos sonoros, todo o mundo vivo —
Eis! ele acorda e canta,
E o vento se levanta,
E a cascata se lança,
Aves e a fauna inteira,
Toda a criação O adora à sua maneira.
E tudo é arremessado
Em Hinos sacros e em Harmonia — Carrilhão
E Sinfonia da natureza. A oração
É o mundo em sintonia,
Voz espiritual,
Canora alegria
Cujo Eco é a bênção celestial.
Oh! deixa-me alçar-me
Do fundo de meu leito. À noite, a alma devota
É estrela escondida, mas de seus raios brota,
E em cima se mantém,
A luz que alto sobe,
E que brilha e se move
Por trás da mortalha da névoa, além.
Assim eu, em meu leito,
Esquife em véus, se as cinzas do sono empalecem
Meu lume, minha vida, ambos em ti permanecem.
Página publicada em setembro de 2019
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