POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Foto e biografia: wikipedia
HANS ARP
Hans Peter Wilhem Arp (Estrasburgo, 16 de setembro de 1886 — 7 de junho de 1966) foi um pintor e poeta alemão, naturalizado francês.
Nasceu na Alsácia quando esta estava sobre domínio alemão.
O pai de Arp era um empresário de origem alemã, dono de uma fábrica de cigarros e a sua mãe era de origem francesa, motivo pelo qual ele, desde muito cedo, falava fluentemente as duas línguas.
Em 1900 inscreveu-se na Escola de Artes e Ofícios em Estrasburgo, onde nunca chegou a ser bom aluno, pois não se interessava pelas matérias curriculares.
Durante o ano de 1901 teve aulas de desenho com Georges Ritleng. Arp, que era um admirador da poesia alemã, em 1903 publicou algumas obras literárias.
Em 1907 inscreveu-se na Academia Julian.
Em 1911, juntamente com Oscar Lüthy e Walter Helbig, foi o fundador do grupo de artistas suiços, designado por Der Moderne Bund. Em 1912 conhece Kandinsky em Munique, e em 1914 dá-se com August Macke e Max Ernst, em Colonia.
Em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial, foi viver para Zurique, em virtude de possuir nacionalidade alemã, desertando do serviço militar alemão. Nesse ano casou com Sophie Taeuber, que veio a falecer, em 1943, enquanto ocorria a Segunda Guerra Mundial.
No ano de 1920, Arp participa numa exposição dadaístita, em Colonia, com Baargeld e Max Ernst. Conhece Breton, e colabora em diversas publicações de conteúdo vanguardista, com poemas e collages. Em 1925, Arp junta-se a um grupo de surrealistas saídos do movimento dada, e expõe em Paris.
Em 1926 adquiriu a nacionalidade francesa e passou a usar o nome Jean Arp.
Versátil na sua obra, a década de 1930 é dedicada a trabalhos na perspectiva da abstracção geométrica, collages e grafismos com relevo. Na década seguinte, Arp, sempre em mudança, centra o seu trabalho na escultura.
Em 1959, casou em segundas núpcias com Marguerite Hagenbach.
A sua obra atinge a fama nas décadas de 1950 e 1960, quando expõe em Nova Iorque (1958) e Paris (1962).
TEXTOS EM ALEMAÃO (GERMAN) – TEXTOS EM PORTUGUÊS
Por motivos de direitos autorais, estamos publicando apenas dois dos 5 — V – fragmentos do poema; os demais estão na edição abaixo. Vale a pena busca-la!!!
ARP, Hans. Testículos do pássaro. (Die schwalbebhode). Tradução Ricardo Domeneck. São Paulo: Hussardos clube literário, 2014. 16p. 15 x 21 cm. Plaquete. Ex. bibl. Antonio Miranda.
I
weh unser guter kaspar ist tot
wer trägt nun die brennende fahne im zopf und wer dreht
die kaffeemühle
wer lockt das idyllische reh
auf dem meer verwirrte er die schiffe mit dem wörtchen
parapluie und die winde nannte er bienenvater
weh weh weh unser guter kaspar ist tot heiliger bimbam]
kaspar ist tot
die heufische klappern in den glocken wenn man seinen
vornamen ausspricht darum seufze ich weiter kaspar
kaspar kaspar
warum bist du ein stern geworden oder eine kette aus wasser
an einem heißen Wirbelwind oder ein euter aus
schwarzem licht oder ein durchsichtiger ziegel an der
stöhnenden trommel des felsigen wesens
jetzt vertrocknen unsere scheitel und sohlen und die
feen liegen halbverkohlt
auf den Scheiterhaufen
I
ai eis que faleceu nosso grande josé
quem há-de carregar os brasões nas tranças quem
há-de girar o moedor do grão-café
quem há-de apascentar a idílica anta
nos mares ele confundia as barcas com a palavrícula
parapluie e ao vento ele chamava de apicultor
ai ai ai faleceu nosso grande josé são balalão
faleceu josé
os peixes de palha estapeiam-se nos sinos à pronúncia
de seu nome por isso sigo sussurrando josé
josé josé
por que foste virar uma constelação ou uma corrente
d'água num redemoinho quente ou tetas
de luz negra ou telhas transparentes no
tambor gemente dos corpos rochosos
agora secam-se-nos dos crânios às solas e as
fadas encontram-se já semi-carbonizadas
em meio às fogueiras
II
jetzt donnert hinter der sonne
die schwarze kegelhahn und keiner zieht mehr die kompasse
und die räder der schiebkarren auf
wer ißt nun mit der ratte am einsamen tisch
wer verjagt den teufel wenn er die pferde
verführen will wer erklärt
uns die monogramme in den sternen
seine büste wird die kamine aller wahrhaft edlen menschen
zieren doch das ist kein trost und Schnupftabak für
einen totenkopf
II
agora trovejam detrás do sol
os boliches negros e nao há quem dê corda à bússola
e às rodas das carriolas
quem há-de comer com a ratazana à solitária mesa
quem há-de caçar o diabo quando ele tentar
seduzir os cavalos quem há-de explicar o
monograma nas galáxias
seu busto há-de enfeitar a lareira de todos os
nobres homens da verdade mas isto não
serve de consolo ou cocaína a uma caveira oca
O poeta brasileiro Antonio Miranda, posando em frente a uma escultura de Hans Arp, no campus da Universidad Central de Venezuela, onde estudava, em 1967.
CORPO ESTRANHO. REVISTA DE CRIAÇÃO 3 . Coordenação editorial Julio Plaza & Régis Bonvicino. São Paulo: Editora Alternativa, janeiro-junho 1982. Ex. bibl. Antonio Miranda
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Página ampliada e republicada em novembro de 2022
Página publicada em março de 2019
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