POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
GIUSEPPE UNGARETTI
Giuseppe Ungaretti (Alexandria, 8 de fevereiro de 1888 — Milão, 2 de junho de 1970) foi um poeta italiano. Foi professor da Universidade de São Paulo.
Extraído de
POESIA SEMPRE. Revista Semestral de Poesia.. Ano 3 – Número 6 – Fevereiro 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda
L´Isola
A una proda ove sera era perenne
Di anziane selve assorte, scese,
E s'inoltrò
E lo richiamò Rimore di PEnne
Ch'erasi sciolto dallo stridulo
Batticuore dell'acqua torrida,
E una larva (languiva
E rifioriva) vide;
Ritornano a salire vide
Ch'era una ninfa e dormiva
Ritta abbracciata a un olmo.
In sé da simulacro a fiamma vera
Errando, giunse a un prato ove
L'ombra negli occhi s'addensava
Delle vergini come
Sera appiè degli ulivi;
Distillavano i rami
Una pioggia pigra di dardi,
Qua pecore s'erano appisolate
Sotto il liscio tepore,
Altre bnicavano
La coltre luminosa;
Le mani del pastore erano un vetro
Levigato di fioca febbre.
A ilha
Numa orla onde era perene a tarde
De selvas antigas, acesas, absortas,
Se adentrou
E súbito ouviu rumor de plumas
Que se soltara do estridulo
Pulsar das águas tórridas,
E uma larva (enlanguescia
E refloria) viu;
Ao retornar viu
Que era uma ninfa: dormia
De pé abraçada a um olmo.
Em si de simulacro a chama verdadeira
Errando chegou a um prado onde
A sombra nos olhos se adensava
Das virgens como
A tarde ao pé das oliveiras;
Destilavam os ramos
Uma preguiçosa chuva de dardos,
Aqui ovelhas haviam dormitado
Sob o liso tepor,
Desfolhavam outras
A alfombra luminosa;
Eram as mãos do pastor vidros
Polidos de uma débil febre.
Tradução de Dora F. da Silva
Canto
Rivedo la tua bocca lenta
(Il mare le va incontro delle notti)
E la cavalla delle reni
In agonia cadérti
Nelle mie braccia che cantavano,
E riportarti un sonno
Al colorito e a nuove morti.
E la crudele solitudine
Che in sé ciascuno scopre, se ama,
Ora tomba infinita,
Da te mi divide per sempre.
Cara, lontana come in uno specchio
Canto
Revejo tua boca lenta
(O mar vai ao seu encontro pelas noites)
E a égua de teus flancos
Em agonia lançar-se
Em meus braços cantantes,
E doar-te um sono
Ao colorido e a novas mortes.
E a solidão amarga
De quem a encontra em si, quando ama,
Tomba agora infinita,
E de ti me aparta para sempre.
Cara, distante, como num espelho...
Tradução de Dora F. da Silva
Página publicada em dezembro de 2017
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