POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
GEOFFREY CHAUCER
Geoffrey Chaucer (Londres, c. 1343 - 25 de outubro, 1400) foi um escritor, filósofo, cortesão e diplomata inglês. Embora tenha escrito muitas obras, é mais lembrado pela sua obra narrativa inacabada, Os Contos da Cantuária ("The Canterbury Tales" em inglês), uma das mais importantes da literatura inglesa medieval.
Às vezes chamado de pai de literatura inglesa, é atribuído a Chaucer por alguns estudiosos o fato de ter sido o primeiro autor a demonstrar a legitimidade artística do inglês nativo, em vez do francês ou do latim.
Extraído de
FRÓES, Heitor F. Meus poemas dos Outros. Traduções e versões. Bahia, 1952. 312 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
BALLADE OF GOOD COUNSEL
Geoffrey Chaucer
Flee from the crowd and dwell with truthfulness;
Suffice thee with thy goods, tho' they be small:
To board brings hate, to climb brings giddiness;
The crowd has envy, and success blinds all;
Desire no more than to thy lot may fall;
Work well thyself to counsel others clear,
And Truth shall make thee free, there is no fear!
Torment thee not all crooked to redress,
Nor put thy trust in fortune's turning ball;
Great peace is found in little busy-ness:
And war but kicks against a sharpened awl;
Strive not as the crook does with the wall,
Subdue thyself, and others thee shall hear,
And Truth shall make thee free, there is no fear!
What God doth send, receive in gladsomeness;
To wrestle for this world foretells a fall.
Here is no home, here is but wilderness;
Forth, pilgrim, forth; up, beast, and leave thy stall!
Know thy country, look up, thank God for all;
Hold the high way, thy soul the pioneer,
And Truth shall make thee free, there is no fear!
Therefore, poor beast forsake thy wretchedness;
No longer let the vain world be thy stall.
His mercy seek who in his mightiness
Made thee of naught, but not to be a thrall.
Fray freely for thyself and pray for all
Who long for larger life and heavenly cheer;
And Truth shall make thee free, there is no fear!
BALADA DO CONSELHO AMIGO
Tradução: Heitor P. Froes
Fugindo às multidões arrima-te à Verdade
E nunca julgues pouco o bem que possuíres:
Se rico, hás de causar mais ódio à humanidade. . .
E a vertigem da altura é certa se subires.
O triunfo nos cega, e a inveja não perdoa:
Não pretendendo mais do que possas obter,
E a ninguém recusando uma palavra boa,
Far-te-á livre a Verdade, e nada há que temer!
Não queiras corrigir tudo que existe errado,
Nem tentes acertar na roleta da sorte;
Encontrarás a paz sendo morigerado,
Que o mais visado sempre é o mais grado, o mais forte.
Não lamentes jamais do Destino a inclemência
E crê que, se em lugar de exibir teu saber,
Buscares auscultar a alheia experiência,
Far-te-á livre a Verdade, e nada há que temer!
Recebe o teu quinhão tendo um sorriso aberto:
Da sorte lamentar-se é quase um desatino;
Este mundo, afinal, não passa de um deserto. . .
Homem, eia! Animal, sús! — E' o vosso destino!
Procura conhecer e amar o teu país
E tudo que possuis aos céus agradecer;
Mantendo a fronte erguida é que hás de ser feliz:
Far-te-á livre a verdade, e nada há que temer!
Não te apegues, ó Verme, à terrena miséria,
Nem tenhas tanto amor a gleba tão precária;
Crê no que modelou tua frágil matéria,
Sem nunca pretender que tu fosses um pária...
Implorando pra ti, pra todos em geral
Que almejam finalmente ao Seu trono ascender,
Viver mais dilatado e gozo celestial,
Far-te-á livre a Verdade, e nada há que temer!
Página publicada em dezembro de 2017
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