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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

GARY SNYDER

 

 

Gary Snyder (São Francisco, Califórnia, 8 de maio de 1930) é um poeta, tradutor, linguista, mitólogo e antropólogo norte-americano associado à Geração Beat e ao chamado Renascimento de São Francisco. Vencedor de um Prémio Pulitzer de Poesia, é um budista e ativista ambiental e ficou mundialmente famoso ao ser retratado como o personagem Japhy Ryder no livro Brasil: Os Vagabundos Iluminados /Portugal: Os Vagabundos do Dharma (2000) ou Os Vagabundos da verdade (1965).

Gary Snyder durante toda sua vida sempre teve uma grande ligação com a natureza, sendo criado em uma fazenda na zona rural de Washington, vivendo, posteriormente, em meio ao selvagem, tendo trabalhado como lenhador e guarda florestal, onde praticou sua filosofia zen por longos anos, o que é muito retratado em suas poesias. Viveu também no Japão, onde casou-se e teve filhos.

Traduziu poetas chineses e é um dos precursores e maiores impulsionadores norte-americanos da pesquisa com a chamada etnopoética.

Biografia completa e obras ver em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Gary_Snyder

 

 

POESIA BEAT. Org. Sérgio Cohn.  Rio de Janeiro: Beco do AzougueEditorial, 2012.  215 p.       ilus. (Azougue especial)   Capa: Thiago Gonçalves.  ISBN 978-85-7920-093-9     
Equipe Azougue: Anita Ayres, Barbara Ribeiro, Evelyn Rocha, Lariassa Ribeiro, Luciana Fernandes, Thaís Almeida, Tiago Gonçalves e Wellington Portella.     Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Trad. De Luci Collin

 

 

MILTON BY FIRELIGHT

 

Piute Creek, August 1955

 

 

"O hell, what do mine eyes

        with grief behold?"
Working with an old
Singlejack miner, who can sense
The vein and cleavage
In the very guts of rock, can
Blast granite, build
Switchbacks that last for years
Under the Beat of snow, thaw, mule-hooves.
What use, Milton, a silly story
Of our lost general parents,

        eaters of fruit?

 

The Indian, the chainsaw boy,

And a string of six mules

Came riding down to camp

Hungry for tomatoes and green apples.

Sleeping in saddle-blankets

Under a bright night-sky

Han River slantwise by morning.

Jays squall

Coffee boils.

 

In ten thousand years the Sierras

Will be dry and dead, home of the scorpion.

Ice-scratched slabs and bent trees.

No paradise, no fall,

Only the weathering land

The wheeling sky,

Man, with his Satan

Scouring the chaos of the mind.

Oh Hell!

Fire down
Too dark to read, miles from a road
The bell-mare clangs in the meadow
The packed dirt for a fill-in
Scrambling through loose rocks
On a old trail
All of summer´s day.

 

 

 

 

       MILTON À LUZ DO FOGO

 

  Riacho Piute, agosto de 1955

 

"Oh, inferno, o que meu olhos
com desgosto veem?"
Trabalhando com um velho
Marreteiro de mina que sabe sentir
Veios e fendas

Nas veras entranhas da rocha, sabe
Detonar o granito, construir
Rodovias sinuosas que duram anos
Sob o açoite da neve, degelo, cascos de mula.
Pra que serve, Milton, esta história boba
Sobre nossos antepassados perdidos,
comedores de frutas?

 

0 índio, o garoto da serra elétrica
E seis mulas em fila
Desceram até o acampamento
Loucos por tomates e maçãs verdes.
Dormindo nas mantas das selas
Sob um céu noturno iluminado
0 Rio Han de través pela manhã.
Gaios grasnam
0 café ferve.

 

Em dez mil anos as Sierras

Estarão secas e exaustas, morada de escorpiões.

Lajes escavadas pelo gelo e árvores recurvas.

Nenhum paraíso, nenhuma queda,

Só a terra desgastada

O céu em rotação,

0 homem, com seu Satã

Esquadrinhando o caos da mente.

Oh, Inferno!

O fogo morendo
Escuro demais para ler, a milhas duma Estrada
Ressoa no pasto o cincerro de égua madrinha
Que carregou esterco pra aplanar o terreno
Avançando com dificuldade pelas pedras soltas
Numa velha trilha
Tudo de um dia de verão.

 

 

 

 

FOUR POEMS FOR ROBIN

 

        Siwashing it out once in Siuslaw Forest

 

 

I slept under   rhododendron

All night    blossoms fell

Shivering on     a sheet of cardboard

Feet stuck in my pack

Hands deep     in my pockets

Barely   able   to   sleep.

I remembered   when we were in school

Sleeping together    in a big warm bed

We were  the youngest lovers

When we broke up     we were still nineteen.

Now our   friends are married

You teach    school back east

I dont mind     living this way

Green hills    the long blue beach

But sometimes    sleeping in the open

I think back     when I had you.

 

 

 

A spring night in Shokoku-ji

 

Eight years ago this May

We walked under cherry blossoms

At night in an orchard in Oregon.

All that I wanted then

Is forgotten now, but you.

Here in the night

In a garden of the old capital

I feel the trembling ghost of Yugao

I remember your cool body

Naked under a summer cotton dress.

 

 

 

 

QUATRO POEMAS PARA ROBIN

 

Bivacando uma vez na Floresta Siuslaw

 

Dormi debaixo    dum rododendro

A noite toda       flores caíram

Tiritando sobre   uma folha de papelão

Pés embrulhados na mochila

Mãos enfiadas    nos bolsos

Mal conseguindo        pregar o olho.

Lembrei de       quando estávamos na escola

Dormindo juntos numa cama grande e quent

Éramos      os mais jovens amantes

Quando rompemos        tínhamos só dezenove.

Agora nossos      amigos estão casados

Você leciona      numa escola lá pro leste

Não me importo  em viver deste jeito

Serras verdes     a extensa praia azul

Mas às vezes      dormindo ao relento

Penso no passado       quando tive você.

 

 

Uma noite de primavera em Shokoku-ji

 

Neste maio faz oito anos

Que à noite passeamos sob as flores

Dum cerejal no Oregon.

Tudo que eu então desejava

Já esqueci, menos você.

Aqui esta noite

Num jardim da velha capital

Sinto o fantasma tremente de Yugao

Recordo do frescor do seu corpo

Nu sob um leve vestido de verão.

 

 

 

       

 

An autumn morning in Shokoku-ji

 

Last night watching the Pleiades,

Breath smoking in the moonlight,

Bitter memory like vomit

Choked my throat.

I unrolled a sleeping bag

On mats on the porch

Under thick autumn stars.

In dream you appeared

(Three times in nine years)

Wild, cold, and accusing.

I woke shamed and angry:

The pointless wars of the heart.

Almost dawn. Venus and Jupiter.

The first time I have

Ever seem them close.

 

 

December at Yase

 

You said, that October,
In the tall dry grass by the orchard
When you chose to be free,
"Again someday, maybe ten years."

 

After college I saw you
One time. You were strange.
And I was obsessed with a plan.

 

Now ten years and more have
Gone by: I've always known

        Where you were -
I might have gone to you
Hoping to win your love back.
You still are single.

 

I didn't.

I thought I must make it alone.
I Have done that.

 

Only in dream, like this dawn,
Does the grave, awed intensity
Of our young love
Return to my mind, to my flesh.

 

We had what the others

All rave and seek for;

We left it behind at nineteen.

 

I feel ancient, as though I had
Lived many lives.

 

And may never now know
If I am a fool
Or have done what my
karma demands.

 

 

 

 

        Uma manhã de outono em Shokoku-ji

 

Noite passada mirando as Plêiades,
Tragando o ar enluarado
Lembrança amarga como vômito
Sufocou minha garganta.
Desenrolei um saco de dormir
Sobre as esteiras da varanda
Sob profusas estrelas de outono.
Em sonho você apareceu
(Três vezes em nove anos)
Agitada, impassivel, acusante.
Acordei envergonhado e furioso:
As guerras insensatas do coração.
Quase aurora. Vénus e Júpiter.
Primeira vez que vi
Os dois tão próximos.

 

 

 

Dezembro em Yase

 

Naquele outubro você disse,

Na grama alta e seca junto ao pomar

Quando decidiu ser livre,

"Algum dia, talvez em dez anos."

 

Depois da faculdade vi você
Uma vez. Você estava estranha.
E eu, obcecado por um projeto.

 

Agora mais de dez anos se
Passaram: eu sempre soube
Onde você estava -
Eu poderia ter ido até lá
Na esperança de recuperar seu amor.
Você ainda é livre.

 

Não fui.

Achei que devia fazer tudo sozinho.
E Assim o fiz.

 

Só em sonho, como neste amanhecer,
É que a grave e assustadora intensidade
De nosso jovem amor
Volta à minha mente, ao meu corpo.

 

Tivemos o que todos
Buscam desesperadamente;
Abandonamos tudo aos dezenove.
Me sinto velho, como se tivesse
Vivido muitas vidas.

 

E agora nunca poderei saber
Se sou um tolo
Ou se fiz o que determina
o meu carma.

 

 

 

 

WHAT YOU SHOULD KNOW TO BE A POET

 

all you can about animals as persons,
the names of trees and flowers and weeds,
names of stars, and the movement of the planets
and the moon.

 

your own six senses, with a watchful and elegant mind.

 

at least one kind of traditional magic:

divination, astrology, the book of changes, the tarot;

 

dreams.

the illusory demons and illusory shining gods;

 

kiss the ass of the devil and eat shit;
fuck his horny barbed cock,
fuck the hag, and the celestial angels

                                and maidens perfum'd and golden -

 

& then love the human: wives   husbands   and friends.

 

children's games, comic books, bubble-gum,
the weirdness of television and advertising.

 

work, long dry hours of dull work

                                swallowed and accepted
and livd with and finally lovd.      exhaustion,

                                 hunger, rest,
the wild freedom of the dance, extasy
silent solitary illumination, enstasy

 

real danger,   gambles,    and the edge of death.

 

 

 

 

 

 

O QUE VOCÊ DEVERIA SABER PARA
SER UM POETA

 

tudo que puder sobre animais assim como pessoas, nomes de árvores e de flores e de ervas daninhas,
nomes de estrelas e o movimento dos planetas e da lua.

 

seus próprios seis sentidos, com uma mente atenta e   
elegante.

 

pelo menos um tipo de magia tradicional:
adivinhação, astrologia, o livro das mutações, o tarô;

 

sonhos.

os demónios ilusórios e os reluzentes deuses ilusórios;

 

beijar o cu do diabo e comer merda,
foder seu calejado pau farpado;
foder a bruxa,
e os anjos celestiais

                          e as virgens preciosas e perfumadas -

 

& então amar o humano: esposas    maridos   e amigos.

 

jogos de criança, quadrinhos, chiclete,
a bizarrice da televisão e dos anúncios.

 

trabalhar, longas e áridas horas de trabalho maçante

                                    engolido e aceito
e tolerado e finalmente amado.     exaustão,

                                    fome, descanso,

a liberdade natural da dança, êxtase,
a tácita e solitária iluminação, ênstase,

 

perigos reais,   riscos,    e o gume da morte.

 

 

 

REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL.  Ano 2, Número 3, jan./jun. 2020       Brasília, DF: Editora Cajuína,
2020. 124 p.  Presidente: Flavio R. Kothe.   ISSN 2674-8495  



Tradução do INGLÊS por  MARCOS FREITAS

 

                       A GRANDE MÃE

      
       Nem todos aqueles que passam
             Em frente aos trono da Grande Mãe
             Passam apenas com um olhar.
             A alguns ele observa-lhes as mãos
             Para ver que tipo de selvagens foram.

 

 

Página publicada em outubro de 2020

 

 

 


 

 

 
 
 
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