POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
EUGENIO MONTALE
Eugenio Montale nascido em Gênova em 1896 sendo considerado o mais expressivo representante italiano da poesia hermética, publicou Ossi di seppia (1925), livro de poesia de maior sucesso na Itália, Le occasioni (1939) e La bufera e altro (1956).
Eugenio Montale recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1975 e morreu em 1981.
Extraído de
POESIA SEMPRE. Revista Semestral de Poesia.. Ano 3 – Número 6 – Fevereiro 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional / Ministério da Cultura – Departamento Nacional do Livro. ISSN 0104-0626 Ex. bibl. Antonio Miranda
In Limine
Godi se il vento ch'entra nel pomario
vi rimena l'ondata della vita:
qui dove affonda un morto
viluppo di memorie,
orto non era, ma reliquiario.
Il frullo che tu senti non è un volo,
ma il commuoversi dell'eterno grembo;
vedi che si trasforma questo lembo
di terra solitario in un crogiuolo.
Un rovello è di qua dall'erto muro.
Se procedi t'imbatti
tu forse nel fantasma che ti salva:
si compongono qui le storie, gli atti
scancellati pel giuoco del futuro.
Cerca una maglia rotta nella rete
che ci stringe, tu balza fuori, fuggi!
Va, per te l'ho pregato, — ora la sete
mi sarà lieve, meno acre la ruggine...
In Limine
Folga se o vento sopra no pomar e o
faz tremer na ondulalo da vida;
aqui se afunda um morto
urdume de memórias,
que horto já náo é, mas relicário.
Não é um voo este adejar ao sol
e sim a comoção do etemo seio;
vê como se transforma um pobre veio
de terra solitário num crisol.
Ímpeto desta parte do árduo muro.
Se avanças, tens contatos
(tu talvez) com o fantasma que te salva;
aqui vão-se compondo histórias, atos
riscados pelo jogo do futuro.
Procura a malha rota nesta rede
que nos estreita, e pula fora, escapa!
Vai, por ti faço votos — minha sede
será leve, a ferrugem menos áspera...
Tradução de Ivo Barroso
Felicità raggiunta, si cammina
per te su fil di lama.
Agli occhi sei barlume che vacilla,
al piede, teso ghiaccio che s'incrina;
e dunque non ti tocchi chi più t'ama.
Se giungi sulle anime invase
di tristezza e le schiari, il tuo mattino
è dolce e turbatore come i nidi delle cimase.
Ma nulla paga il pianto del bambino
a cui fugge il pallone tra le case.
A Celso Lafer
_ Felicidade alcançada, quem te acha
por ti caminha sobre fios de navalhas.
Aos olhos vaga imagem que vacila,
sob os pés, és gelo teso que se racha;
e assim a quem mais te ama, mais lhe falhas.
Se atinges as almas sombreadas
de tristeza com luz clara, será doce tua manhã
e perturbadora como os ninhos das cimalhas.
Mas nada paga o choro do menino
que vê fugir-lhe a bola dentr'as calhas.
Tradução de Rubens Rícupero
DUAS PALAVRAS: Uma publicação da Biblioteca Pública Estadual Luis de Bessa. Belo
Horizonte, MG; 1983-
v. 1- No. 0-Out. 1983- Ex. bibl. Antonio Miranda
Página publicada em dezembro de 2017; página ampliada em junho de 2019
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