| POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS 
 
 EMILY DICKINSON  (1830-1887)            Emilly  Elizabeth Dickinson (Amherst, 10 de dezembro de 1830 - 15 de maio de 1886) foi  uma poetisa americana, considerada moderna em vários aspectos da sua obra.          Dickinson  e Lucretia Gunn Dickinson, no ano de 1813. Samuel Fowler era advogado e foi um  dos principais fundadores do Amherst College. Era a segunda filha de Edward e  Emily Norcross Dickinson.          Proveniente  de uma família abastada, Emily teve formação escolar irrepreensível, chegando a  cursar durante um ano o South Hadley Female Seminary. Abandonou o seminário  após se recusar, publicamente, a declarar sua fé.          Quando  findou os estudos, Emily retornou à casa dos pais para deles cuidar, juntamente  com a irmã Lavínia que, como ela, nunca se casou.          Em  torno de Emily, construiu-se o mito acerca de sua personalidade solitária.  Tanto que a denominavam de a “Grande Reclusa”. Dickson vivia semienclausurada  na casa refinada de seu pai em Amherst. É importante que se diga, que este  comportamento de Emily coadunava-se com o modelo de conduta feminina que era  apregoado no Massachusetts de Oitocentos. Emily, em raros momentos, deixou sua  vida reclusa, tanto que em toda sua vida, apenas fez viagens para a Filadélfia  para tratar de problemas de visão, uma para Washington e Boston. Foi numa  destas viagens que Emily conheceu dois homens que teriam marcada influência em  sua vida e inspiração poética: Charles Wadsworth e Thomas Wentworth Higginson.          Emily  conheceu Charles Wadsworth, um clérigo de 41 anos, em sua viagem à Filadélfia.  Alguns críticos creditam a Wadsworth, como sendo o alvo de parte dos poemas de  amor escritos por ela. Embora Dickinson tenha tido amizades intelectuais bem  tênues com Wadsworthesses e Higginson, passou toda a sua vida escrevendo cartas  apaixonadas a sua amiga Kate Scott Anthon.          Emily  morreu de nefrite, tendo sido enterrada no West Cemetery, em Amherst, com a sua  irmã Lavinia, pais e avós paternos[2].          Após  seu falecimento, a família encontrou 1750 poemas, escritos a partir de 1850[3].  Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily Dickinson tem como fonte as  correspondências que ela manteve com algumas pessoas. Entre elas: Susan  Dickinson, que era sua cunhada e vizinha, colegas de escola, familiares e  alguns intelectuais como Samuel Bowles, o Dr. e a Mrs. J. G. Holland, T. W.  Higginson e Helen Hunt Jackson. Nestas cartas, além de tecer comentários sobre  o seu cotidiano, havia também alguns poemas.                             Mais informações na  wikipedia.    POESIA SEMPRE. Ano 7   Número 10 abril 1999  – Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca  Nacional, 1999.  Editor Geral: Antonio  Carlos Secchin. A edição inclui uma seção especial de Poesia Russa, organizada  por Marco Lucchesi.  Ex. bibl. Antonio  Miranda     Inclui  um texto de Jorge Wanderley e traduções do poema I Died for Beauty, de Emily  Dickinson  traduzidos por Aila de  Oliveira, Cecília Meireles,Idelma Roberto de Faria, Jorge de Sena, Jorge  Wanderley, José Lino Grunewald, Manuel Bandeira e Olivia Krabenbuhl.    “Ela  passa ao leitor de sua biografia e de seus poemas a impressão do gênio que se  conhece a si mesmo e sem esnobismo, mas antes com toda a naturalidade atravessa  em linha reta o a si mesmo e sem esnobismo, mas antes com toda a naturalidade  atravessa em linha reta o que poderia parecer serem objeções às suas escolhas.  Sabia que estava certa. Jogou nessa certeza praticamente toda a vida, e jamais  usou lances dramáticos para afirmá-lo. O tempo confirmaria sua certeza, e a  “monja” permanece como um desses marcos da produção poética que têm lugar  especial na história da poesia.”           JORGE WANDERLEY   I Died for Beauty I died for Beauty — but was  scarceAdjasted in the Tomb
 When One who died for Truth, was lain
 In na adjoining Room —
 He questioned softly “Why I  failed” ?“For Beauty”, I replied —
 And I — for Truth — Themself are One —
 We Brethren, are, He said —
 And so, as Kinsmen, met a  Night —We talked between the Rooms —
 Until the Moss hadreached our lips —
 And covered up — our names —
   MORRI PELA BELEZA           Tradução  de Cecília Meireles           Morri  pela beleza, e ainda não estavaMeu  corpo à tumba acostumado
 Quando  alguém que morreu pela verdade
 Foi  posto do outro lado.
         Brandamente indagou: “Por que morreste?” “Pela  beleza”, disse: “Pois
 Eu,  fui pela verdade. Ambas são o mesmo.
 Somos  irmãos os dois,”
         E assim, parentes de noite encontrados,Conversamos  entre as paredes,
 Até  que o musgo nos chegasse aos lábios
 Nossos  nomes cerrando em suas redes.
           POEMAS DE EMILY DICKINSON    Traduzidos  por MANUEL BANDEIRA     À PORTA DE DEUS   Duas  vezes perdi tudoE foi debaixo da terra.
 Duas vezes parei mendiga
 À porta de Deus.
   Duas  vezes os anjos, descendo dos céus, Reembolsaram-me de minhas provisões.
 Ladrão, banqueiro, pai,
 Estou pobre mais uma vez!
       BELEZA E VERDADE   Morri  pela beleza, mas apenas estava  Acomodada  em meu túmulo,  ALguém  que morrera pela verdade Era depositado no carneiro contíguo.
   Perguntou-me  baixinho o que me matara: —      A beleza, respondi. —      A mim, a verdade — é a mesma coisa,Somos irmãos.
   E  assim, como parentes que uma noite se encontram, Conversamos  de jazigo a jazigo, Até  que o musgo alcançou os nossos lábios E  cobriu os nossos nomes.   NUNCA VI UM CAMPO DE URZES
 Nunca  vi um campo de urzes. Também nunca vi o mar.
 No entanto sei a urze como é,
 Posso a onda imaginar.
 Nunca  estive no Céu, Nem vi Deus. Todavia
 Conheço o sítio como se
 Tivesse em mãos um guia.
     CEMITÉRIO Este  pó foram damas, cavalheiros, Rapazes e meninos;
 Foi riso, foi espírito e suspiro,
 Vestidos, tranças finas.
 Este  lugar foram jardins que abelhasE flores alegraram.
 Findo o verão, findava o seu destino...
 E como estes, passaram.
   MINHA VIDA ACABOU DUAS VEZES
 Já  morri duas vezes, e vivo. Resta-me ver enfim
 Se terceira vez na outra vida
 Sofrerei assim
 Dor  tão funda e desesperada, O pungir quotidiano e eterno.
 Só sabemos do Céu que é adeus,
 Basta a saudade como Inferno.
     Página  publicada em abril de 2018; ampliada em setembro de 2018 
 |