POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
EDWIN MORGAN
Edwin George Morgan, (Glasgow, 27 de abril de 1920 - 19 de agosto de 2010), foi um poeta, tradutor e dramaturgo escocês de língua inglesa, considerado um dos poetas mais importantes do seu país, ou o "Poeta Nacional" (Scots Makar). Tendo escrito sob uma grande variedade de formas, incluindo o soneto, sofreu influência da Geração Beat, de William Blake, Maiakovski e da Poesia concreta, publicando poemas na revista Invenção, ligada ao grupo Noigandres. Traduziu poemas de diversas línguas, inclusive trechos de "Galáxias" de Haroldo de Campos.
MORGAN, Edwin. Na estação central. Seleção, tradução e introdução de Virna Teixeira.
Brasília, DF: Editora da Universidade de Brasília, 2006. 94 p. (Poetas do mundo)
12,5x18 cm. ISBN 85-230-0895-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
Este livro está disponível para venda pela internet na Loja Virtual da UnB: https://loja.editora.unb.br/
Adiantamos aqui 2 (dois) poemas do livro:
Strawberries
There were never strawberries
like the ones we had
that sultry afternoon
sitting on the step
of the open french window
facing each other
your knees held in mine
the blue plates in our laps
the strawberries glistening
in the hot sunlight
we dipped them in sugar
looking at each other
not hurrying the feast
for one to come
the empty plates
laid on the stone together
with the two forks crossed
and I bent towards you
sweet in that air
in my arms
abandoned like a child
from your eager mouth
the taste of strawberries
in my memory
lean back again
let me love you
let the sun beat
on our forgetfulness
one hour of all
the heat intense and summer lightning
on the Kilpatrick hills
let the storm wash the plates
Morangos
Nunca houve morangos
como os que tivemos
naquela tarde tórrida
sentados nos degraus
da porta-janela aberta
de frente um para o outro
seus joelhos encostados nos meus
os pratos azuis em nossos colos
os morangos brilhando
na luz quente do sol
nós os mergulhamos em açúcar
olhando um para o outro
sem apressar a festa
para chegar ao fim
os pratos vazios
deitados sobre a pedra juntos
com os dois garfos cruzados
e me aproximei de você
dócil naquele ar
nos meus braços
abandonado como uma criança
da sua boca ávida
o gosto de morangos
na minha memória
inclina-se de volta
deixe-me amá-lo
deixe o sol bater
sobre o nosso esquecimento
uma hora de tudo
o calor intenso
e o relâmpago de verão
nas colinas de Kilpatrick
deixe a tempestade lavar os pratos
The Death of Marilyn Monroe
What innocence? Whose guilt? What eyes? Whose breasts?
Crumpled orphan, nembutal bed,
white hearse, Los Angeles,
Di Maggio! Los Angeles! Miller! Los Angeles! America!
That Death should seem the only protector —
That all arms should have faded, and the great cameras and lights
become an inquisition and a torment —
That the many acquaintances, the autograph-hunters, the
inflexible directors, the drive-in admirers should become
a blur of incomprehension and pain —
That lonely Uncertainty should limp up, grinning, with bewildering
barbiturates, and watch her undress and lie
down and in her anguish
call for him! call for him to strengthen her with what could
only dissolve her! A method
of dying, we are shaken, we see it. Strasberg!
Los Angeles! Olivier! Los Angeles! Others die
and yet by this death we are a little shaken, we feel it,
America.
Let no one say communication is a cantword.
They had to liit her hand from the bedside telephone.
But what she had not been able to say
perhaps she had said. 'All I had was my life.
I have no regrets, because if I made
any mistakes. I was responsible.
There is now - and there is the future.
What has happened is behind. So
it follows you around? So what?'- This
to a friend, ten days before.
And so she was responsible.
And if she was not responsible, not wholly responsible.
Los Angeles?
Los Angeles? Will it follow you around? Will the slow
white hearse of the child of America follow you around?
A morte de Marilyn Monroe
Que inocência? De quem a culpa? Que olhos? De quem
os seios?
Orfã amarrotada, leito de nembutal.
carro fúnebre branco. Los Angeles,
Di Maggio! Los Angeles! Miller! Los Angeles! América!
Que a Morte deveria parecer o único protetor —
Que todos os braços deveriam ter desvanecido, e as
grandes câmeras e luzes
tornaram uma inquisição e um tormento —
Que os muitos conhecidos, os caçadores de autógrafos, os
diretores inflexíveis, os fãs de drive-ins
deveríam tornar
uma mancha de incompreensão e dor —
Que solitária Incerteza deveria tropeçar, sorrindo, com barbitúricos atordoados, e olhá-la ao se despir
e deitar
sobre e na sua angústia
chamem por ele! Chamem por ele para fortalece-la com
o que poderia
apenas dissolvê-la! Um método
de morrer, estamos chocados, assistindo. Strasberg!
Los Angeles! Olivier! Los Angeles! Outros morrem
e ainda por causa desta morte estamos um pouco
chocados, nós a sentimos,
América.
Não deixe ninguém dizer que a comunicação é um jargão.
Eles tiveram que levantar a mão dela do telefone ao lado
da cama.
Mas o que ele não foi capaz de dizer
talvez ela tenha dito. “Tudo o que eu tinha era minha vida.
Não me arrependo, porque se cometi
alguns erros, eu fui a responsável.
Existe o agora — e existe o futuro.
O que aconteceu ficou para trás, Então
te segue? E daí?” — Isso
para uma amiga, dez dias antes.
E então ela foi responsável.
E se ela não foi responsável, não completamente
responsável, Los Angeles?
Los Angeles? Vai te perseguir? Será que o lento
carro fúnebre branco da criança da América vai
seguir?
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia. Ano XV. No. 24. Editor Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995. 150 p.
Ex. na biblioteca de Antonio Miranda
Tradução de Manuel Portela
Figueira da Foz/Portugal.
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia Ano XIX – NO. 28/29. Editor: Guido Bilharino. Uberaba, MG: 1999. 312 p. No. 10 883
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
*
VEJA e LEIA outros poetas do mundo em português em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html
Página publicada em setembro de 2024
Página publicada em fevereiro de 2018
|