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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
 

CHEN DONGDONG

 

Chen Dongdong nasceu em Xangai em outubro de 1961 e viveu lá a maior parte de sua vida. Chen foi um colaborador frequente de revistas de poesia não oficiais em toda a China durante a década de 1980, e ele foi um dos principais editores da Tendency倾向 (1988-1991) e da South Poetry Magazine南方 (1992-1993). Uma primeira coleção oficialmente publicada de poesia não apareceu até o início dos anos 90, embora a poesia de Chen frequentemente aparecesse em periódicos literários oficialmente publicados e em publicações estrangeiras chinesas.

Em 1996, Chen foi premiado com o New York-based Hellman-Hammett Prize, e ele passou alguns meses nos EUA.

 

 

POESIA SEMPRE  Número 27 – Ano 14 – 2007  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2007.  Editor Marco Lucchesi.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

Sentado a sós no pavilhão do vinho, como ler a poesia antiga

 

No rio a névoa encerra a vela solitária. A límpida manhã entra no templo

 

a rocha vermelha cheia de umidade

como folhas orvalhadas tingidas de outono

sopra o vento caem folhas

como pintarroxos que se detêm nas mãos da sombra
todos

eles podiam ser seus próprios versos. Com os Song

o mar recua e vemos as rochas, na estação seca uma cidade no ocaso da
poesia.

 

Mas eu passei uma noite de chuva
na rocha vermelha

as folhas verdes se parecem com muitos peixes
moribundos, a umidade as torna gordas e frescas,
mas agora a cortiça, ainda rugosa, flutua no tanque
não se parece com nada.

Do outro lado do rio. olho o passado, o pavilhão do vinho da tarde se assenta apoiado no monte.

 

Eni meio a tudo isso

vejo no rio um bando de aves rapaces, gritam e mordem
asas como facas,

nós também precisamos de pensamentos como facas,

no pavilhão do vinho

os versos de Su Shi já não valem mais

sentado sozinho aprendo a ver com meus olhos que

a montanha é alta, e a lua, pequena

 

 

 

Língua

 

As espáduas da rocha se abrem, as asas da fragata se estendem
o sol zumbindo como um escaravelho
entra sem querer na sala branca,

bem mais longe um barco vermelho se achega lentamente como um outro crepúsculo de verão

 

Nos meus olhos, entre meus dedos
brilha o sal

e aquela lembrança nas profundezas da mente,

agora ornada de verde, percorre todo o pórtico cantando e dançando
muda

 

Quando as nuvens finalmente se quebram

e cardumes de peixes são empurrados ao pagode do mar

a lâmpada pode incendiar de repente todas as pontas dos ramos

iluminar a tua e a minha língua

 

 

Lua

Minha Lua é desolada e minúscula

meu domingo é coberto de livros

estou no abismo de muitas impossibilidades

e creio que o tempo e o mar do desejo estão vazios

que um fogo vivo pode durar

 

Na noite luminosa

como posso mandar cartas à aurora?

Frases solitárias põem-se de ponta-cabeça frente ao espelho
como morcegos

que hesitam na escuridão da volta ao sonho

como um velho disco que sob a lâmpada faz deslizar um confuso
escutar

 

0 caminhão da água corre ligeiro, o piano rompe
a proibição da primavera
minha vida cai na poeira

na primeira página da partitura que abro para ti
quando cintilam o cavalo inflamado e os meteoros

 

Ainda não escolhi meu jardim

plantas enlouquecidas confundem-se na música

na paisagem da minha ilusão e no inocente crepúsculo

minha lua é desolada e minúscula

 

Na noite luminosa como posso mandar
cartas à aurora?

Caí na Shanghai que perdeu a luz
no amor rarefeito

vejo o teu rosto envelhecendo a cada dia

 

 

 

Página publicada em fevereiro de 2019


 

 

 
 
 
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