POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
ANTONELLA ANEDDA
Antonella Anedda (Roma, 22 dicembre 1955 è una poetessa, saggista e storica dell'arte italiana.
Antonella Anedda (Anedda-Angioy), è nata a Roma da una famiglia sardo-corsa. Si è laureata in storia dell'arte moderna studiando tra Roma e Venezia. È stata docente all'Università di Siena e ora insegna all'Università della Svizzera italiana di Lugano.
TEXTO EN ITALIANO - TEXTOS EM PORTUGUÊS
POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia. ANO 3 – NÚMERO 6 – OUTUBRO 1995. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1996. Ex. bibl. Antonio Miranda
Benedetta tu a distanza
la più innocente fra le cose lontane
nicchia di tavolo e mela
una sfera, un piano e contro l'alta fiamma del fuoco
le due forme congiunte a scavare il nitore di un vano.
Nulla in realtà ci chiama
eppure ci accostiamo agli oggetti
quasi fossero gli echi di una você
l'annuncio indifeso di altre vite.
L'acqua nera, la sagoma del cane verso il molo.
Nessuno può dirli ricordi e fischiare davvero come allora
ma noi vediamo le tre stanze, lo scatto
di chi ancora viveva
e a un tratto gli armadi ci rimandano
un fuoco errante, l'incerta stella di un viso.
Nulla è compiuto, nulla è ancora profondo.
C'è solo il tonfo di una calce improvisa
e queste grida fra felci che sferzano le schiene
grida che non capiamo come accade nel buio agli inseguiti.
Alberi, corpi, folate contro i muri.
Basta un gesto: il rovescio di un gomito che spegne uma
candela.
Di colpo diventiamo ciò che aveva tremato.
Abençoada sejas à distância
tu, mais inocente entre as coisas remotas
nicho de mesa e de maçã
uma esfera, um plano e contra a alta chama da fogueira
as duas formas conjuntas cavando a clareza de um vão.
Nada nos chama, em realidade,
porém nos acercamos dos objetos
como se fossem ecos de uma voz
o anunciar-se indefeso de outras vidas.
A água negra, o perfil de um cachorro junto ao pier.
Ninguém pode dizer-lhe lembras e assoviar de verdade
como então
mas vemos os três quartos, o salto
de quem ainda vivia
e o armário de repente nos devolve
o fogo errante, a estrela incerta de um rosto.
Nada está feito, nada ainda é profundo.
Somente há um baque de improvisa cal
e esses gritos em meio às samambaias
que açoitam costas
gritos que não sabemos como ocorre no escuro
aos perseguidos.
Árvores, corpos, vento contra os muros.
Basta um gesto, verso do cotovelo apagando uma
vela.
Súbito, nos tomamos aquilo que tremeu.
Tradução de Marina Colasanti
Accogli, scostando l'osso che ti sbarra il cuore, questo angolo di pietra. Qui matura l'amarezza, l'accampamento fioco degli angeli, l'ombra delle tuniche a cono, fredde sulla sabbia, i corpi verticali e duri. Devastati da immagini di polene, raddoppiati in uccelli noi siamo come loro senza viso e sangue. Come loro componiamo le nostre geometrie fugacemente, nella velocità del crollo, nelle grida lungo i tetti, nei pugni delle mani alate.
Afasta o osso que te trava o coração, e acolhe este ângulo de pedra. Aqui amadurecem a amargura, o acampamento ténue dos anjos, a cónica sombra das túnicas frias sobre a areia, os corpos verticais e duros. Devastados pela imagem das carrancas, desdobrados em pássaros, como eles somos sem rastro e sangue. Como eles combinamos nossas fugazes geometrias, na rapidez da queda, nos gritos que percorrem os telhados, nos punhos das mãos aladas.
Tradução de Marina Colasanti
Sarà una pausa. Obliqua
aria notturna, per chi ha sete
un alito serrato
li dove il legno segretamente
cede
sarà orlo e vento
nel vaso che ruota contro il buio
esatte forme cinesi. Ora il cervo
ora l'abete. Punte di stelle-siepi.
Chi resta avrà cure precise.
Atti di deserto non pensieri
sforzo di talloni sollevati
e raccolta di rami
per dare cesto alle pietre
sabbia
spinta con pale contro i muri.
Dovrà portare alte lampade umane
disporle inutilmente lungo un fuoco,
in piena luce attendere.
A tempesta. L'erba che si fa dura.
Lo scomporsi dei nomi.
Finalmente l'ombra più alta delle cifre.
sera uma pausa. Ar
noturno enviesado para matar a sede
um hálito cerrado
onde a madeira cede
secretamente
será beirada e vento
nesse jarro que gira contra o escuro
exatas formas chinesas. Ora o cipreste
ora o cervo. Pontas de estrela-sebe.
Quem ficar terá exatos cuidados.
Um fazer de deserto sem pensamento algum
calcanhares erguidos com esforço
e coleta de galhos
para dar cesto às pedras
e areia
lançada contra os muros pelas pás.
Levará altas lâmpadas humanas
que porá junto a um fogo inutilmente
para esperar depois, em plena luz.
A tempestade. A grama que endurece.
O descompor dos nomes.
E finalmente a sombra mais alta do que as cifras.
Tradução de Marina Colasanti
Página publicada em janeiro de 2018
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