POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
Imagem e biografia: wikipedia
ANDREW MARVELL
Andrew Marvell foi um poeta, escritor satírico e parlamentar inglês. Foi pouco reconhecido como poeta em sua época, mas ganhou popularidade como escritor satírico, bem como patriota. Foi amigo e ajudante de um autor de grande renome, John Milton, e admirador do político Oliver Cromwell. Wikipédia
Nascimento: 31 de março de 1621, Winestead, Reino Unido
Falecimento: 16 de agosto de 1678, Londres, Reino Unido
Formação: Trinity College, Universidade de Cambridge, Hull Grammar School
POESIA METAFÍSICA - UMA ANTOLOGIA. Seleção, tradução , introdução e notas de Aíla de Oliveira Gomes. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1991. 195 p. Edição bilingue Inglês - Português. sobrecapa.
Ex. bibl. Antonio Miranda
THE DEFINITION OF LOVE
My love is of a birth as rare
As 'tis for object strange and high
It was bigotten by Despair
Upon Impossibility.
Magnanimous Despair alone
Could show me so divine a thing.
Where feeble Hope could ne'er have flown
But vainly flapt its Tinsel Wing.
And yet I quickly might arrive
Where my extended Soul is fixt,
But Fate does Iron wedges drive,
And alwaies crowds it self betwixt.
For Fate with jealous Eye does see
Two perfect loves; nor lets them close:
heir union would her ruine be,
And her Tyrannick pow 'r depose.
And therefore her Decrees of Steel
Us as the distant Poles have plac'd,
(Though loves whole World on us doth wheel)
Not by themselves to be embrac'd.
Unless the giddy Heaven fall,
And Earth some new Convulsion tear;
And, us to joyn, the World should all
Be cramp'd into a Planisphere.
As lines so loves oblique may well
Themselves in every Angle greet:
But ours so truly Parallel,
Though infinite can never meet.
Therefore the love which us doth bind,
But Fate so enviously debars,
Is the Conjunction of the Mind,
And Opposition of the Stars.
DEFINIÇÃO DO AMOR
Meu amor tem sua origem e objeto
Tão estranhos e de tal raridade —
Pois foi gerado pelo Desespero
Na própria Impossibilidade.
Somente o Desespero que me exalta
Um tão divino alguém me mostraria,
Onde, agitando em brilho as frágeis asas,
A Esperança tênue não ousaria.
Ainda assim, eu chegaria, decerto,
Onde minha alma, estendida, se fixa —
Mas o Fado, a meter cunhas de ferro
E a barrar meu caminho se encarniça.
Porque com olhos de inveja ele sente
Dois amores perfeitos — p'ra seu dano,
orque tal união, se ele consente,
Destronaria seu poder tirano.
E então cria decretos iracundos
Que em pólos opostos nos espacem,
(Embora um mundo de amor nos circunde)
Não deixando que os amantes se abracem —
A menos que tontos desabem os céus,
Ruindo a terra em terremoto sério,
E, para unir-nos, este mundo, ao léu,
Se contraia num mero planisfério.
As linhas oblíquas (e, desse jeito,
O amor) podem em algum ângulo se tocar;
Mas as nossas — paralelo perfeito —,
Infinitas, nunca hão de se encontrar.
E, pois, este Amor que a nós une, ardentes,
E que o Fado trava, em sua querela,
É imagem da conjunção das mentes
E da oposição das estrelas.
THE MOWER'S SONG
My mind was once the true survey
Of al these meadows fresh and gay,
And in the greenness of the grass
Did see its hopes as in a glass;
When Juliana carne, and she
What I do to the grass, does to my thoughts and me.
But these, while I with sorrow pine,
Grew more luxuriant still and fine,
That not one blade of grass you spied,,
But had a flower on either side;
When Juliana carne, and she
What I do to the grass, does to my thoughts and me.
Unthankful meadows, could you so
A fellowship so true forgo,
And in your gaudy May-games meet,
While I lay trodden under feet?
When Juliana carne, and she
What I do to the grass, does to my thoughts and me.
But what you in compassion ought,,
Shall now by my revenge be wrought:
And flowers, and grass, and I and all,
Will in one common ruin fali.
For Juliana comes, and she
What I do to the grass, does to my thoughts and me.
And thus, ye meadows, which have been
Companions of my thoughts more green,
Shall now the heraldry become
With which I will adorn may tomb;
For Juliana comes, and she
What I do to the grass, does to my thoughts and me.
CANÇÃO DO SEGADOR
Outrora, em minha mente, à semelhança
De todos esses frescos lindos prados,
E na cor verdejante dos gramados,
Como em espelho, via minha esperança.
Pois eis que Juliana veio, e, por fim,
O que faço à grama, ela faz à minha mente e a mim.
Estes prados, no que eu definho, triste,
Crescem mais luxuriantes e esmaltados,
Nem mais uma folha de grama existe
Sem remate de flor de ambos os lados.
Pois eis que Juliana veio, e, por fim,
O que faço à grama, ela faz à minha mente e a mim.
Prados ingratos, que podeis, infiéis,
Uma tão velha amizade esquecer,
E em festa de maio verdecer
Enquanto eu estou sendo calcado aos pés.
Pois eis que Juliana veio, e, por fim,
O que faço à grama, ela faz à minha mente e a mim.
O que não fazeis, porque não me amais,
Minha vingança agora irá forjar,
E flores, grama, e eu e tudo o mais
Numa ruína comum vamos tombar.
Pois eis que Juliana veio, e, por fim,
O que faço à grama, ela faz à sua mente e a mim.
Ó prados, companheiros, conteúdo
Dos verdes pensamentos que hei sonhado,
Agora sois transformados no escudo
Com que meu túmulo há de ser ornado.
Pois eis que Juliana veio, e, por fim,
O que faço à grama, ela faz à minha mente e a mim.]
Página publicada em fevereiro de 2019
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