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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

Foto e biografia: Wikipedia

 

 

 

 

ALFRED TENNYSON

 

 

Alfred Tennyson, 1º Barão de Tennyson (Somersby6 de agosto de 1809 — 6 de outubro de 1892), foi um poeta inglês. Estudou no Trinity College, em Cambridge. Viveu longos anos com sua esposa na ilha de Wight por seu amor à vida sossegada do campo.

Muita da sua poesia baseou-se em temas clássicos mitológicos, embora In Memoriam tenha sido escrito em honra de Arthur Hallam, um poeta amigo e colega de Trinity College, Cambridge, que esteve noivo da sua irmã, mas que morreu devido a uma hemorragia cerebral antes de casar. Uma das obras mais famosas de Tennyson é Idylls of the King (1885), um conjunto de poemas narrativos baseados nas aventuras do Rei Artur e dos seus Cavaleiros da Távola Redonda, inspirados nas lendas antigas de Thomas Malory. A obra foi dedicada ao Princípe Alberto, o consorte da Rainha Vitória. Tennyson fez também algumas incursões pelo teatro, mas as suas peças tiveram pouco sucesso durante a sua vida.

 

 

 

         G O D I V A

 

Eu esperava o trem na estação de Coventry.

Entre guardas e grooms, debruçado na ponte

pus-me de longe a olhar as três antigas torres

e imaginei assim a lenda da cidade.

Oh! não somente nós, homens de nosso tempo,

da nova geração que, no giro da roda,

o passado ao lembrar falamos largamente

sobre erros cruéis e cruéis injustiças!

Oh! não somente nós amamos bem o povo

e lamentamos vê-lo assim amargurado

sobre o guante feroz de pesados impostos!

Ela, porém, fêz mais, há mil verões passados,

sofreu para vencer, sem medir sacrifícios,

Godiva, esposa fiel do senhor de Coventry,

do poderoso Conde altivo e sem entranhas

que um dia, por ganância, exigiu nôvo imposto

da cidade faminta. As mães desesperadas

os seus filhos trazendo exclamavam chorando:

— Se pagarmos o imposto oh! morreremos todos! —

Ela foi encontrar em seu salão o Conde

cercado pelos cães, indo de lado a lado.

A barba ondeada e vasta, os cabelos ao vento.

Comovida falou do pranto das mulheres.

E ao Conde suplicou: — Suprimi êste imposto

ou tôdas morrerão com seus filhos nos braços

levados pela fome! — O Conde surpreendido

olhando-a interrogou: — Por causa desta gente,

vós seríeis capaz de vos expor ao risco

de sofrer uma dor em vosso dedo mínimo? —

Godiva retrucou: — Por ela morreria!

Êle calmo e sorrindo invocou Pedro e Paulo,

e acariciou-lhe então os brincos de diamante.

—  Vós falais por falar, ah! ah! eu compreendo!
— Godiva resistiu serena e resoluta:

—   Mas dizei-me, senhor, o que é que eu não faria?
O implacável senhor com o coração tão duro
como as mãos de Esaú, retrucou a Godiva:

—   Se êste imposto quereis que do povo retire
eis minha condição: por tôda esta cidade
deveis atravessar inteiramente nua! —

Sem mais uma palavra, olhando-a com desprêzo,
seguido pelos cães, o Conde retirou-se.
Assim ao ficar só, as paixões e as idéias
como ventos que vão entre êles se chocando
num conflito tenaz durante uma hora inteira,
deixaram-na indecisa até que a piedade
finalmente a venceu. Ordenou que um arauto
ao som de uma trombeta anunciasse a todos
a dura condição que aceitara do Conde.
O tributo, porém, não mais seria pago.
Para que olhos nenhuns a vissem na passagem,
ela a todos pediu que até ao meio dia
não saísse ninguém de sua própria casa
nem abrisse também as portas das janelas.
Encaminhou-se então ao íntimo aposento
e desprendeu ali as águias de seu cinto,
um presente do Conde. Agora parecia
a lua de verão meio encoberta em nuvens.
Sacudiu a cabeça e os cabelos caíram
em farta ondulação atingindo seus joelhos.
Depois com rapidez despiu-se inteiramente.
As escadas desceu e foi atravessando,
como um raio de sol, de coluna em coluna,
alcançando em silêncio a porta do castelo.
Encontrou seu cavalo em púrpura ajaezado
com as armas dos brasões em ouro desenhadas.
E a cavalo partiu, vestida de pureza.

O ar parecia ouvir tudo que ali havia.

O vento mal soprava humilde e receioso.

Dos repuxos de prata as pequenas cabeças

tinham olhos febris erguidos para vê-la.

Com os latidos dos cães ficava enrubescida.

Das patas do cavalo o regular barulho

de horror incendiava o sangue de seus pulsos.

E fendas pressentia em tôdas as paredes,

e nos telhados via olhares que a seguiam.

Tudo isto suportou até que finalmente

pôde ver, através das góticas arcadas,

alvejando no campo a flor da madressilva.

Então ela voltou, vestida de pureza.

Mas um baixo vilão, feito de terra ingrata,

que maldito ficou para todos os tempos,

em sua casa abriu um pequeno buraco

e com mêdo espiou. Mas seus olhos maldosos,

antes de poder ver, caíram diante dêle,

mergulhando o vilão na escuridão eterna.

Assim quem nos preserva os nobres sentimentos

apagou um sentido usado infamemente.

E sem nada saber, Godiva prosseguia.

Foi então que ela ouviu as doze badaladas

da hora do meio-dia. Um logo após os outros,

puseram-se a bater os sinos de cem torres.

Penetrou no seu quarto. E saiu em seguida

vestida e coroada a fim de ver o Conde.

Assim ela evitou que fôsse pago o imposto.

E ganhou para si um nome imperecível.

 

 

 

 

(Tradução de Edmundo Moniz (1911-1997)

 

 

 

Página publicada em julho de 2020

 

 


 

 

 
 
 
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