POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
MANSUR AL-HALLAJ
(858-922)
O unicósmico e santíssimo Al Hallaj nasceu no Irã em 857, tendo sido neto de um devoto do grande Mestre Zoroastro. Al Hallaj foi iniciado nos grandes mistérios do Sufismo.
Contam as tradições árabes que quando ele cumpriu 40 anos de idade, entrou em franco desacordo com os juristas e tradicionalistas ortodoxos e saiu à rua para pregar diretamente às multidões os sublimes princípios da vida espiritual. Está escrito que Al Hallaj, o grande Mestre sufi, ensinou com a sua palavra e com o seu exemplo, viajando incansavelmente pelo Irã, pela Índia, pelo Turquestão etc. Chegou até às próprias fronteiras da velha China.
O grande Mestre Al Hallaj foi sem dúvida alguma um tremendo revolucionário. Os políticos com ciúmes e invejosos acusaram-no de perigoso agitador. Os doutores da lei acusaram-no de confundir o humano com o divino.
Os próprios integrantes do sufismo não viram incoveniente em acusá-lo de romper a disciplina do Arcano, divulgando os mistérios esotéricos entre as pessoas. Como é apenas normal nestes casos, não faltaram juízes dispostos a condená-lo por muitos supostos delitos, tais como o de farsante, impostor, mago negro, feiticeiro, bruxo, profanador de misté-rios, amotinador do povo, pregador ignorante, inimigo do governo etc.
Al Hallaj, o grande místico sufi, ficou preso numa infame prisão durante nove anos, depois foi vilmente mutilado e executado em 27 de março de 922, no ano 309 da Héjira.
A BIOGRAFIA continua em
http://www.gnosisonline.org/mestres-da-senda/sufism-a-paixao-de-al-hallaj/
Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 31 – Ano 15 / 2009. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura. 2009. 217 p. ilus. col. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Dúvan de AL-HALLAJ, 1
Eis-me a Ti! Eis-me a Ti!
O meu segredo, meu confidente!
Eis-me a Ti! Eis-me a Ti!
Ó meu corpo e meu sentido!
Eu te chamo, mas é Tu em realidade
que me chamas a mim.
Não gritaria a Ti,
se não me houvesses confiado a Mim!
Ó essência essencial do meu existir,
limite extremo de todo meu anélito.
Ó minha linguagem,
meu modo de exprimir-me e balbucios!
Ó todo de meu todo, meu ouvido e minha vista!
Ó síntese minha, meu conjunto, ou parte minha!
Ó todo de meu todo, este todo é coisa ambígua,
e o meu conceito torna obscuro o Todo de Teu Todo.
Ó Tu, em que meu espírito é suspenso, arrebata e agonizante,
e que te tornaste o penhor dos meus desejos.
Obediente, deixei a minha pátria, e choro triste,
até meus inimigos partilham o meu luto.
Possa eu avizinhar-me, que o temor se distancia,
explodindo em mim uma paixão enraizada nas vísceras.
Ó Senhor! O que posso fazer com o Amado?
Todos os médicos estão cansados do meu mal.
Tradução de Faustino Teixeira e João Batista Libânio.
Pagina publicada em outubro de 2018
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