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POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

Foto: Bloodaxe Books

 

AIME CESAIRE

Nascimento       26 de junho de 1913

Basse-Pointe, Martinica

Morte   17 de Abril de 2008 - Fort-de-France, Martinica

Nacionalidade   França – Cidadania francesa

Aimé Fernand David Césaire (Basse-Pointe, Martinica, 26 de junho de 1913 — Fort-de-France, 17 de abril de 2008) foi um poeta, dramaturgo, ensaísta e político da negritude.

 

Além de ser um dos mais importantes poetas surrealistas no mundo inteiro, inclusive no dizer do líder deste movimento, Breton, Aimé Césaire foi, juntamente ao Presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor, o ideólogo do conceito de negritude, sendo a sua obra marcada pela defesa de suas raízes africanas.

 

TEXTE EN FRANÇAS   -  TEXTO EM PORTUGUÊS

 

NANICO  - agosto – homeopatia cultural – 1997.  No. 16.   São Paulo: Editora Giordano.
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

            Partir.

Comme il y a des hommes-hyènes et des
hommes-panthères, je serais un

                                           homme-juif

un homme-cafre

un homme-hindou-de-Calcutta

un homme-de-harlem-qui-ne-vote-pas

 

l'homme-famine, l'homme-insulte,
l'homme-torture on pouvait à n'import
quel moment le saisir le roueur de coups,
le tuer— parfaitement le tuer— sans
avoir de compte à rendre à personne
sans avoir d'excuses à présenter à

                                               personne

un homme-juif
un homme-pogrom
un chiot
un mendigot

 

mais est-ce-qu 'on tue le Remords, beau
comme la face de stupeur d'une dame
anglaisequi trouverait dans sa soupière
un crâne de Hottentot?

 

 

Non, nous n 'avons jamais été amazones du roi du
Dahomey, ni prin­ces de Ghana avec huit cents cha­meaux,
ni docteurs à Tombouctou Askia Le Grand étant roi, ni
architectes de Djenné, ni Mahdis, ni guerriers. Nous ne
nous sentons pas sous l'aisselle ^da démangeaison de
ceux qui tin/ent jadis-fa lance. Et puisque j'ai juré de rien
cetèr-xje notre histoire (moi qui n admire rienlànt.que le
mouton brou­tant son ombre d'après-midi), je veux avouer
que nous fûmes de tout temps d'assez piètres laveurs de
vaisselle, des cireurs de chaussures sans envergure, mettons
les choses au mieux, d'assez consciencieux sorciers et le seul
indis­cutable record que nous ayons battu est celui d'endurance
à la chicotte...

 

Et ce pays cria pendent des siècles que nous sommes des
bêtes brutes; que les pulsations de l'humanité s'arrêtent aux
portes de la négrerie; que nous sommes un fumier ambulant
hideuse­ment prometteur de cannes tendres et de coton soyeux
et l'on nous marquait au fer rouge et nous dormions dans nos excréments et l'on nous vendait sur les places et l'aune de drap
anglais et la viande salée d'Lrlande coûtaient moins cher que
nous, et ce pays était calme, tranquille, disant que l'esprit de
Dieu était dans ses actes.

 

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS

Tradução de Neide Paiva
e
Carlos Loria

 

Partir.

Asim como há homens-hiena e homens-

pantera, eu seria um homem-judeu

um homem-cafre

um homem-hindu-de-Calcutá

um homem-do-Harlem-que-não-vota

 

o homem-fome, o homem-insulto, o
homem-tortura podia-se a qualquer
momento agarrá-lo, moê-lo de panca
das, matá-lo — isso mesmo, matá-lo!
— sem ter que prestar contas a nin
guém sem ter que pedir desculpas a

                                        ninguém

um homem-judeu
um homem-pogrom
um cãozito
um mendigo

 

mas será que se mata o Remorso, belo
como o ar de estupor de uma dama
inglesa que encontrasse na sopeira um

crânio de hotentote?

 

 

Não, não fomos nunca amazonas do rei do Daomé,

nem príncipes de Gana com oitocentos camelos,

nem doutores em Tombuctu sob o reinado de Askia

o Grande, nem arquitetos de Djenné, nem Mahdis,

nem guerreiros. Não sentimos sob a axila a comichão

daqueles que seguraram a lança. E como jurei nada

ocultar da nossa história (eu que nada admiro tanto

quanto o carneiro pastando a sua sombra da tarde),

quero confessar que fomos o tempo todo uns lavadores

de louça bem ordinários, engraxates sem grande

competência, na melhor das hipóteses, feiticeiros

bastante conscienciosos e o único recorde que batemos

 é o da resistência ao chicote...

 

E este país gritou durante séculos que somos bestas-feras;

que as pulsações da humanidade param nas portas da

negrada; que somos um estrume ambulante horrendamente promissor de canas tenras e de algodão sedoso e nos

marcavam com ferro em brasa e dormíamos sobre os nossos excrementos e nos vendiam nas praças e a vara de tecido

inglês e a carne salgada da Irlanda eram mais baratas que

nós, e este país era calmo, tranquilo, dizendo que o espírito

de Deus estava nos seus atos.

 

 

 

 

Página publicada em setembro de 2019

 

 


 

 

 
 
 
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