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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS

Representação idealizada de Homero feita no 
período helenístico (Museu Britânico).

 HOMERO

( Grécia Antiga )

Homero (em grego: μηρος, transl. Hómēros) foi um poeta épico da Grécia Antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e Odisseia.

Os gregos antigos geralmente acreditavam que Homero era um indivíduo histórico, mas os estudiosos modernos são céticos: nenhuma informação biográfica de confiança foi transmitida a partir da antiguidade clássica, e os próprios poemas manifestamente representam o culminar de muitos séculos de história contadas oralmente e um bem desenvolvido sistema já muitas vezes usado de composição poética. De acordo com Martin West, "Homero" não é "o nome de um poeta histórico, mas um nome fictício ou construído" Para o historiador e filósofo Richard Tarnas, Homero - independentemente da polêmica sobre sua existência histórica - foi "uma personificação coletiva de toda a memória grega antiga"

Homero teria nascido em Esmirna, atual Turquia, ou em alguma ilha do mar Egeu e vivido no século VIII a.C..[5] Mas a sua origem é tão controversa que oito cidades disputam a honra de terem sido a terra natal do poeta.

A data da existência de Homero foi controversa na antiguidade e não o é menos hoje. Heródoto disse que Homero viveu 400 anos antes de seu próprio tempo, o que o colocaria em torno de 850 a.C., mas outras fontes antigas deram datas muito mais próximas da suposta época da Guerra de Troia. A data da Guerra de Troia foi dada como 1194-1184 a.C. por Eratóstenes, que se esforçou para estabelecer uma cronologia científica dos eventos e esta data tem obtido apoio por causa de pesquisas arqueológicas mais recentes.[carece de fontes]

Para a ciência moderna, "a data de Homero" refere-se à data de concepção dos poemas tanto quanto à vida de um indivíduo. O consenso dos estudiosos é que "a Ilíada e a Odisseia datam dos últimos anos do século IX a.C., ou a partir do século VIII a.C., a Ilíada sendo anterior à Odisseia, talvez por algumas décadas", ou seja, um pouco mais cedo do que Hesíodo, e que a Ilíada é o trabalho mais antigo da literatura ocidental. Ao longo das últimas décadas, alguns estudiosos têm defendido uma data do século VII a.C. Aqueles que acreditam que os poemas homéricos desenvolveram-se gradualmente durante um longo período de tempo, entretanto, geralmente dão uma data posterior para os poemas: de acordo com Pausânias, os textos foram compilados na época do tirano ateniense Pisístrato; de acordo com Gregory Nagy, tornaram-se textos fixos apenas no século VI a.C..

Alfred Heubeck afirma que a influência formativa dos trabalhos de Homero modelando e influenciando todo o desenvolvimento da cultura grega foi reconhecida por muitos dos próprios gregos, que o consideravam seu instrutor.

Além dessas duas grandes obras, mas sem respaldo histórico ou literário, são a ele atribuídas as obras Margites, poema cômico a respeito de um herói trapalhão; a Batracomiomaquia, paródia burlesca da Ilíada que relata uma guerra fantástica entre ratos e rãs, e os Hinos homéricos.

Já antes do início do pensamento filosófico, as riquíssimas obras de Homero (Ilíada e Odisseia) tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de racionalização do divino. Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo, possuíam uma série de características antropomórficas.

Apesar de "Homero" ser um nome grego, atestado em regiões de fala eólica  nada de concreto se sabe sobre ele; entretanto, tradições surgiram pretendendo dar detalhes sobre o local de seu nascimento e seu contexto: o satírico Luciano, em sua fabulosa História Verdadeira, faz de Homero um Babilônio que assumiu o nome de Homero apenas quando tomado "refém" (homeros) pelos gregos.[14] Quando o imperador Adriano perguntou ao oráculo de Delfos quem Homero era realmente, Pítia proclamou que ele era um ítaco, filho de Jocasta e Telêmaco, da Odisseia. Essas histórias proliferaram e foram incorporadas a um número de Vidas de Homero compiladas a partir do período alexandrino. A versão mais comum diz que Homero nasceu na região jônia da Ásia Menor, em Esmirna, ou na ilha de Quios, morrendo em Ios, nas ilhas Cíclades. A conexão com Esmirna parece ser em alusão a uma lenda que seu nome original era "Melesigenes" ("nascido no Meles", um rio que corria por essa cidade), e da ninfa Creteia. Evidências contidas em seus poemas dão algum apoio a esta versão: a familiaridade com a topografia da área do litoral da Ásia Menor é vista nos nomes dos locais e nos detalhes, e comparações evocativas do cenário local: as aves dos prados, na foz do Caister (Ilíada 2 459ff.), uma tempestade no mar e abisarque Ícaro (Ilíada 2 144ff.), e conhecimento sobre os ventos (Ilíada 2 394ff : 4 422ff: 9,5),  ou que as mulheres tanto da Meônia quanto da Cária tingem marfim com escarlate (Ilíada 4 142).

Veja biografia completa em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Homero 

 

SUPLEMENTO CULTUTRAL & LITERARIO JP   Guesa Errante   ANUÁRIO.        São Luís (MA)  2009. n. 7.  ISSN 982-7482.  241 p. 
Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

TRADUÇÃO DE ODORICO MENDES

 

Fragmentos da Odisséia:


[...]
“Os deuses que nos punem de olvidá-los
Impaciente no Egisto me retinham,
Porque faltei com justas hecatombes.
Lá Faro surge à flor da azul campina.
De foz em fora, quanto em singradura
Marcha popa a que vente aura sonora;
Tem um porto seguro e boa aguada
E ao pélago os baixéis dali descendem
Uns vinte dias, não soprando Éolo
Que pelo undoso ponto aos nautas leva
E a planície lhe encrespa, eu demorado,
Com poucas provisões, lassa a campanha,
Desesperava já, quando Idotéia,
Do potente Proteu marinha prole,
Ocorreu compassiva a mim sozinho;
Que os mais, de curso anzol, do ventre urgido
De toda a ilha em derredor pescavam.

[...]

Faro: uma ilha em frente ao Egisto e a um dia de viagem da costa.
Singradouro: navegação feita em um dia.
Aguada: local em que as embarcações são abastecidas de água doce.
Éolo: deus dos ventos, era ele que desencadeava as tempestades.
Lassa: gasta, cansativa, dissoluta, fatigada.
Idotéia: filha do poderoso ancião do Mar, Proteu: ela ajudou Menelau
Do ventre urgidos: com fome, famintos.
(HOMERO: Odisséia, 2003. P. 89)

[...]

A Piéria descai, e rui dos ares
E à tona d´água aleia, qual peixinhos
Por inquieto golfo o guincho caça.
Crebro na escuma asas imergindo.
Já do azul ponto à ínsula apartada
Voa, e à gruta caminha de Calipso:
De longe tuia recendia e cedro,
Ardendo no fogão; melífluas árias
Ela entoava, a teia percorrendo
Com lançadeira de ouro. Em torno à gruta,
Choupo, odoro cipreste, alno viceja;

------------------------------------------------
Piéria: região ao norte do monte Olimpo, na Macedônia.
Aleia: esvoaça, bate as asas.
Guincho: ave marinha.
Crebro: repetido, frequente, intermitente.
Ínsula: ilha.
Recendia: exalava um aroma.
Melífluas: doces, harmoniosos, brandas.
Árias: peças musicais para uma só voz.
Lançadeira: peça de tear com um cilindro por onde passa o fio para tecer.
Choupo: álamo, árvore ornamental, com pequenas flores e casca rugosa.
Alno: amieiro, árvore ornamental usada em pontes e marcenaria.

[...]
Ali— extensa no bosque aninham-se aves,
Gaviões e bufos, linguareiras gralhas,
Ao marinho bulício afeiçoadas.
Fora, parreira de pubentes ramos
Floresce em uvas; quatro fontes regam
De água pura, chegando-se e fugindo,
Aipos e violais em moles veigas:
Um deus pasmado ali se deleitava,
E o fez Mercúrio assim. De ver saciado,
Ele dentro penetra, e a ninfa augusta
Num relance o conhece; porque os deuses
Por distantes que morem, dão-se todos.
Lá não encontra o generoso Ulisses,
Que era na praia, os macerados olhos
Pelo ponto infrugífero estendendo,
Em suspiros e lágrimas.  Num trono
A ninfa o inquire: “Venerado amigo,
De áurea vara a que vens? Não vinhas d´antes.
Cumprirei, no que possa, os teus mandados.
Hospitaleiros dons vou presentear-te”.
[...]


-----------------------------------------
Bufos: ave noturna, corujão.
Linguareiras: faladoras, matracas.
Bulício: burburinho, murmúrio, sussurro.
Pubentes: frescos, viçosos, vigorosos.
Violais: terreno plantado de violetas.
Veigas: campos cultivados.
Mercúrio admira os campos e os contempla. Saciado de contemplar
as belezas, ele entra na gruta e é reconhecido por Calipso.
Calipso também é imortal e, por isso, reconheceu Mercúrio facilmente.
Macerados: abatidos, angustiados, aflitos.
Ponto infrugífero:  ponto que não produz nada, mar infrutífero.
De aurea vara: de bastão de ouro. Mercúrio empunhava um caduceu,
bastão com duas serpentes enroscadas e duas asas na extremidade
superior.

[...]
Cai a noturna treva: ambos num leito
No amor se deliciam. Na alvorada,
Uma túnica e um manto Ulisses veste:
Veste a ninfa um sendal cândido e fino,
Faixa de ouro gentil ata à cintura,
Orna a cabeça de elegante coifa,
A despedir o amante resignada,
Érea forte bipene lhe fornece.
De oliagíneo cabo artificioso
Enxó dá-lhe amolada; aos fins o leva
Da ilha, onde medram árvores gigantes,
Choupo, alno, abeto a percutir nuvens,
Secos e aptos  a vencer caminho:
Depois que a selva mostra, à casa torna.
Ardente, ele derruba troncos vinte,
Falca, desbasta, esquadra, alisa e talha.
Com trados volta a ninfa; o herói verruma
Cavilha, junta as peças: quanto é largo
De nau de carga o bojo, obra de mestre,
Era a barca de Ulisses. Finca espeques
Pranchas estiva, um tabolado forma;
[...]

 

----------------------------------------
Sendal: túnica.
Érea forte bipene: machado de bronze com dois gumes.
Oliagíneo: de oliveira.
Enxó: ferramenta de curto e lâmina cortante utilizada por
carpinteiros para debastar madeira.
Percutir: tocar.
Falca: desbasta a madeira.
Trados: furadores.
Verruma: fura, perfura, fazer furo com um instrumento.
Cavilha: pedaço de madeira para fechar orifícios ou juntar
pedaços de madeira.
Espeques: apoios, escoras, pedaços de madeira que sustentam
peso.
Estiva: arruma, guarnece.
(Id,ibid, p. 107-108 e 113)>


[...]
De âncoras e de amarras prescindindo,
Permanecer no porto os nautas podem,
Até que as auras prósperas aspirem;
De uma gruta, no topo, fresca fonte
Límpida mana, de álemos sombrosa,
Lá jogou-nos a vaga, e um deus foi guia;
Nada na cega noite se enxergava:
Na terra as naus, em densa escuridade
Esmorecida a Lua, a terra oculta,
Nem rolar a mareta às praias vimos,
Antes que as proas abicassem nelas.
Colhido o pano salta-se, e na areia,
Da madrugada à espera, adormecemos.
[...]

--------------------------------------------
 Prescindindo: dispensando, abstraindo; a ilha não era
cultivada apesar dos bons campos.
 Álenos: álamos, árvore ornamental também chamada
de choupo-branco.

 

 [...]
Ocupo o meu navio; os da campanha,
Desatando os calabrês, abancados
A branca espuma e remos açoitavam.
Na próxima paragem, numa extrema.
Junto ao mar descobriu-se alta espelunca,
De loureiros opaca, onde albergava
Cabrum gado e ovelhum, do pátio em roda
E carvalhos de topes verdejantes.
[...]

------------------------
Calabres: amarras de cabo.
Espelunca: antro, caverna.
Loureiro:
arbusto de louros.
Alvares: esbranquiçados.
Topes: topos, cumes, cimo.

                    (Id, ibid., p. 172-173).

(HOMERO. Odisséia.  Tradução de Manoel Odorico Mendes.
São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.

 

MULHERES DA LITERATURA QUE INSPIRAM OUTRAS MULHERESBiblioteca Demonstrativa de Brasília – BDB.   Brasília: 202?   -    Inclui: CECÍLIA MEIRELES, FLORBELA ESPANCA, ENHDUANNA,  FRIDA KAHLO, CAROLINA MARIA DE JESUS, CORA CORALINA, JULIA LOPES DE ALMEIRA, MARIA FIRMINA DOS REIS, SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN.     011 folhas soltas, em cores.   
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda

 

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Página publicada em março de 2024.


 

 

 
 
 
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