Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TOM JOBIM

TOM JOBIM


O  Mestre Jobim
é ou não é poeta? Pergunta idiota, mas que muita gente ainda faz diante de compositores como ele... Se um poema é musicalizadO, o autor é poeta. Se o compositor é autor da letra da música, ou alguém versejou  com ele, aí não é...  Já escrevi sobre isso, não vou voltar ao tema.

Jobim é poeta, fazendo poesia ajustada ao formato de suas músicas, como qualquer poeta ajusta seus versos aos formatos poéticos de sua eleição.
 
Mas o que eu quero colocar aqui
é outra coisa... Acontece que o poema discursivo sempre tem um ritmo, mesmo quando é sem rima... Porque o nosso idioma é fonético e a composição poética é sempre musical, deliberada ou intuitivamente.

No caso de Tom, nos acostumamos a ver os versos dele acompanhando as notas no pentagrama. Agora deparamos  com  outra forma de inscri
ção de seus versos, no texto de  Luiz Tatit, um dos autores da obra TRÊS CANÇÕES DE TOM JOBIM , de Lorenzo Mammi, Artur Nestrovski e Luiz Tatic, livro acompanhado De um CD com as músicas (Sabiá”, Águas de Março e Gabriela em gravação com Ná Ozzetti (voz) e André Mechmari (piano e arranjos)). A edição é da excelente COSAC NAIF.

O interessante no texto do Tatic é a forma como ele registra a letra: em diagramas que traduzem alguns aspectos  da composição, sobretudo o perfil melódico, mas apresentam simultaneamente melodia e letra (...) Cada espaço entre as linhas corresponde a um semitom, portanto a totalidade dos espaços representa o campo de tessitura disponível para o canto no âmbito de uma obra determinada, explica o ensaísta.  E continua: Basta um olhar sobre os diagramas transcritos acima para verificarmos que há um trajeto melódico a percorrer e que suas etapas já estão relativamente demarcadas pela lei de gradação.

Ver a comparação entre a música “Gabriela” do Caymmi e a de Jobim nos diagramas: 

TOM JOBIM

TOM JOBIM

Quem quiser mais detalhes, deve ir ao livro, que vale a pena. O que nos interessa aqui é chamar a atenção para a visualidade do poema com sua notação melódica. A pergunta que nos ocorre pode ser ingênua, mas faz sentido: seria pertinente fazer o mesmo tipo de registro com poemas que exigem uma entonação e ritmo específico para seu melhor entendimento? Talvez faça sentido, pois dois intérpretes não fazem a mesma leitura de um mesmo poema... e deve haver uma leitura mais adequada à intenção do poema, que  pode ser gravada mas também, neste caso, registrada na superfície do papel ou na tela do computador.

Um amigo me disse que assistiu ao célebre poeta russo Evtushenko declamando os próprios poemas e era música pura!!!  Não se captava o sentido de nenhuma palavra, mas era cativante o som que saia da voz do poeta... Um registro apropriado talvez ajudasse a ler melhor a música original de poemas segundo seus autores, como o músico que pretende que as interpretações de suas composições tenham  os sons indicados.

Ver Diagrama 4 da mesma música (“Gabriela”): 

 

SANT´ANNA, Affonso Romano de.   Música popular e moderna poesia brasileira.  Petrópolis: Vozes,  1977.  268 p.  14x21 cm.  “ Affonso Romano de Sant´Anna “ Ex. bibl. Antonio Miranda

 

“ (...) surgem as composições que conceituam a teoria

e a prática da Bossa Nova como «Samba de Uma Nota Só» (Jobim-Newton Mendonça) e «Desafinado» (Jobim-Newton Mendonça). Esta, especialmente, é uma espécie de manifesto, comentário teórico e irónico sobre a maneira de compor e cantar a Bossa Nova. Essas letras inscrevem-se dentro daquilo que hoje se chama de metalinguagem: uma linguagem comentando outra linguagem, tomando como assunto da composição a própria composição e MO os temas naturais e sentimentais. AFFONSO ROMANO DE SNT´ANNA

 

 

 

DESAFINADO

 

Se você disser que eu desafino, amor,

saiba que isto em mim provoca imensa dor.

Só privilegiados

têm ouvido igual ao seu

eu possuo apenas o que Deus me deu.

Se você insiste em classificar

meu comportamento de antimusical

eu mesmo mentindo devo argumentar

que isto é bossa nova,

que isto é muito natural.

O que você não sabe

nem sequer pressente

 

é que os desafinados também têm um coração.

Fotografei você na minha rolley-flex

revelou-se a sua enorme ingratidão.

 

Só não poderá falar assim do meu amor,

ele é o maior que você pode encontrar, viu.

Você com a sua música esqueceu o principal

que no peito dos desafinados

no fundo do peito

bate calado,

no peito dos desafinados

também bate um coração.

 

 

 

Ver/ouvir o vídeo:

 

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=44sp4W3WiBk

 

Publicada em fevereiro de 2010; ampliada em setembro de 2015.

 

Voltar à página de Poesia Visual Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar