THEON SPANUDIS
Psicanalista, poeta, colecionador e crítico de arte, Theon Spanudis nasceu em Esmirna, Turquia, Ásia Menor, a 30 de maio de 1915, filho de pais gregos. Seu pai George Spanoudis era médico pediatra e sua mãe Clio Boulgaris Spanoudis, muito culta e amante das artes. Em 1922 ocorreu em Esmirna um incêndio no qual seus pais perderam tudo que possuíam. Expulsos pelos turcos, foram morar em Atenas. Cresceu em Atenas, onde cursou o primário e o secundário, já demonstrando interesse pelas atividades literárias. Por imposição paterna partiu para Viena em 1933, a fim de estudar medicina, doutorando-se em 1940. Especializou-se em psicanálise.
Em 1950 veio para São Paulo, a convite da Sociedade Brasileira de Psicanálise, na qual lecionou até 1957. Logo freqüentava ateliês de pintores, sendo dos primeiros, nos anos 50, a apoiar e colecionar obras de Alfredo Volpi e de José Antônio da Silva. Também escreveu sobre os dois artistas e iniciou uma importante coleção de obras de arte. Em 1957, decidido a dedicar-se à produção poética e à crítica de arte, abandonou a profissão de psicanalista: passou um ano em Salvador, onde escreveu suas primeiras poesias em português. Participou do movimento neo-concreto e é um dos criadores da poesia cinética brasileira.
Poeta, prosador, crítico de arte, foi escritor trilingüe, editando obras em grego (editora Ikaros, Atenas), em alemão (editora Ora, Munique) e em português. Como crítico de arte, escreveu apresentações de artistas e de exposições, além de artigos para revistas de São Paulo como AD Arquitetura e Decoração (1956-57), Habitat (1958-1965), Cavalo Azul (1966) e para o jornal O Estado de S. Paulo. Publicou livros reunindo várias de suas poesias. Em 1979 doou sua coleção de 453 obras de arte ao Museu de Arte Contemporânea da USP. Anos depois, iniciou entendimentos para legar ao IEB sua Biblioteca e seus Arquivos. Faleceu em São Paulo, em 12 de setembro de 1986. Biografia extraída de: /www.ieb.usp.br
somos somos somos somos
ponte ponte ponte ponte
fluxo fluxo fluxo fluxo
passo passo passo passo
Extraído de Théon Spanudis: uns versos e poemas espaciais. São Paulo: Livraria Kosmos Editora, 1984
De
theon spanudis
hinos
São Paulo: Livraria Kosmos Editora, 1966
luminar
(fragmentos)
a romaria infinita dos astros
a solidão celeste
o paciente oscilar de astros soltos
distantes e expostos no vazio
teia celeste
de fios vibrantes
e nós luminosos
pontos e pontos
trementes, trements.
paisagens e tropos
(fragmentos)
...
o poema dos montes
o volume azulado
dos montes distantes
os montes gigantes
a testa dos montes
pétrea, firme
o basear-se, fundar-se
nas entranhas da terra
o sigilo das pedras
erguidas no alto
colunas e dedos
expostos nos cumes
áridos, acres
das solidões
a espera infinda
auscultando os minutos
o deslize das horas
o afundar-se no caos
profundo da noite
...
o mar
volume luninoso, deslizante
de lúridos e líquidos metais
...
fralda do mar
surgindo e deitando-se qual peito
no ritmo inhalante, exhalante
ornada com festões e grinaldas
alvas de espuma
...
azul diluto do mar
lençol deitado
toalha
linha sem fim e levemente enevoada
do horizonte
Página publicada em janeiro de 2010
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