RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA
POEMA SIN TÍTULO
Ismos, Biblioteca Nueva, 1931.
Col. Biblioteca Nacional, Madrid
“Lo Nuevo”, “sin razones ni dudas” tem a força de uma verdadeiro manifesto do poeta pela vanguarda, pela renovação do discurso poético.
Esta imagem faz parte da magnífica exposição (e do respectivo catálogo) ESCRITURAS EM LIBERTAD – POESÍA EXPERIMENTAL ESPAÑOLA E HISPANOAMERICANA DEL SIGLO XX, que teve lugar no edifício principal do Instituto Cervantes de Madrid, desde março de 2009, que tivemos a oportunidade e o privilégio de assistir. Estamos reproduzindo uma quantidade significativa dessas imagens para compartilhar com os amantes da poesia visual o conteúdo do referido catálogo.
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ANNABLUME lança "Greguerias" do vanguardista RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA em edição especial
A editora paulista Annablume, pelo selo Demônio Negro lançou em outubro passado (2010) uma edição especial da obra emblemática das vanguardas espanholas do início do seculo 20 — GREGUERIAS — com apenas 50 exemplares numerados, capa dura. Tradução de Vanderley Mendonça. Impossível classificar os escritos deste autor excêntrico, prolífico, transgressor. Suas primeiras experiências com as greguerias anteciparam-se aos delírios dos dadaístas; seu caligrafismo veio antes das escritexturas de Rafael Alberti; divulgou a obra do futurista Marinetti colocando a Espanha no cenário da transformações artísticas e literárias do período entre-guerras, de renovação e repúdio aos cânnoes oitocentistas e pasasdistas. Causou polêmica. César Vallejo via-o como uma espécie de dandy espanhol... Aqui aparece ele num de suas palestras-recitais:
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A editora Annablume cobre o vazio que deixou o pioneiro Massao Ohno nas edições de arte, concorrendo com a CosacNaif. O selo Demônio Negro é um sinal alvissareiro da força do mercado de livros de poesia (também inclui outros gêneros...) em nível de arte, com algumas reediçõees primorososas como as de Guesa, do Sousândrade, e o Pedro do Sol, de Octavio Paz. E agora nos brinda com esta de Greguerías. E a edição do livro de Gómez de la Serna tem um prefácio competentíssimo de Adolfo Montejo Navas, poeta visual e artista gráfico espanhol radicado no Brasil, tradutor de poesia brasileira ao espanhol. E se fosse pouco, o selo Demônio Negro conta com a assessoria do poeta e linguista Antonio Vicente S. Pietroforte, além do tradutor Vanderley Mendonça. Estamos ávidos pelas futuras edições!!! ( A. M. ) A seguir uns fragmentos do livro, textos entre prosa e poesia, aforísticos...
De
Ramón Gómez de la Serna
GREGUERÍAS
São Paulo: Annablume, 2010.
159 p (Demônio Negro)
ISBN 978-85-6319801-3
Mexia nos cabelos como se falasse consigo mesma por telefone.
É horrível quando os glóbulos vermelhos ficam de ceroula e se transformam em glóbulos brancos.
Um papel ao vento é como um pássaro mortalmente ferido.
A água não tem memória: por isso é tão limpa.
A primeira coisa que o sol faz é colar na parede o cartaz do dia.
O piano reflete em seu espelho negro a chegada da música ao porto numa noite chuvosa.
Bar pobre: uma azeitona e muitos palitos.
Somos guias de cegos de nossos sonhos.
Graças às gotas de orvalho a flor tem olhos para ver a beleza do céu.
Ao levantar âncora, parece que o barco vê a hora, guarda o relógio de bolso e parte.
A peneira está farta de pepitas.
O leão tem na ponta da cauda um pincel de barbear.
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