PORFYRIUS OPTATIANUS
ALTAR
(325 d.C._)
“Se encontramos, nesta época, grande quantidade de poemas em forma de cruz, de losango, de cálice, encontramos também, como ocorrera no final da Antiguidade e durante a Idade Média, muitos textos em forma de altar. Afinal, sempre procurou o homem meios para se aproximar das divindades, a fim de superar as limitações inerentes à condição humana. (...)
As razões parecem muitas, porque visualizamos uma forma simétrica, conforme rezavam os cânones estéticos renascentistas. Mesmo assim, podemos determinar, segundo a ordem visual do poema, elementos que, consoante a percepção do poeta, possam justificar esta aparente assimetria. (...) O poema de Porfyrius Optatianus, se apresenta impecável, seguindo sempre a media de dez, ou seja, sempre retornando à unidade.
“(...) a construção de um altar-poema não se fecha em si mesma, porque, segundo a ideologia predominante à época, declara um estado de religião e, ao mesmo tempo, um estado de arte. Uma arte que visava à elevação do homem ao eterno e que, em decorrência, era praticada segundo cânones estéticos em que os símbolos se avultam, porque isotopias do sagrado e de uma categoria do poético que também entremostra a práxis filosófica e estética do maneirismo.”
“Por estas razoes, não se constrói um altar, senão levado por uma intenção que ultrapassa os limites do humano. O altar, representando o microcosmo, alteia a figura do implorante, à proporção que, captando as energias da Divindade, proporciona ao suplicante elementos que lhe permitem aproximar-se do sagrado.”
JOSÉ FERNANDES: O Poema visual: leitura do imaginário esotérico (Da antiguidade ao século XX). Petrópolis: Vozes, 1996.
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