Antonio Miranda (poema)
Alexandre Rangel (webdesign)
BLACK & WHITE
BLACK & WHITE
A formação étnica rica. Oswald de Andrade
Abaixo o maniqueísmo racial! Barão de Pindaré Júnior
Fora o racismo cruzado! Quem disse isso???
Quem é etnicamente puro? Só no nazismo!!!
Raça? só mesmo para vender cachorro.
A genética e a ética vão em linhas opostas na questão racial.
O que une o Brasil é o misticismo ou a mestiçagem? Antonio Miranda
Comentário: este poema animaverbivocovisual me foi inspirado, no melhor sentido desta palavra tão desgastada, pelo ensaísta e poeta baiano ANTONIO RISÉRIO que, em um de seus livros, faz um tremendo e justíssimo libelo em favor do MESTIÇO BRASILEIRO.
Motivo: na luta contra o preconceito e pela afirmação do negro brasileiro, começa a haver um movimento de oposição branco-negro, como aconteceu nos Estados Unidos. Lá o apartheid social, não tão explícito quanto o da África do Sul, mas igualmente cruel e preconceituoso, levou à oposição racial na bandeira pelos direitos civis dos negros. Lembrar o radicalismo do BLACK POWER. No nosso caso, a dicotomia branco x negro que, mesmo justificando-se , não explica todo o fenômeno e, o que é pior, parece anular a nossa mistiçagem, opondo as raças. Raça é coisa de animais primários. É difícil falar em raça pura, em arianismo... Raros são os negros e os brancos “puros” entre nós, se é que existe algum... Na origem, todos somos mestiços... Isso é o que parece sugerir Antonio Risério. Quando um mestiço se declara negro, pode ter uma conotação positiva em sentido político, mas é a negação do nosso orgulho de mestiçagem, que caracteriza nossa formação étnica e que até inspirou o filósofo francês Michel Sèrres a criar o conceito de FILOSOFIA MESTIÇA. Numa época como a nossa, de hibridismo, por que falar de opostos como Black and White? SOMOS MESTIÇOS. Neste século de convergência tecnológica, de aproximação entre ciência e arte, de amálgama na criação artística e científica, como rotular-se pelos extremos, fora do sentido simbólico?
NÓS É MESTIÇO... pretende colocar esta questão... o “É” não pretende demonstrar um erro gramatical, ou nosso nível educacional... pretende demonstrar, pela poesia, que o múltiplo agora é uno, que o mestiço não é a soma de branco, negro, índio e oriental, árabe e o que for, mas que É mestiço... Na era da convergência tecnológica, a soma das partes, pela amalgama, se transforma em uno, em uma entidade que é mais do que a soma das partes... Nossa mestiçagem produz riqueza genética em vez de abastardamento e degeneração, como pretenderam os racistas e fascistas.