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O LIVRO MORREU, VIVA O LIVRO!!!

 

Antonio Risério é poeta e antropólogo, umas das inteligências mais profícuas e agudas de nossos dias, no Brasil.

 

ANTONIO RISÉRIO disse (VALE A PENA LER E REFLETIR):

 

 

Você afirma que não se pode falar em morte do objeto livro, mas em sua superação. Poderia comentar essa afirmação? (Derrida fala em fim da escritura linear.)

 

Sabemos muito bem que o livro não morreu. Pelo menos, ainda não. E isso não é uma opinião: basta passar a vista pelo movimento editorial do mundo, pela existência de milhares e milhares de livrarias, etc. Então, decretar a morte do livro pode ser um desejo, um projeto, mas não é um fato. O que há é, em determinados casos, um receptáculo inadequado a determinadas informações. Então, nem o cientista nem o poeta têm se limitado ao objeto livro. Há coisas que cabem num livro - outras, não. É o óbvio. A escrita multimídia, o exercício criativo no campo de linguagens multidirecionais pedem outras cenas, além, muito além, do suporte da página. Hoje, com a holografia, um poema pode flutuar, tridimensionalmente, no meio de uma sala. E, graças à virtual reality, é tecnicamente possível compor um texto para que o destinatário possa passear por dentro dele. Então, o livro não morreu. Mas, ao contrário do que pensava Mallarmé, nem tudo foi feito para acabar num livro.

 

 

Que novas exigências surgem para o poeta que se depara com a dimensão espaço-temporal da escrita computadorizada?

 

Acho que o principal é que o poeta não pense o computador

como uma espécie de supermáquina datilográfica. O computador é uma outra coisa. Há que investir poeticamente no campo da computação gráfica, tirando partido das possibilidades da nova tecnologia da mente, que alarga o horizonte do fazer, no sentido da promoção de uma liberdade dimensional da linguagem. A palavra eletrônica é uma palavra-evento. O poeta que souber lidar com isso, vai se movimentar, obviamente, num novo universo escritural.

 

 

Extraído de


RISÉRIO, Antonio.  Antonio Riserio / organização de Francisco Bosco e Sergio Cohn. Rio de
            Janeiro: Beco do Azougue, 2009.   216 p.  il.  (Encontro)   ISBN978-85-7920-000-7

 

  

Quem pretender ir mais longe, deve ler e reler o livro:

 

RISÉRIO, Antonio.  Ensaio sobre o texto poético em contexto digital.  Salvador, Bahia:              Fundação Casa de Jorge Amado, 1998.   203 p.  

 

Aceitem o meu recado... Escrito no fim do século, estava adiantando no tempo...

 

Antonio Miranda
www.antoniomiranda.com.br


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