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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



MÁRCIO ALMEIDA
 (Oliveira, Minas Gerais, Brasil)

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Extraídos de
POESIA: A EXPERIÊNCIA VISUAL
Apresentação, seleção e organização MARCELO DOLABELA
Belo Horizonte: Prefeitura de Belo Horizonte, 1994.
(Temporada de Poesi9a BH – 94)


 

METAPOEMAS
de
Márcio Almeida  

 

As presenças impuras
 

Por que fica uma palavra

perdida, sem função, a mais,

a apodrecer a lavra

do poema com um mas?

 

Que pensar permite o ruim

na surpresa da emoção?

Por que, se rígido, o sim

condena à exceção?

 

É desse consentir o erro

que a poesia faz sua função:

ser o sujeito da falta,

semente do nada, paixão?

 

Por que tantas perguntas,

dúvidas latifundiárias,

se a poesia é coisa junta

de seus exemplos e párias?

 

Se não existisse, a poesia

faria alguma diferença,

ao fundar signos de pia

com seus ócios e ciência?

 

Mas o que fundar num tempo

alvo de pleno desígnio,

o universo a vão do vento,

a filosofia do signo?

 

A contradição,a profecia

belomaldita da vida,

paródia, secular via

já do que antes era dúvida?

 

A poesia serviu ou servil

à semelhança do criado

serviço de linguagem – fio

fundo a destino do dado?

  

Ossos do ofício
 

O poema tem por função dar prazer,

ser a crítica de si mesmo, matar a fada,

o direito de sentir e de não ser,

promover a recepção do nada.

E dito assim – malícia natural,

que de tão óbvio é de si estranhamento,

voz que vê fundo numa forma de coral,

ritmo que pensa e faz festa de momento.

Trazer para fora o que é preciso não dizer,

que é “dito, dado, consumado”, tudo.

restam o diálogo e a memória do escrever,

a escritura que reinventa o seu futuro.

 

 

Ritmo
 

O que mais atrapalhou foi o seu melhor:

a logopéia que dançou o seu sentido,

metro musak, diálogo de condor,

palavra ao pé do verso, letra de ouvido.

 

Culpa sonora esse opus para surdo,

em que o soneto piora a forma mais tribal,

mais menestrel que imagina o absurdo,

coisa de rua , assovio, voz geral.

 

Pois é esta forma de falar que fala

coisas dançadas em pauta de papel:

teoria do sentir que se dá e cala

 

para ouvir outras vozes e assopros

plugados, todos, nos fonemas da babel,

rastros sonoros, tropicaliente, corpo.

 
 

G- anchos
 

A quantas vão os mantras

a quantas a quântica

         quantas antes de Dantes

há quantos sânscritos

quantos íncretos

quantos Sanches?

 

 

POUNDeração
 

De minuto

a minuto

de mim nutro

diminuto.

 

 

Recado em branco & preto
 

Cuidado aí, meu caro amigo,

com o fácil e o digestivo.

Já não se escreve com o umbigo

pra provar que se está vivo.

Cuidado com a democracia

verborréica e o pop poético.

Poesia não é mercadoria,

poeta é ser muito mais ético.

Cuidado com o narcisismo,

com a vaidade, o espelho meu.

Facilitar é afundar no abismo

e você só é bom sem o eu.

 

Cuidado ao nivelar por baixo,

ao fazer média em jornal,

bom poema não dá em cacho,

poética não é sonrizal.

Cuidado ao fazer o nome

nas estâncias da camõenidade,

pois não é poeta nem é homem

o que se faz de Masõ ou Sade.

Cuidado com drummondicídio

ou com a bigorna do concreto:

o abobril é o pão por suicídio

de quem só poeta pelo reto.

Respeita o que lhe desagrada

que há lições inaprendidas.

Melhor ser exceção à poetada

que ser geléia-geral na vida.

 

Cuidado com o que lhe cega

a luz da fama e da egolatrina.

Poesia é o que lhe nega

pra ser melhor quando assassigna.

Cuidado com o crochê dos clichês

do discurso-adjetivo na pauta.

Poesia não faz grana ou michê

e o seu melhor nunca fez falta.

Cuidado com o agrado barato

e retrocesso ao canto do chiste,

que poesia pode ser este fato:

onde você pensa que é, não existe.

 

 

 Meu nome é Enéas!

ou sobre o tráfico de influências
 

Meu nome é Manley Mallarmédonne

Joanocabralino

Roseado de camposousândrade

Signatari de Ávila

Da Costa Carrollispector Pereira

DrummondOtávio

Klebnikove da Silva.

Mais os chins.

 

(do livro Oficina de Nomes – 1995)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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