LIUBOV POPOVA
O lema dos construtivistas russos da segunda década do século 20 era “aportar algo novo à nova vida”, no afã revolucionário de mudança de costumes e valores estéticos. A artista Liubov POPOVA não era poeta, era desenhista e se converteu em designer de modas, produtos industriais além de artista plástica mas, como seus colegas, muito ligadas ao letrismo na composição de suas propostas. Faz parte, portanto, do que eu intitulei “arte verbal de vanguarda – quando não havia ainda o designativo abrangente da poesia visual (à época havia denominações como poesia concreta, neoconcreta, poegoespacialismo e outras desinências para os poemas geometrizantes ou ideogramizantes. Arte verbal extrapolaria a concepção maior de poesia literária ma conservando a idéia de poesia para outras manifestações na então denominada integração da artes.
ESBOÇO PARA A CAPA DO LIVRO DE POESIA “BOMBA” DE NIKOLAI ASEV, 1921. Tinta nankin, guache e papel montado sobe cartolina.
A artista Liubov POPOVA foi a mais radical dentre os construtivistas russos, atuando nas composições plásticas com que participava de exposições de sua arte geométrica, em projetos de arte mais utilitário e aplicado como as capas de livros, desenhos de padrões de tecidos, ilustrações de revistas, como estilista de roupas, vestuário para teatro, cenografia , em que frequentemente, a exemplo de outros construtivistas (ver nesta mesma seção a obra de RODCHENKO), fazia uso constante e às vezes exclusivamente de letras como elementos de composição visual. Um dos exemplos mais notáveis é o do cartaz para a campanha contra a prostituição. Antonio Miranda
HERMANO OPERÁRIO, PROTEGE TUA IRMÃ DA PROSTITUIÇÃO, 1923.
Guache e tinta nankin sobre papel, Museu Ludwig, Colonia, Alemanha.
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