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Procuraram com dedais — com cuidado, perseguiram,
Caçaram com fé e facão —
Despertaram sua cobiça com ações de ferrovia —
Seduziram com sorrisos e sabão.
O Banqueiro, inspirado por coragem nunca vista,
Depois foram todos comentar que,
Loucamente, avançou e sumiu de vista,
Na ânsia de encontra o Esnarque.
Mas enquanto buscava com dedais e cuidado,
Um Bandernete sorrateiro viu surgir,
E agarrou o Banqueiro, que gritou de desespero,
Pois sabia que não adiantava fugir.
Ofereceu desconto — ofereceu um cheque
(“Ao portador”, escrito), setecentas pratas,
Mas não convenceu o Bandernete,
Que agarrou o Banqueiro de graça.
Sem parar um instante, a bocarra furigante,
Animalesca, tentava abocanhá-lo —
O Banqueiro pulou, patinou, tropicante,
Até cair no chão desmaiado.
O Bandernete fugiu quando os outros chegaram:
Atraídos pelo grito de horror;
E o Sineiro comentou: “Era o que eu temia!”
E solenemente seu sino tocou.
O rosto todo sujo, nem lembrava o dito cujo,
Os amigos mal puderam reconhecer,
O susto foi tanto que seu colete ficou branco —
Coisa linda de se ver!
Para o espanto de todos presentes no dia,
Levantou-se vestido pra um jantar de gala.
E com caretas sem sentido ainda dizia
O que sua língua já não expressava.
Afundou na cadeira, pôs mão na cabeleira,
E falou com voz desgrafraca
Coisas cuja pequenez provavam sua insensatez,
Enquanto um par de ossos chacoalhava.
“Deixem o maluco para trás — está tarde demais!”
Pôs-se o Sineiro a exclamar que
“Perdemos do dia metade, se deixarmos para mais tardem
À noite não se pega Esnarque!”