HÉLIO OITICICA
Seja Marginal
Estandarte, 1968
Criação polêmica, no calor do “é proibido proibir” do movimento 1968 de rebeldia estudantil em todo o mundo, uma contestação ao regime militar que entrava numa fase mais agressiva de repressão.
Exposto na exposição OBRANOME II, no Parque Laje, em 2009, como desdobramento da exposição de poesia visual que teve lugar no Museu Nacional de Brasília, durante a I Bienal Internacional de Poesia de Brasilia, setembro de 2008), com a curadoria de Wagner Barja. A exposição também vai ser levada ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo e a outras capitais brasileira.
“ESTOU POSSUÍDO”
1968
documentação fotográfica e técnica mixta
Parangolé P17
Extraído do catálogo:
PEDROSA, Adriano; MORA, Rodrigo. Arte-vida. Catálogo. Rio de Janeiro: Cobogó, 2015. 464 p. ilus. col. 19x23,5 cm.
Extraído de
COELHO, Frederico Oliveira. Livro ou livro-me: os escritos babilônicos de Hélio Oiticica. Rio de Janeiro: EditUERJ, 2010. 292 p. ISBN 978-85-7511-185-7 ilus. p&b. Ex. bibl. Antonio Miranda.
“Este livro foi escrito antes do trágico incêndio ocorrido no acervo de Hélio Oiticica, em outubro de 2009.”
FREDERICO OLIVEIRA COELHO
Para a realização desta tese que está no livro, o autor revela sobre a criatividade literária de Hélio Oiticica: “sua obra era bem maior do que seus quadros, sua ambientações, seus Parangolés, Bólides ou Cosmococas, isto é, descobrir que sua obra, além de visual, era textual. O segundo espanto foi, ao estudar seus textos, encontrar outras formas de escrita que não apenas os manifestos, os textos conceituais sobre seu trabalho e as críticas de arte. De sua lavra saíram dezenas de “contos”, poemas, traduções de escritores e poetas, críticas literárias, prosas poéticas.”
Vale dizer, que os interessados devem ir ao livro... Material extenso e valioso sobre o nosso genial Hélio Oiticica. Aqui, a título de provocação, apenas alguns “excertos”, como se diz sobre essa escolha acanhada... Porque, na opinião do pesquisador, trata-se de “Uma escrita da invenção, do cotidiano, do experimental. Uma escrita, enfim, da diferença.”
Oiticica deixou sua marca no processo criativo e disruptivo do Neoconcretismo em oposição do Concretismo, de cujo processo ele participou sob a liderança de Ferreira Gullar, ao lado de artistas como Lygia Clark, Lygia Pape, Amílcar de Castro e Franz Weismann, a partir de 1959.
Fragmento da obra “Poética secreta”, de Hélio Oiticica, de 1964:
O cheiro,
tato novo,
recomeçar dos sentidos,
absorção,
lembrança,
oh!,
virá o que,
far-se-á,
virá a ser,
será
punhado de futuro,
apreensão.
(...) “sua escrita era, além de tudo, esse território de luta declarada contra a “quiescência esclerosante”. Sua função de escritor era levar a cabo a convocatóri feita por Waly /Salomão/ : abrir a linguagem em todos os níveis. Artista vinculado ao paradigma da invenção aplicaria outra estratégia de ação. Suas torções e subversões eram constantes. Sua insatisfação com o médio era permanente. Suas invenções de palavras-ideias batizavam suas obras e costuravam seus textos. Em poema de 1971 (figura 11), podemos ver um breve exemplo dessa escrita que incorpora línguas, espaços, desenhos, invenção de palavras. ( COELHO, F. O. , P. 137):
E, a seguir, como exemplo paradigmático, um fragmento da “Versão manuscrita de Barnbilônia, escrita em 23 de janeiro de 1971:
Finalizando, um fragmento da “Carta-texto sem título, em janeiro de 1974 e publicada na revista Pólem:”
Página ampliada e republicada em setembro de 2018.
|