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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

GILBERTO MENDONÇA TELES

 

 

TELES, Gilberto Mendonça.   Improvisuais.  Goiânia: PUC=GO, 2012.   150 p.  ilus. (Coleção Goiana em Prosa e Verso)   22x20 cm.  Capa dura.   ISBN  978-85-8106-286-0 Capa: Laerte de Araújo Pereira.  Projeto editorial: Vinicius Duque Estrada Vargas, Pedro Breda.  Col. A.M. 




 

POEMA-PROCESSO DE GILBERTO MENDONÇA TELES
EM EXPOSIÇÃO NA UFMT

exposição na museu da UFMT durante o seminário Poéticas de vanguarda em Cuiabá realizado em homenagem a Wlademir Dias-Pino na Universidade Federal de Mato Grosso, de 9 a 11 de setembro de 2015.

 

TELES, Giberto Mendonça. Improvisuais: poemas visuaisGoiania, PUC-GO; Kelps 2012. 150 p. ilus. col. (Coleção Goiana em Prosa e Versos) ISSN 978-85-8106-286-0 CDU 821-134-3(81)-1 
Ex. bibl. Antonio Miranda




 

 

 

 

 

 

O VISUAL DA ESCRITA

 

Gilberto Mendonça Teles

 

 

Foi por intermédio da "letra", da escrita, que a poesia pôde ser pensada como literatura. E o curioso é que até hoje as universidades brasileiras não se interessam pelo estudo da escrita — o grafema (a forma física e visual da linguagem): o ensino no Brasil e as gramáticas privilegiam apenas o fonema, não percebendo as funções
do grafema.

Foi mais ou menos o que se passou entre os séculos VII e VI na Grécia antes de Cristo, quando a escrita alfabética estava sendo divulgada. Daí a frase histórica  de Simônides (556-468 a.C.), chegada até nós por intermédio de Plutarco, em De Gloria Atheniesium, III, 346 a. C.):

"A palavra é uma poesia silenciosa;
a poesia, uma pintura que fala",
que reperticurá no pensamento latino, no famoso "Ut pictura poesis",
de Horácio.
No contexto oralizante, a "imagem" era um procedimento mnomotécnico para se lembrar de versos a serem recitados, e também, uma forma de representar mais vivamente a linguagem do
aedo e do rapsodo. Era portanto fortemente repetida como "deixa", como "gancho" (como se diz hoje) para que o narrador não se perdesse. Ao falar, por exemplo, de Ulisses, os epítetos são sempre os mesmos; ao falar de madrugada, repete-se constantemente a bela imagem da Aurora de dedos rosados.
Com a escrita a imagem passou a ocupar o centro da criação poética, introduzindo vários sentidos e representando coisas difíceis de serem ditas de outra maneira. Ela introduz um segundo sentido, não literal, metafórico, simbólico, ou analógico. E possui o seu "lugar" no discurso, desliza entre o significante e o significado e atua no micro — e na macroestrutura, nas duas estruturas do poema ou da narrativa.

A poesia tradicional e a de vanguarda do século XX fizeram da imagem a força energética do poema, a ponto de recuperar com ela uma nova estética da visualidade. A imagem na poesia de vanguarda passou de construção verbal (hipotaxe), e chegou a experiências com a linguagem não-verbal, como no poema processo.
A radicalidade do poema processo ultrapassou as experimentações da poesia concreta no sentido de uma volta à origem, à anterioridade da escrita, ao agrafismo, ou seja, à pura oralidade. Logo que a escrita foi-se tornando comum, aí pelo século V (a.C.), o sentido dos significantes expandiu-se pela força imaginativa de alguns poetas, e passou também a incorporar uma porção maior de espaço, indo da imagem obtida pela simples linha de grafemas à configuração de uma imagem maior, ampliada para ser percebida na sua totalidade de objeto, desenhando-o para além dos significados das palavras que o formam, como que pintando-o com maior teor de realidade.
Esta é a filosofia do poema visual.

 

 

Página ampliada e republicada em dezembro de 2020

 

 

 
 
 
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