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GABRIEL BICALHO

GABRIEL BICALHO


Nasceu em 1948 na cidade de Santa Cruz do Escalvado, então distrito de Ponte Nova, Minas Gerais.  Começou escrevendo poesia quando adolescente, timidamente, com o desconforto da censura tolhendo a liberdade criativa.  Aos vinte e seis anos de idade, publicou seu primeiro livro de poemas, Criânsia, pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. O livro obteve menção especial de poesia no Prêmio Fernando Chinaglia II, promovido pela União Brasileira de Escritores _ RJ. Outros livros publicados: Euge Poeta e Apesar das Nuvens.

Os poemas a seguir foram extraídos da obra CARAVELA [redescobrimentos] , edição do Ministério da Educação, na série Literatura para Todos. Um reconhecimento justo ao talento do poeta. Poemas que cruzam o hai-kai com a arquitextura da poesia concreta... Merecidamente  os textos de Gabriel Bicalho foram escolhidos por júri do mais alto gabarito para figurarem na referida série que é distribuída aos estudantes de todo o país.  Um convite à melhor literatura, à livre associação de idéias a partir de textos concisos, rítmicos, insinuantes, abertos à interpretação e à imaginação. Por certo, fizemos uma “intervenção” em alguns poemas, resaltando-os por meio de negrita e, no caso mais extremo, fizemos uma espécie de “intradução” no poema “marinha viii” para insinuar a figura de um peixe, o que poederia ser ainda mais explícito se o autor quisesse transformá-lo em um caligrama...  O poema “marinha vi” é, certaemente a imagem verbal de uma barco... Mas deve ter preferido que os leitores descubram e façam sozinhos  a associação formal com os textos... Aliás, o subtítulo “[redescobrimentos]” insinua tais revelações...  Antonio Miranda
 

marinha I

branca vela
a caravela
brinca
de leva-e-traz
atrás de
fonemas
num mar de
palavras

 

marinha IV

ra  mar  ia
re  mar  ia
ri  mar  ia
ro  mar  ia
ru  mar  ia

 

marinha v

era brisa
marinha
levando
minha
poesia
pois ia
ia

 

marinha VI

 

e

no
mar
sereno
sem remo
sem rumo
sem rumor
:

vê-las soltas ao sol
as brancas velas
do amor

 

marinha viii

o
azul
anz
ol do
teu olhar
me puxa
como
um
p e i x e

 

marinha xiv

ou
como um
caracol
corando a
cara do sol


marinha xxii

jangada
jogada
às águas
zangadas
:
ziguezagues
de mágoas


marinha xxiii

a

ver
navios
não vias
o tempo passar


marinha xxx

convém
o amor
no convés
ao invés
de amar
de viés
ou revés


marinha  xxxii

sem reta
nem rota
paira
sobre a
praia
meu sonho
gaivota


marinha xxxvii

nado
ao
nada

 

Página publicada em dezembro de 2008




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