Fernando Aguiar é o mais internacional dos poetas portugueses da atualidade. Incluído em mais de 60 antologias em 16 países, 39 exposições individuais de poesia visual em 8 países e coletivas em três dezenas de países. E intervenções em museus, festivais, bienais, galerias e outros eventos artísticos e literários mundo a fora. Guardadas as diferenças de tempo e contexto, ele encarna o que Manuel Pires de Almeida (1663) disse da poesia ser a "pintura que fala, e à pintura, ser a poesia muda"... Também Camões , nos Lusíadas canto 7 nos diz d´"A muda Poesia ali descreve" referindo-se à Pintura. Mais enfático ainda foi Lope de Vega: "Bien es verdad, que llaman la poesía/ Pintura, que habla, y llaman la Pintura/ Muda Poesia, que exceder porfía." Isso "porque a imagem é como que um outro gênero de escritura" ( eo quod imago sit ua si alterum scripturae genus) disse Herrera de Garcilazo de la Vega. Fernando Aguiar faz a ponte entre iconografia e poesia, pela visualidade, valendo-se da colagem, associando imagens pictóricas e letrismo numa grafitagem de ateliê, quando ele não invade o espaço cênico ou opta pelas instalações ao ar livre. É o que eu chamei, em 1962, de "arte verbal de vanguarda". Antonio Miranda (Brasília, 3 de abril de 2010)
AGUIAR, Fernando. O Possível da medida. / s. l. / Busilis – Tropelias & Companhia – Associação Cultural, 2018. 79 p. ilus. 15 x 21 cm. Paginação e capa: J. José Olim. ISBN 978-989-8582-62-1 Impressão em Portugal pela Ulzama. Ex. bibl. Antonio Miranda
O POSSÍVEL DA MEDIDA foi escrito nos dias vinte e vinte e um de abril de mil novecentos e noventa e seis, durante SERPENS I - The International Festival of Performance and Action Art, que se realizou em Praga, na República Checa, após uma leitura e tentativa de tradução visual, sonora, estrutural e rítmica do livro "OKRÍDLENÁ HOVÉNKA ", de Milan Knízák.
As fotografias / da capa e do interior do livro / retratam pormenores da instalação "Escrita DArte (Romance)", que integrou a exposição individual "ARTE DESCRITA", apresentada no Museo Vostell Malpartida, em Malpartida de Cáceres, Espanha, entre Fevereiro e Maio do mesmo ano.
CANTO BOCA SOM
Canto boca som pensamento espasmo
absurdo oculto oco estranho.
Canto boca som suor perca
abismo tempo ensaio mito.
Canto boca som versão mescla
vertigem amorfo adverso rumor.
Canto boca som deslize troca
encontro segurança avaro saída.
Canto boca som caminho tempo
aparência senso metódico sonho.
CONTEXTURAS
Descontextualizada
letras que se unem
para formarem
um texto.
Para se
afirmarem
como contexto.
Para se tornarem
num con texto
em torno
ou dentro
do texto.
Para sublevarem
o contexto
no interior
do texto.
Para se
tornarem
(con)texto
e (contra)texto.
E depois s
e des
con tex-
tualizarem.
Contexturas...
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Imagens e textos extraídos de
POESIA EXPERIMENTAL PORTUGUESA.Curadoria Bruna Callegari e Omar Khouri. Caixa Cultural Brasília / Galerias Piccola I e II. 17 de outubro a 16 de dezembro de 2018. Brasília, DF: Caixa Cultura, 2018.. 176 p. ilus col. 21 x 26,5 cm. Realização: Espaço Líquido multicultural. Apoio Camões Instituto da Cooperação e da Língua Portugal. ISBN 978-85-67718-O8-8 Ex. bibl. Antonio Miranda
Ensaio para uma nova expressão da escrita. 1980
Portugal. 1978
Ensaio. 1986. Serigrafia s/papel, 19186. 30 x 40 cm.
Sem título. 2011. Serigrafia s/papel 33 x 25 cm P A . VIII/X
Poesia visual I e III. 1964 Série de fotografias, impressão digital,
35 x 50 cm.
Antonio Miranda, Fernando Aguiar, E. M. de Melo e Castro e esposa, na abertura da exposição POESIA VISUAL PORTUGUESA na Caixa Cultural, em Brasília, em 16 de outubro de 2018.
PÁGINA EM CONSTRUÇÃO... INCLUIR IMAGENS E VIDEO (ZENILTON.. URGENTE)
AGUIAR, Fernando. Revisitación. Navarrés, España: Babilonia, 2013. 44p. ilus. col. (Pliegos de la visión, n. 43) Edición de 250 ejemplares.
AGUIAR, Fernando. This is visual poetry by Fernando Aguiar. ???: chapbookpublisher, s.l. s.p. ilus. col. Tiragaem: 30 exs.
De Fernando Aguiar TUDO POR TUDO Organização de Floriano Martins
São Paulo: Escrituras Editora, 2009.
174 p. (Col. Ponte Velha)
ISBN 978-85-7351-341-15
Edição apoiada pela Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas/Portugal
Uma bela surpresa a edição do livro TUDO POR TUDO do nosso amigo Fernando Aguiar no Brasil! Poemas textuais e visuais, agora acessíveis ao nosso público. Em tempo: Fernando Aguiar é convidado oficial da II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA (de 3 a 7 de setembro de 2010), onde deve apresentar algum de seus trabalhos na exposição OBRANOME III e fazer uma performance durante uma das sessões magnas do evento. Ah, e aproveitaremos para apresentar (e quem sabe) lançar o livro.
Veja dois poemas do livro:
O Excesso Inexcedível
(o amor que, de resto, pode ser abominável)
Décio Pignatari
se o amor pode ser abominável
a dor é uma sensação adorável.
se o excesso pode ser inexcedível
o pouco é com certeza algo incrível.
se o ostensivo pode ser exigível
o redutor é certamente repreensível.
se a tônica pode ser aconselhável
o inverso é quase sempre miserável.
se a nudez poder ser apetecível
o universo é algo de indizível.
se a palavra é por vezes imperceptível
o que não diz será sempre indiscutível.
(A)variações
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CARTÕES POSTAIS
Quatro cartões postais, de 1989, da carreira do poeta Fernando Aguiar em suas performances de poesia visual, atividade em que ficou conhecido em toda a Europa como pioneiro na atividade poética de vanguarda. Peças da coleção de A.M.
“SONETO LÍRICO SOBRE O EROTISMO” 1º Festival de Performances y Poesía em Acción. Peniscola, España 1989. Fotografia:Teresa Aguiar)
“DIALOGUES” Fiatal Múveszek Kluna, Budapest, 1989.
“ENSAIO PARA UMA INTERACÇÃO DA ESCRITA” Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, Lisboa, Portuga, 1985. Fotografia: Raul Ladeira.
COLAGEM. 1989
AGUIAR, Fernando.O Dedo (poema em 22 andamentos) Lisboa: 1981. 11x31 cm. s.p. formato especial“escrito entre junho de 1977 e março de 1978”.
SEM TÍTULO fotografia
Extraído de:
OBRANOME III: Antologia de poesia visual / Poesia Portuguesa. Anthology of Visual Poetry / Portuguese language.Organização editorial, projeto e curadoriaWagner Barja. Brasília: Edição AVE Promoção e Produção Cultural, 2013. 160 p. Ilus. col. 23x26 cm. capa dura. ISBN 978-85-65010-06-1 Realização Fundação Nacional de Artes – Funarte. Exposição realizada em Alcobaça, Portugal entre junho – julho 2013. Col. A.M. (EE)
Exposição de poesia visual segundo o conceito Obranome, que conjuga artes plásticas, poesia, instalação, videopoemas e outros elementos da integração das artes, realizada no palácio de Alcobaça, onde viveu Inês de Castro, a rainha de Portugal. Inclui artigos de Antonio Grassi, Jorge Pereira de Sampaio, Wagner Barja, João Ferreira, Antonio Miranda, Xico Chaves, Augusto de Campos e Oto Dias Becker Reifschneider em português e inglês.
Inclui imagens dos trabalhos dos seguintes artistas brasileiros e portugueses
Os poetas Antonio Miranda e Fernando Aguiar em Madrid, Eapaña, em dezembro de 2009 durante uma exposição do poeta português na capital espanhola.
Antonio Miranda e Fernando Aguiar voltam a se encontrar... desta feita em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, durante o Belô Poético (15 a 18 de julho de 2010, no Sesc JK). Além de amigos, têm em comum o interesse pela poesia visual, ideogramática, animaverbivocovual...
II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA– Poemário. Org. Menezes y Morais. Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011. s.p. Ex. único.
Cabe ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela internet.
Como quem quer dizer tudo
Atirar o poema.
De chofre.
Palavras cuspidas.
Cruas. Abruptas.
Materializar o que sai.
Para que se diga.
Objetos em forma
de som.
Lançados com
a raiva da força.
Projetados nos
contornos da voz.
Poética que transmite
fora do tom.
Como quem quer
dizer: com tudo.
Ideia (in) contida
que extravasa.
Veicular o instante
pelo peso das letras.
Empatia subjectiva
que se constitui.
Impossível é não
entender o poema.
Quando se leva
com os versos na cara.
Problemática da dificuldade
está difícil. está muito difícil.
está mesmo muito difícil. es
tá realmente mesmo muito
difícil. não há dúvida que est
á realmente mesmo muito di
fícil.
está difícil. está muito difícil.
está muito mais difícil, está
mesmo muito mais difícil. es
tá realmente mesmo muito m
ais difícil. não há dúvida que
está realmente mesmo muito
mais difícil.
está difícil. está muito difícil.
está ainda mais difícil. está a
inda muito mais difícil. está
mesmo ainda muito mais dif
ícil. está realmente mesmo ai
nda muito mais difícil. não h
á dúvida que está realmente
mesmo ainda muito mais dif
ícil.
está difícil. está muito difícil.
está cada vez mais difícil. est
á cada vez ainda muito mais
difícil. está mesmo cada vez
ainda muito mais difícil. está
realmente mesmo cada vez a
inda muito mais difícil. não h
á dúvida que está realmente
mesmo cada vez ainda muito
mais difícil.
para quem julga que estou a e
xagerar, não digo apenas que
não há dúvida que está realme
nte mesmo cada vez ainda mu
ito mais difícil. nem que está d
ificílimo. está dificilíssimo!
Poema-processo
para o Álvaro de Sá
Escreveu os versos na folha
mas não gostou.
Amachucou
e pôs de lado.
Tentou outra versão
que também não agradou.
Amachucou
e pôs de lado.
Insistiu, sem conseguir
o efeito desejado.
Amachucou
e pôs de lado.
Repisou de novo
sem resultado.
Amachucou
e pôs de lado.
O poema teimava
em não o ser. Desanimado,
amachucou
e pôs de lado.
Ficou sem folhas para escrever.
Mas o poema estava pronto.
Terminado.
Mesmo ali ao lado.
O sabujo sarapinta o safado
o sabujo sarapinta o safado
septuagenário soluça um sorriso
sai sinônimo sem significado
sombrio sofisma de sobreaviso.
segismundo soletra o sermão
o sintomático é seduzível
sanguessuga saboreia sedução
sacristão de sarcasmo sofrível.
a sintaxe sugere substantivo
um sarilho sequioso por o ser
silêncio é suplício subjectivo
um secreto soluço a subverter.
o sobrolho que sabe a sovaco
o sacripanta que se substancia
um safardana que sangra do sacro
sem sincronismo na sodomia.
o signatário subjuga a sebenta
a santíssima tem secreção
safo suada é mais suculenta
sovar supõe sempre satisfação.
O sabujo sarapinta o safado
o sabujo sarapinta o safado
septuagenário soluça um sorriso
sai sinônimo sem significado
sombrio sofisma de sobreaviso.
segismundo soletra o sermão
o sintomático é seduzível
sanguessuga saboreia sedução
sacristão de sarcasmo sofrível.
a sintaxe sugere substantivo
um sarilho sequioso por o ser
silêncio é suplício subjectivo
um secreto soluço a subverter.
o sobrolho que sabe a sovaco
o sacripanta que se substancia
um safardana que sangra do sacro
sem sincronismo na sodomia.
o signatário subjuga a sebenta
a santíssima tem secreção
safo suada é mais suculenta
sovar supõe sempre satisfação.
FERNANDO AGUIAR
AGUIAR ART ACTION #3.3
“O CONTRÁRIO DO TEMPO / OUTROS PERCURSOS ”
REDES, COLABORAÇÃO E RESISTÊNCIA
EM/ENTRE PORTUGAL E BRASIL, 1962-1982
OBRAS DO ARQUIVO FERNANDO AGUIAR
E DA COLEÇÃO MORAES-BARBOSA
Curadoria: RUI TORRES
Iniciada em 1999, a Coleção Moraes-Barbosa (São Paulo, Brasil) é um repositório de arte conceptual e videoarte além de um arquivo de 15.000 objetos de dança e performance, música experimental, poesia visual, revistas e publicações de arte. Atualmente, encontram-se em curso vários projetos com artistas, investigadores e críticos de arte que exploram o arquivo, bem como um projeto com a Universidade de São Paulo dedicado ao estudo da arte e inteligência artificial.
O Arquivo Fernando Aguiar (Lisboa, Portugal) contém cerca de 50.000 itens relacionados com a poesia experimental e visual, performance, arte postal, livros e edições de artista, Fluxus e arte conceptual, desde os anos 1960, com destaque para a componente da poesia experimental portuguesa. O acervo documental é constituído por livros, catálogos, revistas, revistas de artista, cartazes, desdobráveis, fotografias, slides e negativos, provas de contato, vídeos, poesia digital, cassetes, discos e CDs de poesia sonora e postais, entre outros.
AGUIAR, Fernando. O Dedo (poema em 22 andamentos) Lisboa: Tipografia Freitas Brito, 1981. 11x31 cm. s.p. formato especial"escrito entre junho de 1977 e março de 1978". Edição do autor.
DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22. Editor Guido Bilharino. Uberaba, MG: 1992. 147 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia. Ano XV. No. 24. Editor Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995. 150 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda