FEBRÔNIO ÍNDIO DO BRASIL
Blaise Cendras, o poeta vanguardista que andou pelo Brasil e esteve ligado aos poetas e artistas da Semana de Arte Moderna de 1922, principalmente com Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, ficou impressionado com a história do Febrônio. E até publicou um artigo sobre o personagem na imprensa parisiense, que causou desconforto entre os brasileiros que viviam por lá, por considerarem "denigrante" a matéria para a imagem do Brasil...
Febrônio seria um de nossos primeiros serial killers...
Matava meninos com os quais mantinha relações sexuais, com requintes de crueldade. Acabou na prisão e de lá levado para um hospício. Mas Blaise Cendrars encontrou nele um criador autêntico na linha do surrealismo automático, visceral, capaz de escrever fora da razão, imerso no subconsciente mais profundo.
" No final dos anos 20, depois de uma visão mística, Febrônio tornou-se um profeta. Evangelizador de uma religião própria que pregava a existência do Deus-Vivo. Sua missão, de acordo com as ordens de uma santa loura que apareceu em sua visão, era “escrever um livro e marcar os jovens eleitos com as letras D.C. V.X. V.I., tatuagem que é o símbolo do Deus- Vivo, ainda que com o emprego da violência!”. Escreveu um livro chamado As Revelações do Príncipe do Fogo, onde descrevia prolixamente esta religião. Todos os exemplares dos livros foram queimados pela polícia federal logo após sua prisão." [http://arquivom.wordpress.com/2009/06/15/serial-killers-made-in-brasil/]
Até o filósofo Michel Foucault interessou-se pelo tema...
O que nos interessa no caso é a pioneiridade do homem na inscrição via tatuagem em seu corpo, com uma mensagem mística. Arte verbal, o corpo sendo o lugar da escritura e da mensagem. Mais do que isso: lugar sagrado de iniciação e revelação... Usou letras como imagens-signos no intuito da inscrição. Certamente que a tecnologia era rústica e dolorosa. E doou também na consciência de seus conterrâneos, mas do espanto passou à admiração dos pósteros. Em arte tudo é possível...
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