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Fonte: http://www.musarara.com.br/ Ernesto Manuel de Melo e Castro é nome consagrado na poesia visual e experimental, atuante em Portugal e no Brasil onde já publicou uma série considerável de títulos tanto de poemas como de teoria e crítica literárias. Os poemas deste livros foram compostos entre 2003 e 2010, em Lisboa, Porto, Algarve e São Paulo. Edição primorosa, caprichosa, inventiva. Pioneiro no uso do computador nas suas composições poéticas, em infopoemas, E. M. de Melo e Castro ainda consegue surpreender com sua inventividade. Veja também o ensaio: ENTRE O ORAL E O VISUAL: UMA REDE INTERSEMIÓTICA, por E. M. de Melo e Castro
POESIA EXPERIMENTAL PORTUGUESA. Curadoria Bruna Callegari e Omar Khouri. Caixa Cultural Brasília / Galerias Piccola I e II. 17 de outubro a 16 de dezembro de 2018. Brasília, DF: Caixa Cultural, 2018.. 176 p. ilus col. 21 x 26,5 cm. Realização: Espaço Líquido multicultural. Apoio Camões Instituto da Cooperação e da Língua Portugal. ISBN 978-85-67718-O8-8 Ex. bibl. Antonio Miranda
CASTRO, E. M. de Melo e. Poética do ciborgue – antologia de textos sobre tecnopoiesis. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2014. 196 p. 15x23 cm. ISBN 978-85-60676-72-9 .” E. M. de Melo e Castro “ Ex. na bibl. Antonio Miranda E.M. de Melo e Castro é o nosso Mestre, há várias décadas. Poeta experimental, teórico e artífice, vem publicando muitos livros em que cria e desconstrói, especula e se reinventa. E pergunta: “Existirá uma poética do complexo, ou a complexidade é em si própria, uma nova poética que sempre esteve entre nós, mas que os computadores conseguiram revelar, tal como aconteceu com os “atratores estranhos” de geometria não euclidiana fractal criada por Benoit Mandelbrot. Mas também, programas como o Photoshop possuem possibilidades inventivas de imagens complexas sempre renováveis, muito para além dos usos pragmáticos para que foram originalmente feitos. Ou, reciprocamente, ambas estas hipóteses se interativam, porque toda a complexidade é poética, mas também toda a poética é, sempre foi, complexa” (...) Mas a poética exige níveis objetuais do fazer, enquanto a complexidade é do domínio conceitual. No entanto, ambas são categorias diferenciadas, mas indissociáveis do conhecimento e das manifestações comunicativas. Digamos então que a poética é um fazer, enquanto a complexidade é uma condição ou estado de energia. Mas quando essa energia é a própria matéria do fazer poético, como no caso da infopoesia e das poesias digitais, então a complexidade torna-se uma poética das transformações só probabilisticamente previsíveis. Já Haroldo de Campos falava da arte no horizonte do provável, título de um dos seus livros de ensaios”(CASTRO, p. 10-11) E. M. de Melo e Castro sempre viveu no futuro. ANTONIO MIRANDA (2014) ... LÍRICA DO CIBORGUE* E. M. de Melo e Castro
nos ouvidos pela pele os toques trilhões das tuas células quando já não terás mas vários eus é com eles Homo Sapiens Ciborgue * Um Ciborgue é um organismo cibernético, isto é, um organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial. (wikipedia) Poema do livro Néo-Poemas-Pagãos. SP: Selo Demônio Negro, 2012. 2ª ed.
De e.m.de melo e castro
Escolhemos duas peças pra dar ciência da variedade de sua criação, uma em que deforma e monta um poema visual a partir de um texto mallarmáico, com tipos 'tipográficos" variados que são distorcido pelo aplicativo computacional para chegar a uma contradição notável: transformar em imagem o texto para dar-lhe o sendo. O visual é que efetivamente amplia a significação semântica do discurso. Em outras palavras, o texto discursivo, com as intervenções "tipográficas" em sua arquitextura, se concretiza ou coisifica na intervenção digitalizada. O segundo trabalho é um "soneto" nada convencional, sem desprezar as rimas... =============================== "The cryptic eye is an approach to infopoetry. / Infopoety is made with the use of the computer thus adding the virtual reality of the poetic images to the virtual, dematerialized of the synthetic imagery and writing produced by the computer. / Infopoetry is metavirtual, bringing with it the difficult reading of the non obvious." E. M. DE MELO E CASTRO, in "FINITOS MAIS INFINITOS" (Lisboa: Hugin Editores, 1996). De onde extraímos o seguinte exemplo ============================================= CASTRO, E. M. de Melo e. Quatro cantos do caos. São Paulo: 2009. 20 p. (Selo Demônio Negro) 13x19 cm. Capa em papel artesanal de fibras de sisal e bananeira Tiragem: 100 exs. “ E. M. de Melo e Castro “ Ex. 026 na bibl. Antonio Miranda.
SEGUNDO CANTO DO CAOS
e por isso que somos os segundos nesta segundidade dilatada de seguros nos segredos dos sempre dilatados
conjuntos fragmentados eis como sendo um discurso disfarçado do medo refarçado do estrídulo
correr por neves quentes na anterior angústia de rever o visto como isto dos braços amoutados de montes
ou outra sempre subsequente ária requentada de sons cerúleos e sequentes meloria na melodia melhorada deste
segundo dia de caos imentalmente ignoto como se como estes forem os sumários distantes argumentos da vida retinida
numa retina tida como precisa e bela quando nunca se esgueira a sombra da poeira do pó e da sequela tonta
a iluiminaçao da luz fundida para dentro como que para fora da destituída hora em que só ver não via os segundos caírem
nem as mãos maiores que os pés mas os avanços sinestésicos incluem uma vaga sensação de nunca visto isto e aquilo
é como assim que nada se define pela cor dos submersos influentes antes sobram os dedos manigantes
em toda a construção intensa outra que lentamente ergue-se de si tonta e ferente com o fogo logo inceso e tanto
da labareda frente de sonhar intensos tensos vinagres de sobro a tempo e vento istos de auroras e de luzes tensas apagadas
logo perdidas logo descontadas nas dobras moveis substancias desdobradas onde se para dentro ou fora ou cima ou dentro
tudo no larborinto fosse um foço de antro ou entro no que sai de dentro da caverna e tempros desmenbrarda relembrada
sombras de erros pelos dertos astros reinflectidos no reflrexo ausente em todras as partres fixas artes artes
Comentário de Jayro Luna (Doutor em Literatura Portuguesa, USP)
Em Portugal, a poesia concreta também prosperou, e embora seja tributária inicialmente dos experimentos inovadores do grupo Noigandres, logo tratou de seguir caminho próprio, associando características com a herança cultural e literária portuguesa (Barroco, Futurismo, Surrealismo) que acabaram por configurar não só um paideuma caracteristico, mas elementos estruturais diferentes da produção brasileira, dando como resultado uma poesia concreta singular.
Tal fato se deve em parte ao desenvolvimento da chamada poesia experimental portuguesa, que já nos primeiros anos da década de 60 encontrava uma preocupação formal que aEbriria o campo para a simbiose com o Concretismo vindo de além mar.
No caso da utilização de elementos estatístico-probabilisticos na poesia concreta portuguesa, tomemos como exemplo um poema de E.M. de MeIo e Castro, "Soneto Soma 14X", do livro Poligonia do Soneto, 1963. É um soneto que se insere naqueles que farão a crítica do soneto como forma poética. O soneto "Soma 14X" é composto de números e, nesse sentido, conhecendo algumas da regras compositivas do soneto, e observando, que no caso deste poema, a soma dos números de um verso devam totalizar 14, é possível subtrair-se alguns versos c pedir a alguém que complete os versos faltantes, num raro exercício de análise matemática da forma. O soneto em questão, apresenta rimas numéricas, assim, no caso da reconstituição é possível, sabendo-se com qual determinado verso rima, já saber de antemão qual o último dos cinco números que compõem o verso. Os outros quatro números do verso, resultaram de uma soma baseada no fato do total do verso dar 14, e de que não há um só verso repetido neste soneto. Observe-se ainda, que o último verso deste soneto, o verso "chave de ouro" dá soma 28 (duas vezes 14), como que a querer dizer que é um verso que vale mais do que os outros. Numericamente, portanto, é possível neste nosso exercício de reconstrução produzir variantes do soneto, mas que funcionalmente, exerceram o mesmo papel desempenhado pelo original de Meio e Castro, que crítica justamente a forma padrão para o fazer poético. Cabe observar ainda, que se retirássemos não um verso, mas somente um número de cada verso, a possibilidade de reconstrução integral do soneto em relação ao original, seria de 100%
Extraído de LUNA, Jayro. Caderno de Anotações. Belo Horizonte/São Paulo: Signos/Editora Oporetuno, 2005. p. 74-75
Na visão do autor E. M. DE MELO E DCASTRO: “Aqui o poema tende, de fato, a ser um objeto que a si próprio se mostra. Estabelece-se assim uma ligação direta com a poesia visual e concreta, em que a substantivação de todos os seus elementos é total. Melhor: existe uma sintaxe espacial em que os elementos constitutivos do poema se articulam no espaço pelas suas posições relativas na página, como objetos formando um edifício. Por isso através da substantivação e coisificação se passa simultaneamente ao plano estrutural da experiência humana e ao campo visual e objetivo da informação e ainda ao pode sintético das escritas ideogramáticas. Assim num poema concreto, um reduzido número de palavras o até uma só palavra, decomposta nos seus elementos de formação, sílabas, fonemas, letras, pode adquirir uma ressonância sugestiva de tipo sinestésico imediato, muito diferente do que a linguagem descritiva conseguiria alcançar.” In> MELO E CASTRO, E. M. de. O Próprio Poético. São Paulo: Quiron, 1973. p.67
“Padrões de interferência: efeitos cinéticos interativos obtidos por sobreposições sucessivas de elementos sígnicos. A sobreposição de textos como princípio de abstração resultando em imagens não necessariamente verbais (literais) de geometria variável, propondo diferentes possibilidades de leitura: a ilegibilidade como leitura visual-visual. No mesmo passo as interferências podem abrir lapsos de legibilidade literal aleatórios, de sentidos inesperados (?). Signos verbais se potenciam outros.”
“Estamos perante a desleitura nas suas infinitas formas por sobreposição e interferência sígnica, criptovisual e talvez mesmo subliminar, abrindo-se para os transentidos. A ilegibilidade que aqui se escreve não é efetivamente nem do texto nem do leitor, mas sim de ambos, interativando a opaci(vi)dade de um com a negolucidez do outro. Não existe a ilegibilidade do sentido porque ele sempre se lê em todos os sinais (não há sinais inocentes) mas sim a constante variabilidade e oscilação entre sentido literal, sentido metafórico, sentido visual-visual e transentido, tendendo para o tanszero da mensagem: transliteralidade da desleitura, para o próprio poético.”
“Os poemas resultam portanto da interação de três elementos: o indivíduo operador, o hardware e o software, interação sem a qual estes poemas não seriam possíveis. Se a noção convencional de autor é assim relativizada, deve salientar-se que é do autor que depende a condução e intencionalidade do processo criativo, tal como a aceitação ou recusa crítica dos resultados obtidos.”
A tentação da pergunta — mas afinal onde fica o eu do poeta? deve responder-se — fica onde sempre esteve, isto e, no eu do poeta. Mas agora esse eu se encontra potenciado pela sinergia com a máquina, o que vai marcar não só a dinâmica do processo criativo como as características estéticas das imagens assim obtidas.”
E. M. DE MELO E CASTRO em ALGORITMOS infopoemas 1998 São Paulo: Musa Editora, 1998.
CASTRO, E. M. de Melo e. O caminho do leve. The way to lightness. Porto: Museu Serralves – Museu de Arte Contemporânea, 2006. Catálogo da exposição: 10 de Fevereiro de a 30 de Abril de 2006. Ilus col. 22x31 cm. Fragmentos de uma entrevista concedida por E. M. de Melo e Castro, em maio de 2001, a Jorge Luiz Antonio que está no Catálogo às páginas 219 a 228, e na versão em inglês de 229 a 237. “Mas, de fato, a minha atitude criativa, minha atitude mental, emocional, se quiserem, é exatamente a mesma: eu tanto escrevo um soneto como faço um videopoema, ou faço, digamos um storyboard para um videopoema: é uma criação, se quisermos dizer, textual que, para o meu sistema de produção, não tem diferenças. Evidentemente que os meios de trabalho são diferentes, mas eu me refiro à atitude mesma.” (...) Eu insisto na palavra “poema”, justamente porque todo este processo, para mim, é um complexo processo de poiésis, no sentido grego mais rigoroso, isto é, o de fazer aquilo que ainda não foi feito.”
Uma das peças desdobráveis contidas na caixa ”OBJECTA” (1061-1968) com “poemas cinéticos” / “kinetic poems”.
CASTRO, E. M. de Melo e. apontamentos sinuosos. Póvoa de Santa Iria, Portugal: Lua de Marfim – Editora Unip. 2016. 96 p. 16x22 cm. Capa: Inês Ramos. Ex. bibl. Antonio Miranda
ABISMO à beira do abismo --------------------- aos 84
MINIDITIRAMBOS (fragmentos) * Pessoa disse-me: * (...) LIVROS PORTUGUESES – POESIA EXPERIMENTAL (VANGUARDAS II). Catálogo de venda de livros... Rio de Janeiro: Susanne Bach – Books from Brazil and Luso-Africa, 2021. 54 p. ilus. col. No. 10 231 Ex. bibl. Antonio Miranda
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia Ano XIX – NO. 28/29. Editor: Guido Bilharino. Uberaba, MG: 1999. 312 p. No. 10 883 * VEJA outros poetas visuais em nosso Portal:http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/poesia_visual.html Página ampliada em novembro de 2021
Página ampliada e republicada em maio de 2017. Ampliada e republicada em out. 2018.
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