DARÍO LANCINI
Há tempos buscava um exemplar do livro “OÍR A DARÍO” do poeta venezuelano publicado em 1975. Edição limitada, de difícil acesso. Mas a editora Monte Ávila Editores Latinoamericanos teve a feliz iniciativa de reeditar a obra em 2008, com 3.000 exemplares!!!
Trata-se de uma obra singular. Textos poéticos que o autor elaborou ao longo de um período longo, trabalhoso, meticuloso. Palíndromo é uma invenção latina. Textos que podem ser lidos da esquerda para a direita e, bustrofedicamente, com na escrita árabe, de trás pra diante... Capricho, extravagância, paciência. Já o título é um achado!! Oír a Darío... Darío é o autor, mas lembra o grande Rubén Darío. O poeta. E o título invoca o próprio autor.
Darío Lancini nasceu em Caracas em 1932 e faleceu em 2010.
De
Darío Lancini
OÍR A DARÍO
Caracas: Monte Ávila Editores, 2008
93 p. (Série Corcho) ISBN978-980-01-1873-9
A seguir, alguns dos textos palindrômicos para o deleite e diversão dos nossos leitores:
Yo hago yoga hoy.
*
Leí, puta, tu piel.
*
Adán no cede con nada.
*
Roma no cede con amor.
*
Adán aloja bajo la Nada.
*
¿Son ruidos acaso diurnos?
*
Son robos, no sólo son sobornos.
*
Adán no cede con Eva
y
Yavé no cede con nada.
*
Somos Adán y Eva,
Yavé,
¿Y nada somos?
*
Seas árbol
o dios
la fe
falso ídolo
brasa es.
*
ÁCIDA SAETA
Al abad anonadaba
la atea sádica.
*
ADÁN
¿Yo soy yo?... Dudo.
DIOS:
Ah, el ateo paranoico
me emocionará, poeta.
¿Le ha soído? Dudó y
yo soy nada.
*
AMOR AZUL
Ramera, de todo te di.
Mariposa colossal, sí,
yo de todo te di,
Poda la rosa. Venus,
El átomo como tal
es un evasor alado.
Pide, todo te doy: islã,
sol, ocaso, pirâmide.
Todo te dará: mar, luz, aroma.
Y seguen textos cada vez mais longos, mais complexos!! Incrível!
“Los palíndromos son estructuras, formas del linguaje — a veces poéticas, a veces lúdicas — que van y vienen sobre sí mismas en ambas direcciones del texto”, como diz a contracapa do livro. Mas não há como traduzir os palíndromos de uma língua para outra...
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