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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://www.enciclopedianordeste.com.br

 

DAILOR VARELA

(1945—)

 

Metalínguagem na pauta da informação, Cultura de massa&ingenuidade artística, O sincretismo dos Beatles, A alienação empacotada. Arte nova: violentação, Comunicação & linguagem: os títulos de alguns dos artigos de Dailor Varela publicados na imprensa natalense no período 1967/1970 dizem de seu papel e de sua importância na divulgação & fundamentação da vanguarda em terra nordestina, tomando-os justamente como projetos ideológicos (Macherey).

 

Começando á produzir por volta de 1962, já em 1964/65 a sua poesia se libertara dos vícios melodramáticos dos primeiros versos, impondo-se através de uma forma cabralina recriada nas fronteiras do discurso artístico. Com o poema/processo, Dailor Varela radicalizará suas posições, desfechando uma ação cultural de resultados quase sempre imprevisíveis, vivenciando a plataforma teórica do movimento de modo

assaz combativo. E poemas como signo (1967), incomumcabilidade (1968), scrash (1968), opinião (1968), não ao não (1968), cara x coroa (1969), opções (1969), pomo/gráfico (1970), aspas (1970), situações (1971), ponto/espaço (1972) e babel (1974) mostram a verdadeira face produtiva de Dailor Varela. Vejamos o primeiro.

 

 

 

O poema signo (figura acima) compõe-se de cinco estruturas circulares e propõe, dentro da mais aberta metassemiologia, a construção do signo como realidade semântica, estética e linguistica — a palavra visüaïisada do objeto-em-si tomado em sua significâncià primeira.

 

Decerto, a metassemiologia como se concretiza na prática semiológica operada por Dailor Varela não se reveste da mesma marcação teórica produzida por Louis Hjelmslev *, antes considera a possibilidade do discurso artístico como uma metalinguagem capaz de explorar a própria fundação da semiologia como ciência dos signos. O poema, então, faz-se metalinguagem para atingir o estágio metassemiológico. Em Hjelmslev, a

metassemiologia existe como uma semiótica da semiologia, tendo por esfera a sua terminologia. Em Dailor Varela, o espaço surge (estrutura n9 l) para dar lugar ao ponto (estrutura n. 2), que se amplia (estrutura n. 3), e se torna letrismo (estrutura n. 4), culminando com a palavra "signo" (estrutura n. 5), numa programação estética que se aproximaria daquela que Max Bense chama de topológica", embora os lances criativos aqui sejam puramente visuais. Note-se que as cinco estruturas são intercomunicantes, configurando o poema em três fases distintas: na primeira — as três estruturas iniciais — a programação topológica é mais

acentuada; na segunda intervém a letra como elemento do próprio espaço circular; na última intervém a palavra constituída como sistema linguístico — o signo do signo, a autocomunicação (o objeto referido é o

próprio signo). Conforme constatamos há pouco: mais do que um metapoema, signo estabelece as bases críticas de um metaproduto fundado na prática semiológica como tal. Ou seja, na prática semiológica voltada para o mecanismo comunicacional de uma operacionalidade autoprodutíva: um signo é um signo é um signo, parece dizer o poema desse autor norte-rio-

grandense nascido em Goiás."

 

* Louis Hjelmslev. Prolegómenos a una teoria dei lenguaje

Madrid, Ed. Credos, 1971, g. 167-169.

 

*Max Bense. "Poesia natural e poesia artificial". In: Invenção, W> 4. São Paulo, dezembro de 1964, p. 34-36.

 

* Sobre a poesia e os poemas de Dailor Varela, cf. Moacy

Cirne. "Dailor Varela: do verso ao poema/processo". In: Revista de Cultura Vozes, 2/1971, 2* edição, p. 82-84; Anchieta Fernandes. "A poética em Babel". In: Tribuna do Norte/TN Revista, Natal,

14/7/1974.

 

 

PORNO-GRÁFICO





Extraído de
MEDEIROS, J., org.  Geração alternativa - AnTilOGia pOÉtiCA PotIgurAR anos 70/80.  Natal, RN: Amarela Edições, 1997.   340 p.  16x22 cm. 

 

 

Fonte: http://www.enciclopedianordeste.com.br

 

VARELA, DailorDelírico.  São José dos Campos, SP:  Editora Observação Jurídica e literária, 2001.  93 p.  14x21 cm.   ISBN 85-88209-08-X     Col. A.M.

 

PORTO

O tempo gasta
água do amor
Maresia enferrujada
Beijo surdo
Cais calado.

 

FOTO

Estática memória
a foto espalha poeira
da família
pela casa.


POETAS

I
Deus passeava
nos Jardins de William Blake

II

João Cabral de Melo Neto
risca fósforos no mapa árido
de obsessiva geográfica.

 

ABCDÁRIO

    para Moacyr e Conceição de Góes

Brota no quadro
negro da fome
a palavra flor
que se alastra
tecendo sonhos
e utopias


COFRE

Tudo que se silencia
guarda-se no
cofre das palavras


VARELA, Dailor.  Do meu caderno amarelo.  Natal, RN: UFRN Editora Universitária, 112 p.  15x22 cm.  ISBN 857273015-X     Col. A.M. 


Balada noturna

Gomos de lua
cortam a noite
no rasgo das
madrugadas que
se alucinam
no clarão das
claras manhãs
de um verão
que se faz corpo
adormecido
na eternidade
do cotidiano.
Acordo para o dia
nos distorcidos
espelhos de cristal
que me ferem
o olho sonolento
e me atiro à vida
nas palavras que
calo.

 

Às mulheres

Lamber o sexo
Perfume de sabonete
Ar de verão
dentro da manhã de primavera
Sol no meio das coxas
território úmido
que escorre líquida
semente cheirando
a marisco
Maresia, mar,
Penetrável
ostra que pulsa
Orgasmo de marés.
Língua no falo.
Silêncio e falas
absurdas, toque noturno
que se faz brincadeira
Lúdico caminhar
na fronteira do corpo
sem fronteiras.
O espaço infinito
e metafórico do gozo
na vermelha boca
Risco sem pudor
Fantasia de letra
de eternos boleros.

 

VARELA, Dailor. Travessia.  Natal, RN: Fundação José Augusto, 1990.  100 p. ilus.  20,5X21 cm.  Capa: Marcelo Mariz.  Ilustração Evaldo Oliveira.  Col. A.M. 

 

CANTO

Caminharei
no cansaço da noite
para encontrar
para encontrar
teu grito
de ave solta
na leveza do ar.
Hoje
só quero
teu canto
me levando forte.


PALAVRA

Palavra,
tu de acordas
no acorde
da morte.

 

 

Página publicada em julho de 2013. 


 

 

 

 


 

 

 
 
 
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