BENTO TEIXEIRA
SONETO PER ECCOS
Os primeiros poetas brasileiros, em suas produções individuais ou através da participação nos atos acadêmicos, sejam eles autores já dotados de alguma personalidade criativa ou meros diletantes atraídos pela motivação competitiva, põem a mostra sempre uma vontade, uma destreza, uma volúpia de formatividade lúdica em que nada ficam a dever a seus parceiros portugueses no jogo barroco da poesia, compendiados na Fênix Renascida ou no Postilhão de Apolo. O Soneto Per Eccos de Bento Teixeira inaugura cronologicamente, ao fim do poema Prosopopéia, a preocupação entre nós com os efeitos de ordem visual no texto poético, somando-se ai os artifícios acústicos próprios desse tipo de composição e os recursos adicionais da arte tipográfica, a que não faltam o desenho ornamental das letras de título ou da capitular, as vinhetas internas ou de guarnição da pagina e os pequenos clichês ideogrâmicos da mão fechada com o indicador em riste".
BENTO TEIXEIRA PINTO. Prosopopéa. Com prefácio de Afrânio Peixoto. Publicações da Academia Brasileira. Rio de janeiro, Alvaro Pinto. Editor (Annuario do Brasil), 1923, p. 77.
NOTA: Em visita recente ao poeta Affonso Ávila, um dos nossos expoentes no estudo do Barroco mineiro e brasileiro, ao conversarmos sobre os Labirintos poéticos, ele informou ter publicado um estudo sobre estas composições. Conhecíamos apenas estudos portugueses, espanhóis e ingleses sobre o tema. O referido estudo constitui um dos capítulos (“O poeta é um jogador”, p. 117-138) da obra “O LÚDICO E AS PROJEÇÕES DO MUNDO BARROCO I – UMA LINGUAGEM A DOS CORTES – UMA CONSCIÊNCIA A DOS LUCES” 3ª. Edição, atualizada e ampliada; Rio de Janeiro: Editora Perspectiva, 1994. (Série Debates / Arte). Os parágrafos acima fora extraídos da obra citada, páginas 122-123.
Página publicada em fevereiro de 2010 |