POESIA BRASILIANA – POETI BRASILIANI
Traduzioni di Giampaolo Tonini
SILVIO CASTRO
Poeta, romancista, ensaísta, crítico literário e professor de literatura brasileira na Universidade de Pádua, na Itália, Sílvio Castro, organizando diversas antologias de autores nacionais na Europa, vem sendo um dos grandes divulgadores da literatura do país pelo mundo; além disso, a reconhecida ‘História da Literatura Brasileira’, dirigida por ele, ultrapassa os propósitos habituais das publicações afins, sendo, na verdade, uma ampla leitura do processo poético ao longo do tempo. É, porém, na interpretação da ‘Carta de Pero Vaz de Caminha’, primeiro documento escrito acerca do Brasil, que serve de ponto de partida para toda e qualquer pesquisa do descobrimento do país pelos portugueses, que o autor realiza o mais complexo e belo estudo sobre o lado europeu das raízes do povo nacional. Recorrendo aos poucos registros históricos existentes, e redescobrindo muitos deles em sua ampla pesquisa sobre a época, ele também se utiliza desse material para recriar o respectivo ambiente aventureiro e a perplexidade diante do Novo Mundo em um romance muito elogiado, inclusive, por Jorge Amado.
Obras: Infinito Sul (1956); As Noites (1958); Machado de Assis e a Cidade do Rio de Janeiro (1959); Tempo Presente (1961); Rachel de Queiroz e o Romance Nordestino (1961); Raiz Antiga (1965); Tempo Veneziano (1967); Campo Geral: Estrutura e Estilo de Guimarães Rosa (1970); A Revolução da Palavra: Origens e Estrutura da Literatura (1976); Teoria e Política do Modernismo Brasileiro (1979)
A Carta de Pero Vaz de Caminha (1987); Memorial do Paraíso — o Romance do Descobrimento do Brasil (1998); História da Literatura Brasileira (2000).
Fonte da biografia: http://pt.shvoong.com/books/biography
EM PORTUGUÊS / EN ITALIANO
Tempo veneziano n. 1
copo chuva
faca frio
colher neve
garfo quarto
copo faca colher garfo
mesa posta
chuva frio neve quarto
mesa bem posta
a solidão atrás
das coisas
na mesa posta
Tempo veneziano n. 5*
grita vermelha maçã
no corte louco da faca
que ataca louca rouca
a polpa doce e vermelha
bivermelha bimaçã
no prato azul de cobalto
direita o gesto parado
vermelho perdido e azul
esquerdo novo cobalto
azul no branco do corte
* la versione di questa poesia à dell´autore.
Viagem
Entre naufrágios viajo
na direção sempre da praça
transatlânticos de gentes e gaivotas;
e nesta praça recupero
o sabor salubre das correntes
que conduzem ao porto seguro.
Antes da viagem
Sou o piloto que nos mares fixa
indormido os vôos das velas;
melancólica e salgada esta barca
segue as correntes e as ondas
sabidas pelo piloto
de portos singraduras terras
e navegações cumpridas.
A praça de Veneza é o transatlântico
de gentes pombos e gaivotas
e o piloto de naufrágios retorna
à arca abandonada.
Rialto
pedra alada aberta
ao mundo
dois olhos de peixes
luzes
clara luz espelho d´água
mareando o destino
homem sonho acordado.
1964
Luz cor movimento
das águas e da gente
azul de cobalto em
olhos veroneses
casas azul parede —
grito vermelho o lento
gesto invenção —
amarela luz amarela
caminhos de Ticiano
ecos nas pautas do
fagote barroco.
Pensando em Malabase
Existe uma colina em Malabase
que não sendo necessariamente alta
dá a sensação de ser a mais alta
colina do mundo.
Por ela agora subo
e, enquanto meus passos se repetem
em modo indefinido,
caminho sempre fixando o cume;
e mais caminho
mais me distancio do cume.
Repetindo os passos pelo verde
da colina de Malabase
e fixando o cume sempre distante
reflito se os meus passos me conduzem
para a minha meta
ou se não estarei imóvel
neste lugar sem porto.
Os dias de Malabase
Os dias de Malabase são iguais
a todos os dias deste mundo:
amanhece, com sou ou
com chuva;
passam as horas, entardece,
desce a noite;
a gente senta-se à mesa,
vai ao teatro
ao cinema
à escola
ao estádio;
caminha, passeia, como toda gente
em qualquer parte do mundo.
Os dias de Malabase não são
nem mais tristes, nem mais alegres
que em outra parte do mundo.
Porém, estando em Malabase,
muitas vezes não se sabe
que dia é hoje.
Uma nuvem passa em nossos olhos
e já não podemos dizer
que dia foi ontem,
que domingo é este hoje.
Amor em Malabase
Para quem chega em Malabase
e, caminhando por suas ruas,
sente somente a distância da gente;
entrando em suas casas,
encontra o silêncio da gente;
sentando-se à mesa dos restaurantes,
come a monotonia da carne insípida,
pode pensar que não existe amor
em Malabase.
Porém, em Malabase o amor é forte:
homens e mulheres se amam
em todos os sentidos
e em todos os amores,
sem heterolimites.
Uma só coisa supreende o forasteiro:
é um amor total,
violento e fechado.
Como se os amantes de Malabase,
a cada gesto de amor,
atrás do gozo tocassem a morte.
Pelas ruas de Malabase
O forasteiro que chega em Malabase
e caminha pelas ruas,
mesmo caminhando em meio à gente,
pensa que não chegou,
pois o seu caminhar em meio à gente
é como se fosse um passeio solitário
entre árvores e campos natais
quando começa o entardecer.
Ele caminha em meio à gente
mas ninguém sabe que ele chegou
em Malabase.
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EN ITALIANO
SILVIO CASTRO
N. a Itaocara (Rio de Janeiro) il 26 novembre 1931. Poeta, narratore, saggista, critico litterario e d´arte. È laureato in Filosofia (1954) e in Giurispurdenza (1957); Dottore in Lettere e Libero docente in Letteratura brasiliana (UFRJ). Vive a Venezia dal 1962. Professore titolare di “Lingua e letteratura portoghese” dal 1964 all´Università di Padova, há ricoperto lo stesso insegnamento all´Università di Venezia e di Pavia.
Traduzioni di Giampaolo Tonini
Tempo veneziano n. 1
coltello pioggia
bicchiere freddo
cucchiaio neve
forchetta stanza
coltello bichhiere cucchiaio forchetta
tavola posta
pioggia freddo neve stanza
tavola ben posta
la solitudine dietro
le spalle
tavole
posta
Tempo veneziano n. 5*
mela vermiglia grida
nel taglio pazzo coltello
colpo rauco pazzo
polpa dolce e vermiglia
bivermigiia bimela
sul piatto blu di cobalto
a destra il gesto formato
vermiglio perduto e blu
a sinistra nuovo cobalto
blu nel bianco del taglio.
Viaggio
Tra naufragi viaggio
sempre in direzione della piazza
transatlantico di genti e gabbiani;
e in questa piazza Ricupero
il sapore salubre delle correnti
che conducono al porto sicuro.
Prima del viaggio
Sono il pilota che sui mari fissa
insonne i voli delle vele;
malinconica e salata questa barca
segue le correnti e le onde
consciute dal pilota
di porti rotte terre
e navigazioni compiute.
La piazza di Venezia è il transatlantico
di genti colombi e gabbiani
e il pilota di naufragi ritorna
all´arca abbandonata.
Rialto
pietra alata aperta
al mondo
due occhi di pesci
luci
chiara luce specchio d´acqua
govenando il destino
uomo sogno destato.
1964
Luce colore movimento
delle acque e della gente
azzuro cobalto in
occhi veronesi
case azzurro parete —
grido rosso il lento
gesto invenzione —
gialla luce gialla
cammini di Tiziano
echi tra i righi del
fagotto barocco.
Pensando a Malabase
Esiste una collina a Malabase
che non essendo necessariamente alta
dà la sensazione di esser la più alta
collina del mondo.
Per essa ora salgo
e, mentre i miei passi si repetono
in modo indefinito,
cammino sempre fissando la vetta,
e più cammino
più mi allontano dalla vetta.
Ripetendo i passi pel verde
della collina di Malabase
e fissando la vetta sempre distante
rifletto se i miei passi mi conducono
verso la mia meta
o se non saro immobile
in questo vagare senza porto.
I giorni di Malabase
I giorni de Malabase sono ugali
a tutti i giorni questo mondo;
si fa giorno, col sole o
con la pioggia;
passano le ore, si fa sera,
scende la notte;
ci si siede a tavola,
si va a teatro
al cinema
a scuola
allo stadio;
si cammina, si passeggia, come la gente
di qualsuisi parte del mondo.
I giorni di Malabase non sono
né più tristi, né più allegri
che in qualquiasi altra parte del mondo.
Però, stando a Malabase,
molte volte non si as
che giorno sai oggi.
Una nube cala sui nstri occhi
e non possiamo più dire
che giorno fosse ieri,
che domenica sai questo oggi.
Amore a Malabase
A chi arriva a Malabase
e, camminando per le sue strade,
sente solamente la distanza della gente;
entrando nelle loro case,
tgrovi il silenzio della gente;
sedendosi a tavola nei ristoranti,
mangia la montonia della carne insipida,
vien da pensare che non exista amoré
a Malabase.
Invece, a Malabase l´amore è forte;
uonimi e donne si amano
in tutti i sensi
e in tutti gli amori,
senza sterolimiti.
Una sola cosa sorprende il forestiero:
è um amoré totale,
violento e chiuso.
Come se gli amanti di Malabase,
a ogni gesto d´amore,
dietro il piacere toccassero la morte.
Per le strade di Malabase
Il forestiero che arriva a Malabase
e cammina per le strade,
pur camminando in mezzo alla gente,
pensa di non essere arrivato,
il suo camminare in mezzo alla gente
è come una passeggiata solitária
tra alberi e campi Natali
quando comincia l´imbrunire.
Egli cammina in mezzo alla gente
ma nessuno as che egli à arrivato
a Malabase.
Extraídos de POETI BRASILIANI CONTEMPORANEI a cura di Silvio Castro. Venezia: Centro Internazionale della Grafica, 1997.
Página publicada em novembro de 2008
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