POESIA BRASILIANA – POETI BRASILIANI
Traduzioni di Giampaolo Tonini
OLGA SAVARY
Olga Augusta Maria Savary n. a Belém, Pará, Brasile, il 21 maggio 1933. Poetessa, saggista e traduttrice. È giornalista.
Libri di poesia pubblicati: Espelho provisório (1970), Sumidouro (1977), Altaonda (1977), Natureza Viva (1982), Magma (1982), Hai-Kais (1986), Linha d´água (1987), Retratos (1989), Rudá (1994), Eden Hades (1994), etc.
[POETI BRASILIANI CONTEMPORANEI a cura di Silvio Castro, traduzioni i Giampaolo Tonini. Venezia: Centro Internzionale della Grafica di Venezia, 1997. (Quaterni Internazionali di Poesia – 1) Opera pubblicata con contributo del Ministério da Cultaura do Brasil / Fundação Biblioteca Nacional / Departamento
Nacional do Livro.
EN ITALIANO - EM PORTUGUÊS
Poesia
Come un uccello
la notte noon è tua
ma nei giorni
— troppo brevi per il volo —
maturi como un frutto.
Le tue ali seguono le stagioni.
È tua la curvatura della terra.
Riassunto
Parole, meglio dimenticarle,
inghiottendo tutto il sale del mare
in un unico pezzo.
Ritratto
Di maré il raro gusto d´arena sui denti,
di fiore solo il piacere di masticare il petalo:
c´è piatto più squisito pel poeta?
Vita
Vita è il suono
del no, del si, della zampa
del poeta: acrobata.
Poesia brasiliana
Iandára in tupi è mezzogiorno.
Iaciçuaçú è luna piena,
o come dicono i nostri indi:
Iacipirêra, luna calante,
è scorza di luna.
Quando prosaicamente diremmo
piove, essi dicono: o kyr amaná
= precipitano le nuvole.
Tanta poesia cosi non mi è difficile
amare un índio, signore della terra, dell´acqua.
Ancor di più io che nemmeno so il mio nome.
Destino
o chissà che nome avrà,
con vista sul maré? No, sulla vita.
E nessuna pista, all´infuori di: poema.
Poesia
Dove comincia e termina
essendo in tutto e in niente
esser all´origine: acqua.
Nheengáre-Í (canzancina)
Bambino ti amo tanto
chiuso cosi in questo cassetto.
Um giorno fosti Vecchio
oggi, più Giovane di un feto.
Bambino, tu sei il sigilllo,
il marchio più indelebile
e suggello sull mia fronte,
ceralacca di ferronel solaio
e di magma nello scantinato.
Bambino, guerriero mite,
ferro, fiera, marchia la fera,
batti i pugni sulla pietra.
Bambino, il uto duro occhio
di ferro, d´aacqua pura,
il tuo occhio azzurro di tenerezza,
bambino che io più amavo,
bambino dell´eterno amore.
Ehi, bambino, immaginiamo
di andare nella tua cità di pietra
nella tua cità ferro
volando come piume.
Bambino, amato uccello
messaggero del mattino,
tutta uma febbre di feltro
compresso nello sguardo denso
e nella parlata monosillabica,
venuta dalla montagna e dalla foresta
— ah accidenti geografici
che non riescono a contenere
l´immaginare immensi mari.
Curami*, cercare pitangas**
di ottobre a dicembre,
ridere di tutto, ridere del vento,
esprimere ogni linguaggio.
Bambino, parlare tupi.
Bambino, tutto abisso
ma abisso d´acqua chiara
nella magia che si diffonde
da quest´isola immaginata.
Bambino, bambino antico,
curumi, cosi ti amo:
suonare flauto di bambu,
ammansire tutti gli animali,
lanciare le trottole, giocare
con le palline, con i sassolini,
con te toccare il cielo
nel gioco della campana.
Bambino, caule del giorno,
quanto mi pesa nona verti,
Curumi, bambino amato,
incontrato e perduto
— o perduto prima d´averti avuto?
A Carlos Drummond de Andrade
nel giorno del suo compleanno.
Página publicada em dezembro de 2008
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EM PORTUGUÊS
Poesia
Como um pássaro
a noite não é tua
mas nos dias
— curtos demais para o vôo —
amadureces como um fruto.
Tuas asas seguem as estações.
É tua a curvatura da terra.
Resumo
Palavras, antes esquecê-las,
lambendo todo o sal do mar
numa única pedra.
Retrato
De mar o esquisito gosto de areia pelos dentes,
de flor só o prazer de mastigar a pétala:
iguaria há mais fina pra poeta?
Vida
Vida é o som
do não, do sim, da pata
do poeta: acrobata.
Poesia brasileira
Iandára em tupi é meio-dia.
Iaciçuaçú é lua cheia
ou como dizem nossos índios:
lua do rosto grande.
Iacipirêra, lua minguante,
é casca de lua.
O que prosaicamente diríamos
chove, para eles: o kyr amaná
= desabam as nuvens.
Tanta poesia assim não me é difícil
amar um índio, dono da terra, água.
Inda mais que eu nem sei meu nome.
Destino
ou sei lá que nome tenha,
com vista para o mar? Não, para a vida.
E pista alguma, a não ser: poesia.
Poesia
Onde começa e acaba
estando em tudo e em nada
estar na origem: água.
Nheengáre-Í (cantiguinha)
Menino, te amo tanto
preso assim nesta gaveta.
Um dia foste velho;
hoje, mais jovem que um feto.
Menino, tu és o solo,
a marca mais indelével
e sinete em minha fronte,
lacre de ferro no sótão
e de magma no porão.
Menino, guerreiro manso,
ferro, fera, ferra a fera,
fere os punhos na pedra.
Menino, teu olho duro
de ferro, de água pura,
teu olho azul de ternura,
menino que eu mais amava,
menino do sempre amor.
Oi, menino, imaginemos
ir para tua cidade de pedra
pra tua cidade ferro
com tua leveza de paina.
Menino, querido pássaro
mensageiro da manhã,
toda uma febre de feltro
represado no olhar denso
e na fala monossilábica,
vinda da montanha e da mata
— ah acidentes geográficos
não conseguindo conter
o imaginar grandes águas.
Curumí, catar pitangas
de outubro a dezembro,
rir de tudo, rir do vento,
declarar todas as gírias.
Menino, falar tupi.
Menino, todo um abismo
mas abismo de água clara
na magia que se espraia
desta ilha imaginada.
Menino, menino antigo,
curumi, assim te amo:
tocar flauta de bambu,
amansar todos os bichos,
pular carniça, jogar
bola de gude, pedrinhas,
contigo pisar o céu
no jogo da amarelinha.
Menino, caule do dia<
bem me importa não te ter,
Curumi, menino amado,
encontrado e perdido
— ou perdido antes de tido?
A Carlos Drummond de Andrade
em seu aniversário de 31 de outubro. |