POESIA BRASILIANA – POETI BRASILIANI
Traduzioni di Giampaolo Tonini
ARMANDO FREITAS FILHO
Armando Martins de Freitas Filho n. a Rio de Janeiro il 18 febbraio 1940. Poeta e narratore, esercita anchi il giornalismo ed è esperto di problemi culturali. Há participato attivamentealL movimento “Poesia Praxis”.
[POETI BRASILIANI CONTEMPORANEI a cura di Silvio Castro, traduzioni i Giampaolo Tonini. Venezia: Centro Internzionale della Grafica di Venezia, 1997. (Quaterni Internazionali di Poesia – 1) Opera pubblicata con contributo del Ministério da Cultaura do Brasil / Fundação Biblioteca Nacional / Departamento
Nacional do Livro.
EM ITALIANO / EM PORTUGUÊS
Il corpo
Acrobata rinchiuso
In invólucro di pelle
Senza nessuna rottura
Verso dove mi porta
La sua estruttura?
Dolce macchina
Con ingrenaggi di muscoli
Sospiri e cigolii
Lo spazzio divora
Il suo movimento
(Braccia e gambe
non a scoppio)
Congegno di febbre
Sonno e memoria
Che arma
E disarma la mia morte
in armatura di tenebra.
La felicita può essere di carne
La felicita può esser di carne
di pelle appena — corpo senza volto
né testa, ma com la bocca enorme
e molte braccia, seni, coscia
gambá musculosa, clavicola
scapola, ventre liscio teso
peloso nel posto giusto del sesso
e in più l´odore deciso, pentrante
dell´ascella, dell´inguine, del piede
che arriva tutto assieme, di colpo
o poco a poco, frammentato.
Capitale federale
La pianta nel piano
avanza nella´ampia
pagina dello spazio:
palma — altopiano
Spuntan dal suolo
bruto della selva
case e lamenti
nel caos di pece
le pietre si transformano
in palazzi: maquette
immacolato maquillage
di calce e di marmo
nel pattume e nel limo
l´intrico della vita:
i fili del lutto
le ferite della lotta
quadrifogli d´asfalto
e di respiro: intrecciati
tragitti tracciati
senza trégua: a squadra.
tende di teli
rotti: le vie
si aprono torte
nella terra battuta
palazzi di carta
bollata scenario:
luna di cartoncino
lago di cellofan
il popolo si ammassa
in case fastiscenti
in tuguri di paglia
sfibrata: capanne
monumento – movimento
di sole di pietra di
vento — si stampa
nella pagina dello spazio
schizzo di fango
sul bianco – macchia
arcia popolo
che sorgi dalla terra.
Ravel
Ogni telefono è terribile – Nero
guerrigliero, in ascolto nel salotto
appostato accanto al sofá
in agguato, in sella al suo gancio
sempre in attesa
con la sicura della bomba
già tra i denti.
L´unica via d´uscita è occuparlo
per non farlo esplodere
(per un pelo non ti posso afferrare da qui
neanche per i tuoi filiformi capelli
fermati prima di suonare
e di finire l´infinito).
Ogni terribili è telefono – Nero
in ascolto
guerrigliero in agguato
accanto al sofá
appostato nel salotto
in attesa della bomba
con la sicura tra i denti fuor d´ogni aggancio
occupante l´unica veja d´uscita
per non farlo esplodere
(non posso nemmeno per i capelli
prima che finisca e suoni
l´infinito, afferarti, per i filli, fermati
lì).
Comunicazioni
Io parlo di me – da qui -,
da questa centrale,
al microfono del corpo,
da qusto filo che viene dal fondo
io mi irradio:
cosi, in uma trasmissione di
sussulti e stridii,
artéria e voce – dal vivo – sotto tanto
sangue: pantera scarlatta
che passa e accelera
e se sfracella su questo suolo:
zampa di ceralacca,
grido! goccia sul bianco bersaglio
cosi tattile della mia carne,
sulle scene
instantanee del mio stupore
sulle finestre
dove mi affacio successivo
e vario, sequenza di me,
in fotoromanzi
mi manifesto – quadro per quadro,
nei disegni
all´interni di cio che sono e dhe proietto,
poco a poco, - piano e pausa -
all´esterno
con la vita che mi veste
alla rovescia:
- film di seme dove mostro
figure di sudore e celluloide,
in uma lamina
di rapidità e di ricordo,
in fotogrammi
di attese e posture – frammento,
foglio di slides-cellule, respiro
e polso,
pagina di pelle su cui scrivo
l´uso
l´articolata lettera del mio gesto,
l´abbozzo di rughe & raschiature
fatto a mano
sulle nette impornte del mio corpo
nello spazio,
e nelle distese luminose,
monogramma, siluetta, cadenza
e la voce
che si incide in questo nastro,
in questo solco:
- Il linguaggio come fine,
- il linguaggio per un filo,
e la morte in morse
Materia
Sembracche i secoli
abbian cura dei castelli
che sulle cime dei monti
sono il sogno delle pietre
o il desiderio delle nuvole.
Scrivere è una cava di pietra.
Se mi gettasi da qui
cadrei, forse
illeso
in corpo ridotto
sulla pagina di um giornale qualunque.
Scrivere è scolpire la pietra.
EM PORTUGUÊS
O corpo
Acrobata enrededo
Em clausura de pele
sem nenhuma ruptura
Para onde me leva
Sua estrutura?
Doce máquina
Com engrenagem de músculos
Suspiro e rangido
O espaço devora
Seu movimento
(Braços e pernas
sem explosão)
Engenho de febre
Sono e lembrança
Que arma
E desarma minha morte
Em armadura da treva.
A felicidade pode ser de carne
A felicidade pode ser de carne
de pele apenas — corpo sem cara
nem cabeça, mas com a boca máxima
e muitos braços, peitos, coxa
perna musculosa, clavícula
omoplata, ventre liso esticado
peludo no lugar certo do sexo
e mais o cheiro preciso, exaspero
da axila, virilha, pé
tudo chegando junto, de uma vez
ou aos poucos, esquartejado.
Capital federal
A planta no plano
avança na ampla
pauta do espaço:
apalpa – planalto
brotam do barro
bruto da brenha
casas e queixas
no caos de breu
as pedras se apuram
em prédios: maquette
imaculada maquillage
de cal e de mármore
no lixo e na lama
o novelo da vida:
as linhas do luto
os lanhos da luta
trevos de asfalto
e fôlego: trançados
trajetos traçados
sem trégua: a régua
tendas de toldos
rotos: as ruas
se rasgam tortas
na terra puída
palácios de papel
almaço – cenário:
lua de cartolina
lago de celofane
o povo se empilha
em casas capengas
em choças de palha
esgarçada: palhoças
monumento - movimento
de sol de pedra de
vento — se estampa
na página do espaço
borrão de barro
no branco — mancha
marcha multidão
crescendo do chão.
Ravel
Todo telefone é terrível — negro
guerrilheiro, à escuta na sala
disfarçado ao lado do sofá
à espera, no gancho
sempre na véspera
com o grampo da granada
já nos dentes.
A única saída é ocupá-lo
para que não estoure
(não posso te agarrar daqui
nem pelos fios dos cabelos
pare antes que toque
e o infinito acabe).
Todo terrível é telefone – negro
à escuta
guerrilheiro à espera
ao lado do sofá
disfarçado na sala
na véspera da granada
com o grampo nos dentes fora do gancho
ocupando a única saída
para que não estoure
(não posso nem pelos cabelos
antes que acabe e toque
o infinito, te agarrar, nos fios, pare
daí).
Comunicações
Eu falo de mim – daqui-,
desta central,
pelo microfone do corpo,
por esse fio que vem do fundo
eu me irradio:
assim, numa transmissão de
sustos e rangidos,
veia e voz – ao vivo – sob tanto
sangue: - pantera escarlate
que passa e pisa
e se espatifa nesse chão:
pata de lacre,
grito! Pingo sobre o alvo
tão tátil da minha carne,
nos panos
instantâneos do meu espanto
nas janelas
onde me debruço sucessivo
e vário, seqüência de mim,
em fotonovelas
me desdobro – quadro por quadro,
nos desenhos
de dentro do que sou e projeto,
aos poucos, - plano e pausa -
para fora
com a vida que me veste
pelo avesso:
- filmes de sêmen onde publico
figuras de suor e celulóide,
nua lâmina
de velocidade e de lembrança,
em fotogramas
de esperas e posturas – falha,
folhas de slides-células, sopro
e pulso,
página de pele em que escrevo
o uso
a articulada letra do meu gesto,
o rascunho de rugas & rasuras
feito à unha
nas nuas marcas do meu corpo
no espaço,
e nos lençóis da claridade,
monograma, silueta, cadência,
e a fala
que se imprime nesta fita,
neste sulco:
- a linguagem como um fim,
- a linguagem por um fio,
e a morte em Morse
Matéria
Parece que os séculos
cuidam dos castelos
que no alto das montanhas
são o sonho das pedras
ou o desejo das nuvens.
Escrever é uma pedreira.
Se me atirasse daqui
de uma de suas torres de marfim
cairia, talvez
inteiro
em corpo reduzido
na página de qualquer jornal.
Escrever é uma pedraria.
Página publicada em dezembro de 2008
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