| POESIA  INFANTIL / INFANTO-JUVENIL Coordenação de LILIANE  BERNARDES
 
 
  Vinicius de Moraes(1913 -  1980) Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes nasceu  no Rio de Janeiro e desde cedo demonstrou sua vocação para a poesia. Sua mãe,  Lydia Cruz de Moraes era exímia pianista, e seu pai, Clodoaldo Pereira da Silva  Moraes, poeta bissexto. Vinícius de Moraes recebeu o apelido de O Poetinha. Foi também diplomata,  jornalista e compositor.Sua obra é vasta, passando pela literatura,  teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais  parceiros Tom  Jobim, Toquinho, Baden Powell e Carlos Lyra.  A Casa  Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na Rua dos Bobos Número Zero ********
   Relógio  “Passa  tempo, tic-tac Tic-tac, passa, hora Chega  logo tic-tac Tic-tac, e vai-te embora Passa,  tempo Bem  depressa Não  atrasa Não  demora Que  já estou Muito cansado Já  perdi Toda  a alegria De  fazer Meu  tic-tac Dia e  noite Noite  e dia Tic-tac  Tic-tac Tic-tac.”   ********   O PingüimBom-dia, Pingüim Onde vai assim Com ar apressado? Eu não sou malvado Não fique assustado Com medo de mim. Eu só gostaria De dar um tapinha No seu chapéu de jaca Ou bem de levinho Puxar o rabinho Da sua casaca   ********   O ElefantinhoOnde  vais, elefantinho Correndo  pelo caminho Assim  tão desconsolado? Andas  perdido, bichinho Espetaste  o pé no espinho Que  sentes, pobre coitado? —  Estou com um medo danado Encontrei  um passarinho!   O LeãoLeão! Leão! Leão! Rugindo como um trovão Deu um pulo, e era uma vez Um cabritinho montês. Leão! Leão! Leão!
 És o rei da criação!
 Tua goela é uma fornalha
 Teu salto, uma labareda Tua garra, uma navalha Cortando a presa na queda. Leão longe, leão perto
 Nas areias do deserto. Leão alto, sobranceiro Junto do despenhadeiro. Leão na caça diurna Saindo a correr da furna. Leão! Leão! Leão! Foi Deus que te fez ou não? O salto do tigre é rápido
 Como o raio; mas não há Tigre no mundo que escape Do salto que o Leão dá. Não conheço quem defronte O feroz rinoceronte. Pois bem, se ele vê o Leão Foge como um furacão. Leão se esgueirando, à espera
 Da passagem de outra fera . . . Vem o tigre; como um dardo Cai-lhe em cima o leopardo E enquanto brigam, tranqüilo O leão fica olhando aquilo. Quando se cansam, o Leão Mata um com cada mão. Leão! Leão! Leão!
 És o rei da criação!
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 O PeruGlu! Glu! Glu! Abram alas pro Peru! O Peru foi a passeio
 Pensando que era pavão Tico-tico riu-se tanto Que morreu de congestão. O Peru dança de roda
 Numa roda de carvão Quando acaba fica tonto De quase cair no chão. O Peru se viu um dia
 Nas águas do ribeirão Foi-se olhando foi dizendo Que beleza de pavão! Glu! Glu! Glu!
 Abram alas pro Peru!   ********     Imagem:  criação de Luciano Hortencio   SÃO FRANCISCO   Poema  de Vinicius de Moraes 
   Lá vai São Francisco Pelo caminho
 De pé descalço
 Tão pobrezinho
 Dormindo à noite
 Junto ao moinho
 Bebendo a água
 Do ribeirinho.
     Lá vai São Francisco De pé no chão
 Levando nada
 No seu surrão
 Dizendo ao vento
 Bom dia, amigo
 Dizendo ao fogo
 Saúde, irmão.
     Lá vai São Francisco Pelo caminho
 Levando ao colo
 Jesus Cristinho
 Fazendo festa
 No menininho
 Contando histórias
 Pros passarinhos.
 
 
     Fonte:dicaspramamae.com/     A Arca de NoéSete  em cores, de repente O  arco-íris se desata Na  água límpida e contente Do  ribeirinho da mata. O  sol, ao véu transparente Da  chuva de ouro e de prata Resplandece  resplendente No  céu, no chão, na cascata. E abre-se a porta da Arca
 De  par em par: surgem francas A  alegria e as barbas brancas Do  prudente patriarca Noé, o inventor da uva
 E  que, por justo e temente Jeová,  clementemente Salvou  da praga da chuva. Tão verde se alteia a serra
 Pelas  planuras vizinhas Que  diz Noé: "Boa terra Para  plantar minhas vinhas!" E sai levando a família
 A  ver; enquanto, em bonança Colorida  maravilha Brilha  o arco da aliança. Ora vai, na porta aberta
 De  repente, vacilante Surge  lenta, longa e incerta Uma  tromba de elefante. E logo após, no buraco
 De  uma janela, aparece Uma  cara de macaco Que  espia e desaparece. Enquanto, entre as altas vigas
 Das  janelinhas do sótão Duas  girafas amigas De  fora a cabeça botam. Grita uma arara, e se escuta
 De  dentro um miado e um zurro Late  um cachorro em disputa Com  um gato, escouceia um burro. A Arca desconjuntada
 Parece  que vai ruir Aos  pulos da bicharada Toda  querendo sair. Vai!  Não vai! Quem vai primeiro? As  aves, por mais espertas Saem  voando ligeiro Pelas  janelas abertas. Enquanto, em grande atropelo
 Junto  à porta de saída Lutam  os bichos de pelo Pela  terra prometida. "Os bosques são todos meus!"
 Ruge  soberbo o leão "Também  sou filho de Deus!" Um  protesta; e o tigre — "Não!" Afinal, e não sem custo
 Em  longa fila, aos casais Uns  com raiva, outros com susto Vão  saindo os animais. Os maiores vêm à frente
 Trazendo  a cabeça erguida E  os fracos, humildemente Vêm  atrás, como na vida. Conduzidos por Noé
 Ei-los  em terra benquista Que  passam, passam até Onde  a vista não avista Na serra o arco-íris se esvai . . .
 E  . . . desde que houve essa história Quando  o véu da noite cai Na  terra, e os astros em glória Enchem o céu de seus caprichos
 É  doce ouvir na calada A  fala mansa dos bichos Na  terra repovoada.     AS BORBOLETAS
 Brancas
 Azuis
 Amarelas
 E pretas
 Brincam
 Na luz
 As belas
 Borboletas
 
 Borboletas brancas
 São alegres e francas.
 
 Borboletas azuis
 Gostam de muita luz.
 
 As amarelinhas
 São tão bonitinhas!
 
 E as pretas, então
                       Oh, que escuridão!       HUMOR. Caulos ,Carlos  Drummond de Andrade, Claudius, Ferreira  Gullar, Fortuna, Henfil, Jaguar, Juarez, Miguel, Millôr  Fernandes, Paulo Mendes Campos,  Redi,
 Rubem Braga, Vinicius de Moraes,  Zélio, Ziraldo. /Poetas e humoristas/      Apresentados por Mario Pedrosa. Coordenação  editorial e planejamento gráficoClaudius S. P. Ceccon.   S.l. Raízes Artes Gráficas, 1979. 33x51  cm.  Folhas soltas.   Tiragem:  1000 exs.  Patrocínio Banco do Brasil.  Ex. bibl. Antonio Miranda
                O pato   Lá vem o Patopata aqui
 pata acolá
 Lá vem o Pato
 Para ver o que é que há.
   O Pato patetaPintou o caneco
 Surrou a galinha
 Bateu no marreco
 Pulou no poleiro
 No pé do cavalo
 Levou um coice
 Criou um galo
 Comeu um pedaço
 De jenipapo
 Com dor no papo
 Caiu no poço
 Quebrou a tigela
 Tantas fez o moço
 Que
        Foipra
                   panela.   
 
 
 
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